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Archive for the ‘Compota’ Category

Hoje é o dia em que milhares de pessoas por todo o mundo se juntam à volta do forno. Mais do que lambuzar os dedos e mostrar dotes culinários, é um dia que se faz pela partilha – das coisas boas, dos afectos, dos momentos doces. É um dia bom para motivar os mais reticentes, empurrá-los para a cozinha e deixá-los provar que jeito todos temos e que tudo o resto se aprende.

World Baking Day

Hoje é o World Baking Day e eu não quis deixar de participar. Porque poucas coisas cheiram tanto a casa como um bolo no forno ou um pão acabado de assar.

pb&j muffins 2.

Muffins de manteiga de amendoim e compota de framboesa

(receita adaptada daqui)

12 muffins grandes

  • 210g farinha
  • 100g açúcar amarelo
  • 1 colher chá de fermento
  • 1 colher chá de bicarbonato de sódio
  • ½ colher chá de sal
  • 1 colher chá de extracto de baunilha
  • 60ml óleo vegetal
  • 260g manteiga de amendoim cremosa
  • 1 ovo grande
  • 235ml leite
  • 160g compota de framboesa

Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte ou forre com forminhas de papel um tabuleiro de muffins ou 12 formas individuais. Reserve.

Num recipiente grande, misture a farinha, açúcar, fermento, bicarbonato e o sal. Faça um buraco no centro e adicione o ovo, extracto de baunilha, óleo, manteiga de amendoim e leite, mexendo bem até que a massa fique homogénea.

Encha as formas de muffin até 1/3 da sua altura. Com uma colher levemente untada com óleo, faça uma concavidade na massa e coloque 2 colheres de chá de compota. Acrescente mais massa, até que as formas estejam cheias até 2/3.

Leve ao forno por 18-20 minutos ou até que um palito inserido na massa saia limpo (se atravessar a zona da compota sairá sempre húmido).

pb&j muffins 1.

Estes muffins jogam com a tradicional combinação de peanut butter & jelly de que os americanos tanto gostam e deixaram-me intrigada mal os vi. Até há pouco tempo era um par que, à partida e sem ter provado, me deixava reticente. Um dia resolvi misturá-las entre duas bolachas e percebi o encanto – o salgado da manteiga de amendoim com o doce da compota fazem um jogo de sabores muito interessante e diferente. No original, a compota é, na verdade, geléia de uva, mas a improvisação é a mãe da criatividade e compota de framboesa funciona muito bem. São uns muffins densos, óptimos para um pequeno-almoço volante de dias atarefados ou para saborear numa tarde de domingo como a de hoje, partilhados com amigos gulosos.

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Encontrar formas interessantes de comer dentro de um orçamento limitado é um desafio. Mas pode ser um desafio interessante, se olharmos para ele assim. A criatividade é a nossa ferramenta mais importante, aqui. Mais do que saber onde comprar barato, aproveitar promoções ou aproveitar ao máximo tudo o que entra na nossa cozinha. Porque sem criatividade, acabamos a comer as mesmas coisas semana após semana após semana. E por mais saboroso que seja o prato, acaba por cansar.

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Por isso quando vi esta receita, que me pareceu tão simples, fiz logo umas contas rápidas para ver se a conseguia incluir na minha próxima sugestão 4 por 6. E consegui!

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Tiras de porco à chinesa com arroz basmati

Ingredientes:

  • 500g bifes ou bifanas de porco (com pouca gordura)
  • ½ pimento vermelho grande ou 1 pequeno
  • 4 ou 5 cebolas verdes (spring onions) ou 1 alho francês
  • 3 colheres sopa de compota de pêssego (ou de alperce ou de laranja)
  • 2 colheres sopa de mel
  • 1 colher sopa de molho de soja
  • 1 colher chá de óleo de sésamo
  • 1 colher chá de gengibre ralado
  • 1 dente de alho ralado
  • 1 malagueta pequena
  • sal
  • óleo
  • 200g arroz basmati

Comece por preparar a marinada: misture a compota, o mel, o molho de soja, o óleo de sésamo, o gengibre e o alho ralados e a malagueta finamente picada. Junte uma pitada ou duas de sal e misture bem. Corte então a carne em tiras e mergulhe-a na marinada, envolvendo bem cada pedaço. Deixe repousar 15 a 20 minutos.

Entretanto corte o pimento em tiras finas e as cebolas verdes em fatias diagonais. Reserve 1/4 das cebolas para polvilhar na altura de servir.

