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Archive for the ‘Azeitonas’ Category

Dizem que a ausência aumenta os amores fortes e diminui os fracos. Não acreditando muito nisso, confesso a secreta esperança de ainda ter, desse lado, quem se lembre do Caos e por cá vá passando, na esperança de novas minhas. Quase cinco meses, caramba, que saudades!

Por cá vivemos um mundo novo, muito pouco feito de cozinha. Alimentamo-nos à pressa e quase mais por necessidade do que por prazer. Visitamos os velhos favoritos, fáceis e rápidos, feitos quase em piloto automático. E damos voltas a alguns, tornando-os mais nutritivos – como esta sopa, com quinoa para além das lentilhas. Esforçamo-nos por não saltar refeições, mas o pequeno revolucionador de corações gosta pouco de dormir e o cansaço vence-nos repetidamente. Lá chegaremos, nós e ele. E a cozinha regressará, que a vontade já anda à espreita.

bolo de bacalhau 1

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Bolo de bacalhau

(inspirado neste da Laranjinha)

  • 1 posta de bacalhau
  • 100ml azeite
  • 50 ml óleo
  • 4 ovos
  • 150ml buttermilk (150ml leite + 1 colher chá de vinagre branco)
  • 250g farinha
  • 1 colher chá de fermento em pó
  • 12 azeitonas
  • ½ pimento vermelho
  • 1 molho pequeno de coentros, caules e folhas
  • 1 colher chá de sal

Numa panela pequena, confite a posta de bacalhau no azeite, deixando-a cozinhar durante 10 minutos em lume baixo, sem ferver. Retire o bacalhau e deixe ambos arrefecer. Quando estiver frio, desfaça o bacalhau em lascas. Reserve.

Pré-aqueça o forno a 180º. Pincele uma forma de bolo inglês com óleo e reserve.

Pique o pimento em cubos pequenos e reserve. Separe os talos dos coentros das folhas e pique os talos finamente e as folhas grosseiramente. Descaroce as azeitonas e corte em pedaços. Misture o leite e o vinagre e deixe repousar 10 minutos, para fazer o buttermilk.

Num recipiente, misture a farinha, o fermento e o sal. Acrescente o bacalhau, o pimento, as azeitonas e os coentros. Num outro recipiente misture o azeite em que confitou o bacalhau, o óleo, o buttermilk e os ovos. Junte esta mistura aos ingredientes secos e envolva bem, sem bater. Transfira a massa para a forma pré-preparada e asse por 30-40 minutos ou até que um palito inserido no centro saia limpo. 

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Este bolo é muito prático para aproveitar aquelas postas de bacalhau que acabam sozinhas no congelador – cá em casa acontece quase sempre. Em vez do pimento vermelho cru pode usar-se o assado, feito em casa ou de compra; era a minha ideia original, não concretizada por falta de ingredientes. É ideal para comer com uma mão enquanto a outra embala um bebé irrequieto ou, quando regressar o calor, para levar para um piquenique. 

 

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Ando rodeada de bimbys. Bimbys na blogosfera, bimbys na família, bimbys em casa das amigas mais chegadas. Do meu grupo do costume, sou a única não convertida. Não estou a planear arrependimento próximo nem a sonhar com tudo o que poderia cozinhar à velocidade da luz, se tivesse uma. A verdade é que, tirando 1 ou 2 funcionalidades, não há nada que a bimby faça que eu não faça sem ela.

Mas a bimby traz coisas boas a muita gente. A uma amiga querida, trouxe o gosto pela cozinha e pela descoberta de novas receitas. E ela, que detestava cozinhar, agora corre os blogs e as revistas e faz coisas que antes não se atreveria a pensar. Aos nossos jantares, que vão alternando entre uma bimby e outra, trouxe granizados de limão e champanhe (que ficam muito bem adaptados a morangos, hortelã e rum e feitos num liquidificador capaz de picar gelo) e novas discussões. Porque se para mim a bimby ainda é pouco mais do que uma fantástica picadora e uma máquina capaz de fazer leite-creme sem me obrigar a estar ali ao fogão (e só por isso até consideraria comprá-la, que quando distribuíram a paciência eu estava na fila do pão), para muita gente é o prazer de cozinhar e o passar a fazê-lo mais e melhor, em casa e todos os dias, com ingredientes frescos. E é, por isso, alimentar melhor a família, de forma mais saudável e mais sustentável.

