Contei aqui que fiz a geléia de pêssego com especiarias da Agdá. Na verdade o que eu fiz foi uma compota de pêssego com especiarias, porque ficou tão espessa que só pode mesmo levar esse nome.
Nunca na vida tinha feito doce. Mas nestas rondas que por agora faço de feira e praça, onde falo com os agricultores e onde contacto mais com os hábitos das diferentes estações do ano, percebi a importância que, há anos, fazer compotas tinha nesta época. As frutas (e alguns legumes) estavam a acabar e ao mesmo tempo havia muitas, tantas que se estragavam antes de ser possível comê-las todas. No Inverno haveria muito menos fruta e o desperdício também era palavra proibida. E então, no fim do Verão, faziam-se compotas.
Não sei se na minha família alguma vez houve tradição de doce. Nunca foi coisa que eu comesse muito e à excepção de uma compota de morango ou framboesa era raro provar. A minha mãe gosta muito de doce de tomate, mas também não é ela que o faz. Por isso este hábito de transformar o fim do Verão nos doces que durariam até ao ano seguinte, mantendo a fruta (e o açúcar) presentes na mesa de Inverno, nunca fez parte da minha vida.
De onde, então, me veio esta quase necessidade de o fazer? Pois não sei. De um qualquer inconsciente colectivo, que todos temos, de saudades de umas raízes que não conheci e de um tempo que não vivi, talvez. Sei que mal vi a receita da Agdá soube que teria de a fazer – porque uma cisma é pior que uma doença. E se a paciência me falta, a teimosia sobra-me.
Comprei os frascos, bonitinhos (mas grandes demais), que esterilizei e guardei. Segui à risca a receita da Agdá, à excepção do gengibre, que não encontrei. Fiz 6 medidas de pêssego e 3 de açúcar. Rendeu-me quase 750ml de compota, três frascos. Um foi-se nas tarteletes, outro dei-o à minha mãe e o terceiro por cá anda, no frigorífico. Tem abrilhantado alguns pequenos-almoços, em que ao iogurte grego junto uma colher de sopa bem cheia do doce (que ficou espesso, espesso), ou a fazer lanches mais coloridos, sobre torradas.
Foi a primeira vez que fiz doce e deixei-o mais grosso do que o queria. Mas a cozinha cheirou a pêssego e a canela e a cravinho durante dias. E a satisfação de fazer doce foi maior do que a chatice que foi estar sobre a panela ao lume durante quase uma hora. Foi a primeira vez, mas não foi a última!
é tão bom,ainda porcima qd é feito por nós melhor ainda amiga,jinhossssssssssssss
Os doces e a marmelada fizeram parte da minha infância. O doce de tomate era sempre uma tentação.
Agora que começaste não vais querer deixar de te aventurar no mundo das compotas.
Bjs
Ao contrário de ti, durante a minha infância a minha mãe sempre fez doce de amoras e doce de tomate 🙂
Vais ver que depois à medida que vais fazendo vais acertar com o ponto. O importante é não desistir! 😉
Eu tenho memórias de doce na minha infância: doce de tomate. A minha mãe fazia todos os anos. Demorava um dia inteiro a fazer aquilo. Hoje diz que já não tem paciência.
Ainda hoje o doce de tomate é o meu doce preferido.
Este também ficou com um aspecto excelente.
Beijinhos.
Susana.
Eu também não tinha grandes memórias de compotas a não ser o doce de ginja da minha avó materna e o de pêssego da minha avó paterna. Nunca voltei a encontrar esses sabores nem nas compotas que tal como tu senti necessidade de começar a fazer.
Vais ver que com a prática começas a demorar menos tempo sobre a panela e a dominar melhor o ponto!
Eu, pelo contrário, tenho o hábito dos doces. A minha mãe sempre fez com a minha avó no fim do verão.
Normalmente comemos com as torradas e tostas, temos sempre mais que um aberto.
Por acaso de pêssego nunca fizemos! Vou guardar no delicious que nos mostraste! Dá muito jeito 😉
bjs, boa semana
o doce de peesego é óptimo em torradas ou então pa<ra cobertura de bolos tipo sacher