Aqueça uma colher de sopa de óleo numa frigideira. Quando o óleo estiver bem quente coloque a carne com toda a marinada que houver na vasilha. O truque, segundo a receita original, é não mexer demasiado, para que a carne cozinhe e o molho caramelize. Quando vir, pelas laterais das tiras, que a carne está a começar a ficar branca, vire. Acrescente agora o pimento e as cebolas verdes e deixe cozinhar. De vez em quando mexa e envolva tudo muito bem. Tenha cuidado para não cozinhar demasiado o porco, já que este pode ficar com textura de borracha.

Sirva com arroz basmati, cozido em água e sal (de acordo com as instruções da embalagem). Pode aromatizar o arroz com um pouco de gengibre, mas eu prefiro-o com um sabor mais neutro, a contrastar com os sabores fortes da marinada do porco.

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A carne estava muito saborosa e a marinada foi definitivamente aprovada cá em casa. Os pimentos e as cebolas verdes acrescentaram um contraste crocante e fresco e o arroz basmati, apesar de neutro, tem sempre aquele sabor especial. O Zé adorou e eu sei que esta receita, fácil e rápida, vai aparecer mais vezes à nossa mesa.

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Para a sobremesa, uma receita repetida, mas que faz uso dos morangos que andam por aí, tão doces e suculentos. Pode usá-la para aproveitar aqueles morangos quase passados ou para comer os verdes, ainda pouco doces.

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Strawberry Fool

  • 400g morangos
  • 200ml natas
  • 200g iogurte grego
  • açúcar em pó (a gosto)

Ponha os morangos cortados em quartos numa taça e polvilhe com açúcar em pó (a quantidade vai depender da doçura dos morangos, mas é aconselhável que os deixem bem docinhos, já que as natas e o iogurte não vão levar açúcar). Deixe macerar meia hora, no frigorífico. Triture-os então com a varinha mágica (ou com um garfo, se gostar de pedaços mais inteiros, como eu) até obter um puré.

Bata as natas até estarem quase em chantili. Acrescente o iogurte e bata novamente, misturando tudo muito bem. Junte então o puré de morango e misture à mão, até que esteja o mais homogéneo possível. Distribua por taças ou chávenas bonitas e leve ao frigorífico cerca de duas horas.

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Vamos, então, a contas:

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Todos os ingredientes da marinada encontravam-se já na minha cozinha. Foi, portanto, por aproximação que apresentei o preço dos mesmos. Não encontrei preço do gengibre nem do óleo de sésamo. O primeiro é barato e a quantidade usada é tão pequena que o valor é quase irrisório. O óleo de sésamo é mais caro e encontra-se sobretudo nas lojas de produtos naturais e dietéticos, mas é um bom investimento, já que, se guardado no frigorífico, dura imenso tempo e é excelente para dar sabor a pratos rápidos preparados no wok, como stir fries.

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Dica de poupança: o açúcar em pó é sempre mais caro do que o açúcar normal. Além disso, é raramente usado e pode acabar por se estragar, mesmo sendo vendido em pacotes mais pequenos. Se tiver em casa um moínho de café, daqueles eléctricos (ou mesmo um bom processador) pode fazer açúcar em pó a partir do açúcar branco comum e evitar a desnecessária diferença de preço, bem como ficar com mais um pacote na cozinha. Quando precisar novamente, é só pesar o açúcar cristal e moer bem no moínho de café.

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Ano novo, vida nova. Mas essa minha vida nova começou já em Outubro, ainda que só agora me esteja a adaptar verdadeiramente a ela. O regresso ao ginásio era necessário apesar de desagradável. Nunca gostei de ginásio, de fazer exercício. Não me importo de o fazer se estiver distraída, mas o ritual de fazer o saco, ir enfiar-me num ginásio cheio de gente para fazer coisas horríveis e desagradáveis em frente a 300 outras pessoas, suar, ficar toda vermelha ao fim de 2 minutos (esteja a fazer o mais pesado ou o mais leve dos exercícios), tomar banho, vestir-me num balneário gelado, meia molhada, com o cabelo a pingar, para vir embora, desfazer o saco e no dia seguinte recomeçar tudo outra vez nunca foi a minha ideia de diversão. E não entendo os maluquinhos do ginásio, aqueles que vão para lá antes do trabalho ou no fim do dia, felizes e contentes, que saem de lá como se tivesse sido a melhor hora do dia e não faltam nem que seja feriado – sinceramente, para mim são pessoas com sérios problemas e eu recomendaria acompanhamento psicológico urgente.