O fenómeno bimby é, também, uma máquina bem oleada. Num piscar de olhos surgiram revistas, fóruns e blogs exclusivamente dedicados ao tema. E com a compra da máquina recebem-se livros de receitas e por cada amigo convertido, novo livro. Esquemas mais que testados e pensados, que fazem da bimby a nova coqueluche que toda a gente quer, mas que ajudam, também, a não deixar encostar o electrodoméstico mais caro do mercado e a fazer dele, efectivamente, parte da rotina de todos os dias.

Mas as receitas bimby não são exclusivamente bimby. E podemos pegar nelas e reproduzi-las em cozinhas bimby-free ou transformá-las, brincar com elas. Afinal, com ou sem bimby, o que importa é o gozo de cozinhar, de comer e de partilhar.

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Mini-bolas de linguiça, milho e azeitona

(receita adaptada de um dos livros da bimby)

  • 2 linguiças pequenas
  • 1 copo (200ml) de milho
  • 15 azeitonas pretas
  • 2 ovos
  • 100g óleo
  • 150g leite
  • sal
  • 250g farinha
  • 1 colher chá de fermento químico
  • parmesão para polvilhar
  • orégãos
Pré-aqueça o forno a 180ºC. Prepare um tabuleiro de muffins, untando muito levemente cada compartimento com óleo vegetal.
Prepare os ingredientes do recheio: corte as linguiças em cubos pequenos, descaroce e pique as azeitonas e descongele o milho em água quente (se usar congelado – eu prefiro).
Numa vasilha, com um batedor de varas, misture os ovos, o leite e o óleo. Acrescente a farinha, o sal e o fermento e misture bem. Acrescente a linguiça, as azeitonas e o milho, adicione uma pitada de orégãos e envolva tudo, de forma a obter uma distribuição relativamente equilibrada.
Coloque a massa no tabuleiro de muffins, polvilhe com parmesão ralado e leve ao forno, cerca de 20 minutos ou até que um palito inserido no centro saia seco. Não asse demasiado, que a massa tem alguma tendência a secar.
Retire do forno e do tabuleiro e deixe arrefecer sobre uma grade. Quando estiverem frios, guarde numa caixa bem fechada, para que durem mais tempo, sempre frescos.
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A grande vantagem deste tipo de receitas é o seu potencial. Os ingredientes podem ser os mais variados. Faça mini-bolas de queijo e noz, de bacon e tomate seco, de atum e pimento assado. Escolha ingredientes com pouco teor de água (por exemplo, o tomate fresco talvez não seja grande ideia), para não alterar a consistência da massa. E experimente. Varie as ervas, os legumes, o que quiser. Faça uma bola grande, em vez das mini-bolas, ou faça em forma de bolo inglês.
São ideais para levar de passeio, para os piqueniques que já apetecem ou para uma viagem longa que requer farnel. E são fáceis e boas e rápidas. Com ou sem bimby.

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comer com os olhos

Há dias em que não tenho receitas para partilhar. E dias em que tenho receitas mas as fotografias não saíram bem. E outros ainda em que há receitas e fotografias mas não há história.

Hoje não há história e o ecrã em branco olha para mim, ameaçador. Não há nada para contar sobre a descoberta desta receita. Nada para dizer sobre o dia em que a fiz pela primeira vez. Nada.

A não ser isto: estas empanadas são a melhor coisa que experimentei nos últimos meses. Fi-las pela primeira vez para o jantar de Ano Novo e foram a primeira coisa a desaparecer da mesa. A massa é deliciosa e transforma-se em folhas que esfarelam, ao assar. O recheio é familiar mas diferente. E as possíveis variações são tantas que não chega uma vida para as testar.

Portanto hoje não digo nada. Deixo que as imagens valham, realmente, mais que mil palavras.

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Empanadas de frango, chouriço e azeitonas

(receita do maravilhoso Smitten Kitchen)

 

Massa:

  • 4 ½ medidas de farinha
  • 3 colheres chá de sal
  • 225g manteiga bem fria, cortada em cubos
  • 2 ovos grandes (de preferência que não sejam de aviário)
  • 2/3 medida de água gelada
  • 2 colheres sopa de vinagre branco

Recheio:

