Já há algum tempo que deixei de cozinhar ao domingo à noite, de duas em duas semanas, a receita de 4 por 6 a ser publicada no dia seguinte. Era sempre uma correria, um stress, um não saber bem que fazer, os dois sentados na cozinha, um de computador, outra de faca. Comecei a guardar receitas que ia fazendo e que me pareciam encaixar-se nos princípios da ideia: receitas simples, baratas, equilibradas.

Confesso também que tenho tido muito menos tempo do que há umas semanas atrás e que, por causa disso, tenho repescado algumas receitas. Mas faço-o com critério e tento escolher sempre coisas que encaixem em termos da refeição como um todo e que, para além disso, sejam das minhas favoritas. Não há mal nenhum em recordar coisas boas e eu não sou nada apologista de não repetir receitas. Aliás, acho que, mesmo com os milhões de coisas novas que ainda não experimentei e que vou encontrando todos os dias pelo mundo culinário fora, nunca deixarei de comer arroz de atum, sopa de lentilhas ou lasanha de carne.
Para começar, a receita repetida: uma salada de legumes grelhados, fresca e bem temperada, como se querem as saladas. Gosto muito dela – para além de ser muito versátil, pode ser preparada com antecedência. Grelham-se todos os legumes e guardam-se no frigorífico, numa caixa bem fechada, até à altura de usar. Aguentam-se uns dois, três dias assim.

Salada de legumes grelhados
Ingredientes
- 1 beringela média
- 2 courgettes pequenas (são mais saborosas e tenras)
- 1 pimento vermelho médio
- 1 alface pequena
- azeitonas pretas
- azeite
- vinagre balsâmico
- sal
- alecrim
- hortelã
Corte a beringela, as courgettes e o pimento em tiras não muito grossas. Coloque-as numa vasilha e regue-as com um duas colheres sopa de azeite, sal grosso e alecrim picado. Envolva bem e grelhe (no forno, no grelhador de fogão ou no das tostas), de ambos os lados, até que estejam tenras mas não completamente cozidas. Retire, deixe arrefecer um pouco e corte em pedaços mais pequenos. Reserve.
Lave bem a alface, seque muito bem e corte em tiras. Coloque nos pratos, fazendo camas para os restantes vegetais.
Faça uma vinagrete com azeite, vinagre balsâmico e acrescente-lhe três ou quatro folhas de hortelã finamente picadas. Coloque então os legumes grelhados sobre a cama de alface, regue com a vinagrete e polvilhe com as azeitonas descaroçadas e cortadas em rodelas finas.

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Para prato principal, uma receita adaptada, outra vez, da Olive de Maio 2009. Acho que nunca uma revista me prendeu desta forma nem me fez fazer tantas receitas de um só número. Estou rendida.
A receita original usa ovos escalfados, coisa de que não sou muito fã. Então resolvi pegar nos ingredientes e fazer uma espécie de huevos rotos, de que gostamos muito.

Ovos rotos
Ingredientes:
- 600g de batatas novas
- 80g de bom chouriço (usei um de Barrancos muito saboroso)
- 6 ovos
- salsa
- azeite
- sal
Comece por preparar as batatas: corte-as ao meio e, se muito grandes, em quartos (eu usei batata nova, do género das fingerling). Coza-as então em água temperada com sal, até que estejam tenras mas nã completamente cozidas. Escorra bem e reserve.
Numa frigideira larga, aqueça 3 colheres sopa de azeite e frite as batatas que cozeu, virando para que dourem de todos os lados. Acrescente o chouriço cortado em tiras finas e deixe fritar 1 minuto, mexendo de vez em quando. Abra um espaço no centro, acrescente 1 ou 2 colheres de azeite e estrele os ovos, deixando a clara tostar ligeiramente dos lados, mas sem que a gema fique rígida. Desfaça-os então, com a ajuda de duas colheres de pau, e misture-os com as batatas e o chouriço. Sirva de imediato, polvilhado de salsa picada.

Não sendo propriamente saudável, deve ser comida em pequenas quantidades (e daí a inclusão de uma salada tão substancial, como entrada). Mas os sabores misturam-se e combinam tão bem que, ocasionalmente, é um pecado perdoável, uma pequena indulgência. Sabe-me sempre a Espanha, a tapas comidas em noite quente.
Para sobremesa, ainda há espaço no orçamento para umas cerejas, nacionais, que já andam por aí, doces e a saber a Verão.
E venham então as contas:

Não estão incluídos a salsa, o alecrim e a hortelã porque vêm directamente dos vasos na minha varanda. Os ovos incluídos são um pouco mais caros do que os ovos mais baratos do Continente porque são ovos de galinhas criadas em liberdade e ao ar livre. Normalmente compro ovos caseiros aos lavradores que encontro no mercado. Quando, por alguma razão, tenho de os comprar no supermercado, evito sempre os de aviário. Além de não serem tão nutritivos, são postos por galinhas engaioladas, que vivem em condições deploráveis. O sofrimento animal mexe muito comigo e, portanto, prefiro os ovos das galinhas felizes, como diz a Fer.
(nota: nas fotografias, a salada de legumes grelhados tem, para além de alface, rúcula. Aqui, por uma questão de preço, omiti a rúcula. Mas se houver espaço no orçamento, poderá incluí-la. Pode, inclusivé, enriquecer a salada, diminuindo a quantidade de alface e misturando outros verdes, como espinafres, canónigos, rúcula ou agriões)
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