Há determinados países e culturas que me fascinam. Que me agarram, gastronomicamente falando, e que me deixam vontades e desejos de provar (quase) tudo. Que me fazem correr lojas atrás de ingredientes que cá não há, trazê-los ou encomendá-los de fora, pedir a quem vai passear um espacinho na mala para mim. Tudo para que as cores e os cheiros que vivem na minha cabeça tomem corpo e forma e possam ser saboreados. Viajo até aos confins da terra, nas páginas dos livros, no som das panelas e no cheiro das especiarias. Tudo sem sair da minha cozinha ou, às vezes, sem sair da minha cabeça.
Confesso que a cultura judaica nunca fez parte desta classe que me faz sonhar. Nunca tive grande vontade de saber mais sobre ela, de provar os seus sabores tradicionais, de conhecer os rituais que cumpre. Mas há coisas que não se explicam e há uns dias dei por mim a correr para a cozinha para preparar uma challah.
A challah é um pão entrançado, que faz parte do ritual do Sabbath e dos feriados religiosos na tradição dos judeus Ashkenazi. Comemora o manna caído do céu, que os alimentou quando fugiram do Egipto e andaram no deserto durante 40 anos.
A visão daquele pão entrançado e fofo e as saudades de fazer alguma coisa mais elaborada na cozinha levaram-me a querer fazer, provar e aprender mais.
Challah
(receita tirada daqui)
“Isco”
- 1 medida farinha
- 1 medida água
- 2 colheres chá de fermento biológico
Massa
- todo o isco
- 3 ½ medidas de farinha
- 1 ¾ colher chá de sal
- 1/3 medida de açúcar
- ¼ medida de óleo vegetal
- 2 ovos grandes + 1 gema (guarde a clara para pincelar)
Para pincelar
- 1 clara de ovo
- 1 colher chá de açúcar
- 1 colher sopa de água
- sementes de papoila
Para fazer o isco, misture a farinha, a água e o fermento numa vasilha grande (eu usei o recipiente da batedeira). Deixe repousar 45 minutos.
Acrescente todos os ingredientes da massa ao isco e amasse (à mão ou com a batedeira, se tiver um gancho de pão) até obter uma massa homogénea. Coloque a bola de massa numa tigela untada com óleo e deixe repousar 1 ½ a 2 horas, até que dobre de volume.
Vire a massa para uma superfície ligeiramente enfarinhada e dobre-a sobre si mesma uma ou duas vezes, para partir as bolhas de ar. Não amasse demasiado.
Divida então a massa em 4 partes iguais e estenda cada uma delas num cilindro comprido. Coloque-os sobre um tabuleiro forrado com papel vegetal ligeiramente pincelado com óleo e entrance (se tiver dificuldade, é fácil encontrar vídeos no youtube que mostram como o fazer).
Quando a trança estiver pronta, pincele-a com metade da mistura de clara de ovo, açúcar e água. Deixe repousar 45 minutos a 1 hora, até que tenha dobrado de volume.
Pré-aqueça o forno a 180ºC. Pincele novamente a trança com a mistura de clara de ovo e polvilhe com as sementes de papoila (se desejar). Leve ao forno até que adquira um leve tom acastanhado. A minha assou muito depressa, menos de 30 minutos.
Retire do forno e deixe arrefecer completamente, antes de cortar.
O cheiro na minha cozinha era uma perdição. Mal a cortei, vi que a massa era macia e fofa. Faz lembrar a nossa regueifa, em sabor, mas é muito mais fofa. Ainda morna, é uma delícia sem mais nada. Mas se for guardada num saco bem fechado, aguenta bem 3 ou 4 dias e pode ser saboreada ao pequeno-almoço, com doce. Eu tenho comido a minha com o maravilhoso doce de ruibarbo e morango da Suzana.
A challah foi uma agradável surpresa. Não é rápida de fazer, propositadamente para reflectir os 40 anos que os judeus passaram no deserto. Mas é divinal e voltará, com toda a certeza, a aparecer na nossa mesa.
Esse é meu pão favorito! O seu ficou lindo…
Beijos e bom final de semana!
Adoro. Devagar, o tempo vai prometendo tudo o que aí vem: cheiro pela casa, miolo fofo, água na boca. 🙂
Bjs
Adorei o pãozinho! Adoro este tipo e o seu ficou ótimo! Cheguei hoje ao seu blog e já está na minha lista de leituras, adorei!
Aproveito para te convidar a conhecer o meu blog, o Gourmandisme, e participar do sorteio de uma cesta de produtos Hershey’s!!
bem esta mesmo apetitosa esta fatia mariana. nunca fiz mas a tua descriçao deu vontade de experimentar tamebm
beijinhos
Adoro pãozinho doce, e esse tem um belo aspecto… Não tanto como os muffins de chocolate, mas valerá a pena experimentar 😉
O pão tem muito bom aspecto, estou “mortinha” para experimentar a receita! Já agora, onde é que posso adquirir as sementes de papoila??
Sofia, eu comprei as minhas no Modelo. Mas se não encontrar, tente procurar numa loja Celeiro, que encontra de certeza.
Obrigada pela dica!!
Boa noite!
Eu (@fernandaffp) gostaria de me apreentar como uma curiosa no quesito culinária. Tenho 20 anos, não sei fazer muita coisa, mas estou aprendendo! Há uns meses, eu e meu amigo, Fábio Senna (@sennasf), tivemos a idéia de criar um blog com receitas a base de miojo.
Fizemos a experiência e depois de 16 receitas, resolvemos publicar! E eu acredito que seja um blog, não tão sério como o seu e de tantas outras blogueiras e blogueiros, mas interessante, pois nunca vi nada parecido na internet.
Vim apresentar o blog pra você (http://vidaem3minutos.blogspot.com), pra quem sabe você dar uma conferida.
Espero que você goste e obrigada pelo seu tempo! :))
Olá Mariana! já fiz o pão e ficou óptimo!! E o cheirinho que se espalhou pela casa… huuummm!!
Se não se importar, irei publicar a receita no meu blog, com as devidas referências, é claro!!
Obrigada!!
Fiz a Chala e ficou ótima !!!
Todos adoraram e pediram
a receita !!!!!
Muito boa mesmo !!!!!
Deborah
Que bom, Deborah! Fico muito satisfeita 🙂
Vou tentar fazer por aqui e depois aviso como ficou. Tá bem explicativo. Valeu gente.