  • 3 pernas de frango, com coxa (aprox. 1kg)
  • 1 colher chá de sal
  • 4 colheres sopa de azeite
  • 2 cebolas grandes, cortadas em meias-luas finas
  • 2 dentes de alho grandes, picados
  • 2 folhas de louro
  • 1/3 medida de chouriço picante, cortado em cubos pequenos
  • ½ colher chá de paprika
  • ¼ medida de azeitonas picadas
  • ½ medida de vinho branco
  • ½ medida de caldo de galinha
  • + 1 ovo para pincelar

 

Massa:

Peneire a farinha e o sal para uma tigela grande. Com a ponta dos dedos ou com um garfo misture a manteiga na farinha, até obter “migalhas” do tamanho de ervilhas. À parte, bata os ovos, a água e o vinagre com um garfo. Adicione à mistura de farinha e manteiga e incorpore com o garfo. Com as mãos, amasse ligeiramente, apenas até que tudo esteja unido. A massa vai continuar a esfarelar ligeiramente, mas quanto menos amassada melhor. Embrulhe em película aderente e coloque-a no frigorífico por, pelo menos, 1 hora.

(esta receita de massa faz o suficiente para 24 empanadas, enquanto o recheio é suficiente para apenas 18; congele o excedente da massa para outra ocasião)

Recheio:

Seque bem o frango (em folhas de papel absorvente) e polvilhe com sal (e, se gostar, pimenta). Numa panela larga, aqueça 2 colheres de sopa de azeite, em lume alto. Quando estiver bem quente (mas sem fumo) frite ligeiramente o frango, dourando-o de todos os lados, mas sem deixar cozinhar completamente. Transfira para um prato e reserve. Na gordura que ficou na panela, salteie a cebola, alho e as folhas de louro, mexendo frequentemente, até que as cebolas amoleçam (4-5 minutos). Acrescente então o chouriço e a paprika e cozinhe, mexendo sempre, durante 1-2 minutos. Adicione as azeitonas, o vinho e o caldo de galinha e deixe ferver, mexendo ocasionalmente e raspando todos os pedaços presos ao fundo da panela. Devolva o frango à panela, com todos os sucos que possa ter libertado no prato, e deixe cozinhar, em lume brando, durante 25-30 minutos.

Transfira o frango para um prato. O molho que fica na panela deverá estar bem grosso – caso não esteja, deixe reduzir, mexendo ligeiramente. Quando o frango estiver suficientemente frio, retire pele e ossos e desfie a carne. Retire as folhas de louro do molho e junte o frango, envolvendo bem. Acerte o sal e deixe arrefecer completamente.

 

Pré-aqueça o forno a 200ºC. Forre dois tabuleiros de forno com papel vegetal. Divida a massa em 18 pedaços iguais e estenda cada um deles num círculo (não muito fino – a massa porta-se melhor no forno se ficar menos fina).

Coloque 2 colheres de sopa de recheio em cada disco, dobre ao meio e feche bem, fazendo um bordo (com os dedos ou com um garfo). Transfira as empanadas para os tabuleiros preparados. Quando estiverem todas prontas, pincele com ovo batido. Leve ao forno até que estejam douradas (aproximadamente 25 minutos).

Transfira as empanadas para uma grade e deixe arrefecer. Sirva mornas ou à temperatura ambiente.

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Eu, nulidade que sou na arte de estender massas em círculos redondinhos, usei uma artimanha. Da última viagem trouxe na mala uma prensa de tortillas. Tortillas ainda não fiz, mas já usei a prensa para estender lindos círculos de massa. Estas massas de manteiga têm de ser pouco manipuladas, pouco enfarinhadas, pouco estendidas – para que os pedaços de manteiga não se percam totalmente na massa e derretam, ao assar, formando o efeito folhado que lhes dá leveza.

Estas empanadas são excelentes para um jantar leve, acompanhadas de uma salada. Ou para um piquenique, agora que os dias começam, finalmente, a ficar maiores. São também perfeitas para um daqueles jantares de amigos, em que cada um leva alguma coisa para partilhar. São óptimas quentes e frias. São deliciosas, ponto. E eu mal posso esperar para fazê-las outra vez.

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Às vezes o meu frigorífico é um armário de restinhos: um bocadinho de um queijo, umas nozes soltas, uma mão cheia de massa de pão. E esses restinhos às vezes não chegam para mais nada e pedem uso e olham-me dos seus cantos, de cada vez que abro o frigorífico. Mas um restinho, dois restinhos, três restinhos juntam-se e fazem um restão, grande e saboroso, que chega para uma refeição. Para um almoço rápido, um lanche elaborado, um jantar leve. Para deixar feliz a barriga e feliz a consciência, por não ter deitado nada fora.