À luz deste meu luminoso humor para tudo o que se relaciona com o ginásio, é óbvio que as sessões naquelas máquinas de tortura, com nada além do mp3 para evitar o enforcamento voluntário numa delas, estavam foram de questão. Portanto havia que encontrar alternativas que me fizessem desgostar um pouco menos do faz saco-tira roupa-veste roupa-corre sua sofre-toma banho-veste roupa-foge dali. E encontrei. Tenho feito coisas diferentes, como andar de bicicleta dentro de água (hidrobike) ou misturar tai chi, pilates e yoga, tudo regado a muito banho turco no fim e a um bom duche de água quase fria. E encontrei um ginásio com aulas sem ser ao fim da tarde, para poder fugir às multidões – apesar de apanhar as criancinhas das aulas de natação dos infantários – porque é que não há educadores homens para os corrermos todos do balneário das mulheres??

E com isso tenho saído de casa de manhã (ou ao fim dela), em direcção a coisas menos stressantes, que funcionam para mim e fazem do ginásio algo mais próximo do prazer  suportável que do sofrimento. Portanto, alguns pequenos-almoços têm sido reforçados, uma vez que não vou comer nada até à hora de almoço ou que o almoço vai ser tardio. E esta tem sido uma opção muito agradável nestes dias de agarrar no saco e sair porta fora.

breakfast

Comprei no supermercado do El Corte Ingles um balde de 1litro de iogurte grego (que ficou muito mais barato do que os potinhos individuais, além de mais ecológico em termos de embalagens). No copo da varinha mágica, bati 2 colheres de sopa generosas de iogurte grego, 1 banana e 1 colher de sobremesa de compota de pêssego do Verão passado. Passei para uma taça e polvilhei 3 nozes partidas em pedaços. Comi sentada à janela, a ver a chuva cair lá fora, e a contemplar o raio da ideia de ir para o ginásio com este temporal.

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Contei aqui que fiz a geléia de pêssego com especiarias da Agdá. Na verdade o que eu fiz foi uma compota de pêssego com especiarias, porque ficou tão espessa que só pode mesmo levar esse nome.

Nunca na vida tinha feito doce. Mas nestas rondas que por agora faço de feira e praça, onde falo com os agricultores e onde contacto mais com os hábitos das diferentes estações do ano, percebi a importância que, há anos, fazer compotas tinha nesta época. As frutas (e alguns legumes) estavam a acabar e ao mesmo tempo havia muitas, tantas que se estragavam antes de ser possível comê-las todas. No Inverno haveria muito menos fruta e o desperdício também era palavra proibida. E então, no fim do Verão, faziam-se compotas.

Não sei se na minha família alguma vez houve tradição de doce. Nunca foi coisa que eu comesse muito e à excepção de uma compota de morango ou framboesa era raro provar. A minha mãe gosta muito de doce de tomate, mas também não é ela que o faz. Por isso este hábito de transformar o fim do Verão nos doces que durariam até ao ano seguinte, mantendo a fruta (e o açúcar) presentes na mesa de Inverno, nunca fez parte da minha vida.

De onde, então, me veio esta quase necessidade de o fazer? Pois não sei. De um qualquer inconsciente colectivo, que todos temos, de saudades de umas raízes que não conheci e de um tempo que não vivi, talvez. Sei que mal vi a receita da Agdá soube que teria de a fazer – porque uma cisma é pior que uma doença. E se a paciência me falta, a teimosia sobra-me.

Comprei os frascos, bonitinhos (mas grandes demais), que esterilizei e guardei. Segui à risca a receita da Agdá, à excepção do gengibre, que não encontrei. Fiz 6 medidas de pêssego e 3 de açúcar. Rendeu-me quase 750ml de compota, três frascos. Um foi-se nas tarteletes, outro dei-o à minha mãe e o terceiro por cá anda, no frigorífico. Tem abrilhantado alguns pequenos-almoços, em que ao iogurte grego junto uma colher de sopa bem cheia do doce (que ficou espesso, espesso), ou a fazer lanches mais coloridos, sobre torradas.

Foi a primeira vez que fiz doce e deixei-o mais grosso do que o queria. Mas a cozinha cheirou a pêssego e a canela e a cravinho durante dias. E a satisfação de fazer doce foi maior do que a chatice que foi estar sobre a panela ao lume durante quase uma hora. Foi a primeira vez, mas não foi a última!

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