E foi assim que, no outro dia, abri a porta do frigorífico e me deparei com um pedaço da massa de pizza da Hannah, que é aquela que tenho feito ultimamente. Era um pedaço pequeno, que não chegava para uma pizza. (Ou chegava para uma pequenina, mas apeteceu-me variar). Ao lado, umas folhas de rúcula, sozinhas e que, essas sim, não chegavam para uma salada. Umas azeitonas pretas, umas nozes, um naco de queijo, um cheddar suave. Agarrei neles todos e deitei mãos à obra.

pão recheado II

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Pão recheado

Massa de pizza

  • 3 ¾ medidas de farinha
  • 1 colher chá de fermento biológico seco
  • 1 colher chá de sal fino
  • 2 colheres sopa de azeite
  • 1 ½ medidas de água morna (quase fria)

Um bocadinho desta massa, do tamanho de uma laranja. Abri-a bem fininha, numa superfície enfarinhada, numa forma mais ou menos oval. Por cima, o queijo ralado grosso, as azeitonas e as nozes picadas, a rúcula, um fio de azeite, uma pitada de sal e umas folhas de manjericão, rasgadas à mão. Enrolei sem apertar e deixei levedar meia hora, para que a massa ficasse com mais ar.

pão recheado

Pincelei com azeite, dei-lhe umas tesouradas e assei depois em forno pré-aquecido a 200ºC, sobre um tabuleiro de forno também pré-aquecido, até estar inchado e dourado.

Retirei e deixei aquecer sobre uma grade. Depois fatiei e comi. E comi. E comi mais um bocadinho.

pão recheado III

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Estava bom. Muito bom. Aqueles ingredientes desgarrados, com ar de coitadinhos dentro do meu frigorífico mostraram toda a sua gratidão dentro do punhado de massa de pão. E agora agradeço-lhes eu, pela refeição.

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Há dias em que ser foodblogger é chato. Chato, pronto. Porque não é sempre que há paciência para cozinhar, parar tudo, montar cenário, fotografar e só depois, então, comer. Às vezes apetece ir logo para a mesa, sem pensar em ângulos, luz, background ou apresentação. Mas depois há o grilo falante, que nos “puxa” as orelhas: mas não achas que esta receita é boa para o blog? Que outras pessoas vão gostar? Deixa de ser preguiçosa, vá!

E eu deixo. Monto tudo, tiro dezenas de fotografias, todas à mesma coisa, faço esperar o marido e o estômago. Às vezes não vale a pena. Quase sempre, mais de 2/3 das fotografias são lixo. Mas é assim, é preciso tirar dezenas para conseguir aquela que vale a pena, que fica mesmo bem, que nos satisfaz.

Estas bolachas foram, até hoje, o meu maior dilema fotográfico. Fi-las num dia à noite, em que estava sozinha, para acompanhar uma sopa quente e reconfortante. A luz da noite é sempre uma desgraça para fotografar e, por isso, resolvi tratar das fotografias das bolachas no dia seguinte. Elas aguentavam-se bem e assim sempre tinha luz do dia.

Mas no dia seguinte só me apetecia, lá está, aquecer uma sopa, pegar nas bolachas e almoçar. Pensar em ter de as fotografar estava a fazer-me considerar não almoçar – guardo-as para amanhã, ainda estão boas e pode ser que a paciência fotográfica esteja de volta. É aborrecido, quando isto acontece. Quando só nos apetece pegar na bolacha, na sopa, na salada e comer, esquecer que existe blog, receita ou fotografia.

Mas o grilo, mais uma vez, falou mais alto. E eu levantei-me, montei as coisas, pus a sopa a aquecer e lá fui, máquina em punho, fotografar as bolachas. Das fotografias, aproveitei uma. Uma só. É quando basta, eu sei. Acho que as outras reflectiram o meu estado de espírito impaciente – e foram todas para o lixo.

bolachas de parmesão

Bolachas de parmesão, alecrim e azeitonas
(receita retirada daqui)

Ingredientes:

  • 1 medida de farinha
  • ½ colher chá de sal
  • 3 colheres sopa de queijo parmesão, finamente ralado
  • 1 colher sopa de alecrim fresco picado
  • 2 colheres sopa de azeitonas pretas, em fatias finas
  • 2 dentes de alho ralados
  • 3 colheres sopa de azeite
  • ¼ medida de natas
  • 1 colher sopa de leite (se necessário)
  • sal marinho para polvilhar

Pré-aqueça o forno a 200ºC.

Misture bem todos os ingredientes secos – farinha, sal, alecrim, parmesão, azeitonas e alho. Adicione o azeite e, com um garfo, misture tudo até que toda a massa tenha aspecto de migalhas.

Acrescente as natas e, com a mão, envolva. Se a massa estiver muito seca, acrescente um pouco de leite.

Estenda a massa numa folha de papel vegetal, que caiba na sua assadeira, até obter um rectângulo fino (pode usar um silpat em vez do papel vegetal). Pode precisar de enfarinhar o rolo à medida que vai trabalhando. Com uma faca ou cortador de massa, corte o rectângulo grande noutros mais pequenos, mas sem os separar – este passo é só para que, ao arrefecer, seja mais fácil partir a massa nas bolachas individuais. Salpique com sal marinho (ou outro à sua escolha) e leve ao forno até que estejam douradas.

Retire para cima de uma grade e deixe arrefecer.

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Eu assei as minhas no silpat e não fiquei muito feliz com o resultado. A cozedura não é igual, as bolachas não douram de forma homogénea. Por isso, prefiro estender a massa sobre papel vegetal, colocar numa assadeira e assar assim. Por mais prático que seja o silpat – e é -, em termos de forno não é a mesma coisa.

As bolachas são muito saborosas e são um excelente acompanhamento de uma sopa, esmigalhadas sobre uma salada ou mesmo servidas com tapenade de azeitona ou outro paté. São certamente receita a repetir, sobretudo dado o alívio de saber que da próxima as posso comer logo, sem ter de arranjar paciência para as fotografar. Foodblogger, às vezes, sofre!

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Já há algum tempo que deixei de cozinhar ao domingo à noite, de duas em duas semanas, a receita de 4 por 6 a ser publicada no dia seguinte. Era sempre uma correria, um stress, um não saber bem que fazer, os dois sentados na cozinha, um de computador, outra de faca. Comecei a guardar receitas que ia fazendo e que me pareciam encaixar-se nos princípios da ideia: receitas simples, baratas, equilibradas.

4por6

Confesso também que tenho tido muito menos tempo do que há umas semanas atrás e que, por causa disso, tenho repescado algumas receitas. Mas faço-o com critério e tento escolher sempre coisas que encaixem em termos da refeição como um todo e que, para além disso, sejam das minhas favoritas. Não há mal nenhum em recordar coisas boas e eu não sou nada apologista de não repetir receitas. Aliás, acho que, mesmo com os milhões de coisas novas que ainda não experimentei e que vou encontrando todos os dias pelo mundo culinário fora, nunca deixarei de comer arroz de atum, sopa de lentilhas ou lasanha de carne.

Para começar, a receita repetida: uma salada de legumes grelhados, fresca e bem temperada, como se querem as saladas. Gosto muito dela – para além de ser muito versátil, pode ser preparada com antecedência. Grelham-se todos os legumes e guardam-se no frigorífico, numa caixa bem fechada, até à altura de usar. Aguentam-se uns dois, três dias assim.

Salada de legumes grelhados II

Salada de legumes grelhados

Ingredientes

  • 1 beringela média
  • 2 courgettes pequenas (são mais saborosas e tenras)
  • 1 pimento vermelho médio
  • 1 alface pequena
  • azeitonas pretas
  • azeite
  • vinagre balsâmico
  • sal
  • alecrim
  • hortelã

Corte a beringela, as courgettes e o pimento em tiras não muito grossas. Coloque-as numa vasilha e regue-as com um duas colheres sopa de azeite, sal grosso e alecrim picado. Envolva bem e grelhe (no forno, no grelhador de fogão ou no das tostas), de ambos os lados, até que estejam tenras mas não completamente cozidas. Retire, deixe arrefecer um pouco e corte em pedaços mais pequenos. Reserve.

Lave bem a alface, seque muito bem e corte em tiras. Coloque nos pratos, fazendo camas para os restantes vegetais.

Faça uma vinagrete com azeite, vinagre balsâmico e acrescente-lhe três ou quatro folhas de hortelã finamente picadas. Coloque então os legumes grelhados sobre a cama de alface, regue com a vinagrete e polvilhe com as azeitonas descaroçadas e cortadas em rodelas finas.

Salada de legumes grelhados I

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Para prato principal, uma receita adaptada, outra vez, da Olive de Maio 2009. Acho que nunca uma revista me prendeu desta forma nem me fez fazer tantas receitas de um só número. Estou rendida.

A receita original usa ovos escalfados, coisa de que não sou muito fã. Então resolvi pegar nos ingredientes e fazer uma espécie de huevos rotos, de que gostamos muito.

4 por 6 25 Maio I

Ovos rotos

Ingredientes:

  • 600g de batatas novas
  • 80g de bom chouriço (usei um de Barrancos muito saboroso)
  • 6 ovos
  • salsa
  • azeite
  • sal

Comece por preparar as batatas: corte-as ao meio e, se muito grandes, em quartos (eu usei batata nova, do género das fingerling). Coza-as então em água temperada com sal, até que estejam tenras mas nã completamente cozidas. Escorra bem e reserve.

Numa frigideira larga, aqueça 3 colheres sopa de azeite e frite as batatas que cozeu, virando para que dourem de todos os lados. Acrescente o chouriço cortado em tiras finas e deixe fritar 1 minuto, mexendo de vez em quando. Abra um espaço no centro, acrescente 1 ou 2 colheres de azeite e estrele os ovos, deixando a clara tostar ligeiramente dos lados, mas sem que a gema fique rígida. Desfaça-os então, com a ajuda de duas colheres de pau, e misture-os com as batatas e o chouriço. Sirva de imediato, polvilhado de salsa picada.

4 por 6 25 Maio II

Não sendo propriamente saudável, deve ser comida em pequenas quantidades (e daí a inclusão de uma salada tão substancial, como entrada). Mas os sabores misturam-se e combinam tão bem que, ocasionalmente, é um pecado perdoável, uma pequena indulgência. Sabe-me sempre a Espanha, a tapas comidas em noite quente.

Para sobremesa, ainda há espaço no orçamento para umas cerejas, nacionais, que já andam por aí, doces e a saber a Verão.

E venham então as contas:

4 por 6 25 Maio

Não estão incluídos a salsa, o alecrim e a hortelã porque vêm directamente dos vasos na minha varanda. Os ovos incluídos são um pouco mais caros do que os ovos mais baratos do Continente porque são ovos de galinhas criadas em liberdade e ao ar livre. Normalmente compro ovos caseiros aos lavradores que encontro no mercado. Quando, por alguma razão, tenho de os comprar no supermercado, evito sempre os de aviário. Além de não serem tão nutritivos, são postos por galinhas engaioladas, que vivem em condições deploráveis. O sofrimento animal mexe muito comigo e, portanto, prefiro os ovos das galinhas felizes, como diz a Fer.

 

(nota: nas fotografias, a salada de legumes grelhados tem, para além de alface, rúcula. Aqui, por uma questão de preço, omiti a rúcula. Mas se houver espaço no orçamento, poderá incluí-la. Pode, inclusivé, enriquecer a salada, diminuindo a quantidade de alface e misturando outros verdes, como espinafres, canónigos, rúcula ou agriões)

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Cá em casa não comemos muita carne, mas também não comemos muito peixe. Nunca foi coisa de que gostasse muito e não me tenho esforçado para aprender a gostar. Ou para descobrir formas de o cozinhar de que goste verdadeiramente.

O meu peixe favorito não se pode comer (e não é a mesma coisa, já que não tem as qualidades do peixe fresco) e há muitas outras espécies ameaçadas, devido à super-exploração dos oceanos. Há peixes que não devemos comer, de acordo com a lista vermelha de peixes do Greenpeace. E sítios onde não devemos comprar peixe, como a maioria dos nossos super e hiper mercados, ainda segundo o Greenpeace, por não promoverem o consumo sustentável.

Posto tudo isto, o trabalho de aprender a gostar de peixe não fica nada facilitado. E se cedemos à facilidade, estamos a ser ecologicamente irresponsáveis. Mas como quero ser mãe um dia e acredito verdadeiramente que não posso exigir que as minhas crias comam algo que eu me recuse a comer, vou fazendo um esforço: por encontrar receitas, por comprar o peixe certo, no sítio certo, e por gostar. Se a receita for boa, esta última parte é fácil. Este foi o nosso jantar (receita para 2 pessoas):

peixe-mediterranico1

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Peixe espada em molho mediterrânico
(adaptada daqui)

  • 250g de peixe espada preto, cortado em bifes altos (eu pedi bifes, mandaram-me filetes…)
  • 1 cebola média
  • 2 dentes de alho
  • 2 tomates maduros, médios
  • ¼ medida de vinho tinto
  • ¼ medida de água + 2 colheres sopa de concentrado de tomate
  • folhas de manjericão fresco
  • azeitonas pretas
  • 2 malaguetas pequenas
  • sal
  • azeite

Numa panela de ferro, salteie, num fio de azeite, a cebola picada, até estar macia e translúcida. Junte o alho finamente picado e deixe fritar ligeiramente, sem queimar. Adicione os tomates cortados em cubos e diminua o fogo, deixando cozinhar uns 10 minutos. Junte então o vinho tinto, o concentrado de tomate dissolvido na água e as malaguetas picadas. Deixe cozinhar mais uns minutos.

Junte as azeitonas fatiadas e o manjericão cortado em tiras finas. Tempere a gosto, com sal. Coloque então o peixe na panela e envolva-o no molho. Tape a panela, baixe o fogo para o mínimo e cozinhe o peixe, 10 a 20 minutos, dependendo da grossura dos filetes (se conseguir bifes, precisará de mais tempo). Tenha o cuidado de não cozinhar demasiado o peixe.

Sirva sobre arroz branco (usei o basmati) e salpicado de manjericão fresco picado. Pode ainda servir com parmesão ralado, como sugerido na receita original.

peixe-mediterranico-ii

Optei por terminar a receita no fogão, em vez de o fazer no forno, porque usei a panela de ferro, que distribui bem o calor, e porque como tinha filetes em vez de bifes, queria poder vigiá-los mais de perto, para que não cozinhassem demasiado. Não usei azeitonas, porque o Zé não gosta, mas a meio do jantar lembrei-me delas e fui picar duas ou três para acrescentar ao meu prato e elas fazem, realmente, diferença: combinam lindamente com o molho, com o peixe e acrescentam uma outra camada de sabores diferente e inesperada.

Quanto ao prato, foi aprovado cá em casa e pode aparecer mais vezes. Mas não da próxima vez, porque para essa o meu querido marido já fez saber que ou é a moqueca prometida há semanas ou há sarilho. Lá será moqueca, então.

 

Nota: o Luís, do blog Outras Comidas, chamou-me a atenção para o facto de o peixe da receita original não ser peixe-espada, mas sim espadarte. Eu li swordfish e a cabeça registou peixe-espada e não tive o cuidado de verificar. Peço desculpas pelo facto – e é, realmente, impossível tirar bifes do peixe-espada. Estas trocas todas tiveram, no entanto, uma vantagem: o peixe-espada preto é de pesca sustentável, o espadarte faz parte da lista vermelha. Portanto, a fazer façam-na com peixe-espada – que eu garanto que fica delicioso. Obrigada, Luís!

 

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Em Amsterdam comi maravilhosas sanduíches vegetarianas. Uma, com pasta de lentilhas e tomate seco, recheada com legumes grelhados e mozzarella fresca, hei-de repetir até acertar. Foi comida num almoço rápido, acompanhada de um chá gelado feito na casa, daqueles quase à americana, sentados à janela aberta numa das 9 ruas, uma das zonas mais bonitas de Amsterdam.

Depois de 5 dias sem ter de cozinhar nem pensar muito no que seria o almoço ou o jantar, voltei com preguiça mental. Só me apetece pegar num menu laminado e escolher uma sanduíche vegetariana, um copo de chá ou de sumo, sentar-me e vê-lo aparecer. Infelizmente cá por casa nem cozinheiro nem jardineiro (não que haja jardim), portanto é preciso arregaçar as mangas e ir para a cozinha.

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Tinha no frigorífico um pedaço de massa de pizza. Mas não me apetecia pizza. Resolvi fazer umas sanduíches-calzones-coisas improvisadas, rápidas e saborosas. Ficaram uma pálida sombra das de Amsterdam, que eu queria homenagear, mas mesmo assim ficaram bem saborosas.

No processador, fiz um pesto rápido com folhas de hortelã e amêndoas não peladas, um pouco de parmesão, um dente de alho e (pouco) azeite. Juntei duas ou três folhas de uma couve tenrinha que ainda havia no frigorífico.

Estendi a massa bem fininha, em dois discos. Barrei ambos com o pesto, a um juntei cenoura ralada e ao outro 3 azeitonas picadinhas. Enrolei, fiz uma rosca e achatei. Levei ao grelhador-das-tostas-mistas, bem quente, e fui achatando à medida que ia cozinhando. Virei a meio e achatei mais um bocadinho. Quando já estavam bem douradas e achatadas, de ambos os lados, retirei e comi.

pao-de-pesto

Devia tê-las feito mais lentamente, ficaram um bocadinho de nada mal cozidas por dentro. As de cenoura tinham pouco sabor, mas as de azeitona eram deliciosas. Sentei-me com elas, enquanto revia as fotografias de Amsterdam e tentava escolher as histórias para vos contar. De repente reparei que tinha uma sanduíche vegetariana numa mão e Amsterdam a entrar-me pelos olhos dentro. Não era a mesma coisa, mas era o mais parecido possível. E foi o bastante.

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Era hora de almoço e a barriga a dar horas. Não havia sopa, não havia pão, não havia das tortillas que há sempre. Não me apetecia ter trabalho e o estômago queixava-se.

A cabeça fugiu para uma salada de orzo que tinha visto e as mãos puseram água a ferver. Entretanto, a meio do caminho, lembrei-me que havia arroz no frigorífico, que tinha sobrado e que era preciso comer – detesto deitar comida fora. O orzo transformou-se assim, em arroz, e a salada foi-me saindo das mãos sem a cabeça pensar muito.

salada-de-arroz-ii

Numa frigideira com um fio de azeite e um dente de alho picado bem fininho, salteei ligeiramente dois corações de couve, comprados na praça, de couves que não tinham crescido e começaram a espigar. Cortei-os em tiras fininhas e passei-os no azeite. Uma cenoura em palitos igualmente finos, diagonais, e uns minutos de calor, não muito para que se mantivessem crocantes. Entrou o arroz, uma medida mal cheia. Pouco tempo na frigideira, só para lhe tirar o frio do frigorífico e o deixar absorver os sabores. Passei tudo para uma taça e reservei. A frigideira voltou ao fogo e nela umas amêndoas, com casca, cortadas em lâminas grosseiras, para que torrassem ligeiramente. Amêndoas para a taça, mais umas quatro azeitonas descaroçadas e picadas. Duas colheres bem cheias de azeite, sumo de meio limão, muita salsa picada (da próxima vez, hortelã em vez de salsa). Bater até emulsionar e deitar sobre a salada. Misturar bem, uma pitada de flor de sal e servir.

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A salada soube-me a sol na pele, a países quentes do médio oriente. Comi sentada ao sol, livro na mão, acompanhada de um sumo de ananás com hortelã, o meu preferido.

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Seja porque estou a chegar do ginásio e não me apetece mais nada, seja porque não quero cozinhar só para mim, ultimamente tenho feito almoços muito leves e rápidos, que me deixam sem fome mas não pesada.

Um destes dias, com uma alface e rúcula no frigorífico mas sem vontade das saladas costumeiras, abri a caixa fria em busca de inspiração. De lá saíram uma beringela, uma courgette, um pimento vermelho, azeitonas pretas e as já mencionadas folhas verdes.

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Cortei umas quatro ou cinco fatias finas de courgette e de beringela, umas 3 de pimento vermelho e temperei-as todas, num prato, com azeite, alecrim (muito pouco!), sal e alho em pó. No grelhador de prensa, aquele em que fazíamos tostas mistas quando chegávamos a casa depois das discotecas, grelhei as fatias dos legumes, com a prensa fechada para ser mais rápido. Quando já estavam levemente grelhados mas sem estarem completamente cozidos (uns 2 ou 3 minutos, se tanto) retirei-os do grelhador, cortei-os em pedaços mais pequenos e retornei-os ao prato de tempero, onde ainda havia um pouco de azeite e ervas. Juntei-lhes umas folhas de hortelã finamente picadas e misturei bem. Entretanto lavei a alface, sequei-a bem e cortei-a em tiras. Juntei-lhe um pouco de rúcula e mais hortelã bem picada. Temperei com um fio de azeite e outro de balsâmico e uma pitada de sal. Coloquei estes verdes num prato e, sobre eles, os legumes grelhados e 3 ou 4 azeitonas, o suficiente para dar sabor às garfadas.

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Comi na varanda, ao sol que se fazia sentir, apesar do frio. O sabor da hortelã avivou-se com o calor dos legumes e todo o prato libertava um suave perfume que me enchia as narinas enquanto comia. A repetir, sem dúvida. Deliciosa!

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