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Archive for the ‘Frango’ Category

Há muitos, muitos anos os meus pais pegaram em nós, pequenas, e levaram-nos à EuroDisney. E ficámos no hotel dos cowboys: quartos com beliches, colchas com cactos, cordas penduradas do tecto, fardos de palha pelo caminho. Lá, no hotel dos cowboys, aprendi que há gente que come feijões ao pequeno-almoço. Feijões com bom aspecto, num molho espesso com ar de tomate, mas que não se encaixam, ainda hoje, na minha primeira refeição do dia.

Ainda assim, fomos atrás daqueles feijões ao almoço, quando andávamos a passear na Frontierland, a terra do velho oeste lá do parque. E encontrámo-los, a eles e às batatas em gomos cozinhadas com casca e ao frango e às costelinhas em molho barbeque. Que molho era aquele? Não sabíamos, mas lambuzámos boca e dedos, deliciados.

Eu e o meu pai ficámos fãs. Volta e meia lá apareciam em casa latas de feijão da Hellman’s, com ar de terem saído daquelas panelas de ferro preto que os cowboys usam nos filmes, sobre a fogueira, no meio do nada. Não sabiam tão bem como a nossa cabeça imaginava, mas à falta de alternativa, tinham de chegar. Até agora.

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Frango e feijões em molho barbecue

(ligeiramente adaptado daqui)

  • 1 lata grande de feijão branco
  • 1 cebola
  • ½ pimento vermelho e ½ pimento verde
  • 100ml de molho barbecue (compro o meu no supermercado do El Corte Ingles)
  • 1 colher sopa de vinagre de vinho tinto
  • 1 colher sopa de xarope de bordo (ou mel)
  • 2 colheres chá de mostarda
  • paprika fumada
  • piri-piri
  • 1 folha de louro
  • sal
  • 2 peitos de frango pequenos
  • azeite

Pré-aqueça o forno a 160ºC.

Numa vasilha, misture o molho barbecue, o vinagre, o xarope de bordo e a mostarda numa tigela.

Pique a cebola e os pimentos. Num tacho que possa ir ao forno, aqueça um fio de azeite e refogue-os até que a cebola esteja translúcida. Escorra e lave o feijão e acrescente-o ao tacho, juntamente com o louro. Por cima, o molho, uma pitada generosa de paprika fumada, uma mais discreta de piri-piri. Misture bem e deixe cozinhar 10 minutos. Tempere então com sal. Aninhe bem os peitos de frango entre os feijões, para que fiquem bem cobertos pelo molho. Se tiver pouco molho, pode acrescentar um bocadinho de água.

Tape a panela e leve ao forno pré-aquecido, por 40-50 minutos. Sirva com fatias de pão rústico, torradas.

 

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Comprei a slowcooker um bocadinho por impulso. Lia receitas em blogs americanos e ficava a sonhar com um mundo em que jantares deliciosos de carnes a cair do osso e legumes tenros se faziam sozinhos nas muitas horas que eu passo fora de casa. Vi-a numa promoção irresistível e trouxe-a. Como todas as coisas mil vezes fantasiadas, a realidade deixou-me um bocadinho desiludida. É verdade, cozinha maravilhosamente. Mas não tem temporizador, pelo que as minhas muitas horas de ausência se revelaram demasiadas para a panela preparar sozinha o jantar.

Mas o entusiasmo inicial volta, de vez em quando. Colecciono receitas que farei um dia e trouxe mesmo um livro, da última vez que fui aos EUA. Às vezes, sobretudo ao fim-de-semana, quando lhe posso ir deitando olho, tiro-a do armário e ponho-a a trabalhar. Da última vez fiz frango em adobo, forma de cozinhar típica das Filipinas e que é óptima para frangos do campo, com carne mais dura e muito mais saborosa que a dos pobres franguinhos de aviário.

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Frango em adobo

(receita daqui)

  • 1 colher chá de azeite
  • 1 cebola média
  • 6 dente de alho
  • 3 colheres sopa de açúcar amarelo
  • ½ colher chá de piri-piri em pó
  • 2 folhas de louro
  • ½ medida de caldo de galinha
  • 1/3 medida de molho de soja
  • ¼ medida de vinagre de cidra
  • 1 frango do campo, desmanchado, sem os peitos (peça no talho para o desmancharem e guarde os peitos para outra refeição)
Unte o interior da slowcooker com o azeite. Pique a cebola e o alho e ponha-os na panela, juntamente com o açúcar, o piri-piri e o louro. Acrescente o caldo de galinha, o molho de soja e o vinagre e misture bem.
Retire o excesso de gordura do frango (sobretudo das coxas). Ponha os pedaços de carne na panela e, com uma colher, cubra-os com o molho que está por baixo. Ligue a slowcooker no mínimo e deixe cozinhar por 8h.
Quando o frango estiver pronto, retire-o da panela. Disponha os pedaços de frango numa grade de forno, pousada sobre um tabuleiro. Pré-aqueça o forno, no grill, a 240ºC.
Coe o molho para uma panela e leve-o ao fogão, em fogo médio-alto, mexendo sempre até reduzir para metade.
Quando o forno estiver quente, asse o frango por 2-3 minutos, até estar ligeiramente tostado e crocante.
Sirva com o molho, acompanhado de arroz branco ou legumes ao vapor.
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Não experimentei a receita sem a slowcooker. Mas sugiro, para quem queira, fazer da seguinte forma: ligar o forno a 120ºC. Numa panela que possa, posteriormente, ir ao forno, alourar muito levemente a cebola e o alho no azeite. Acrescentar os líquidos e o frango e cobri-lo com o molho. Tapar a panela e levar ao forno durante 6-8h.
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O frango fica muito tenro e saboroso, com um molho diferente. Servi o meu com arroz branco e polvilhado de cebolinha picada (a rama verde das cebolas novas) e com uma salada de folhas verdes. Eu e a slowcooker fizemos as pazes por mais uns tempos e até estou a investigar a melhor forma de lhe arranjar um temporizador, para a poder usar mais vezes.

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comer com os olhos

Há dias em que não tenho receitas para partilhar. E dias em que tenho receitas mas as fotografias não saíram bem. E outros ainda em que há receitas e fotografias mas não há história.

Hoje não há história e o ecrã em branco olha para mim, ameaçador. Não há nada para contar sobre a descoberta desta receita. Nada para dizer sobre o dia em que a fiz pela primeira vez. Nada.

A não ser isto: estas empanadas são a melhor coisa que experimentei nos últimos meses. Fi-las pela primeira vez para o jantar de Ano Novo e foram a primeira coisa a desaparecer da mesa. A massa é deliciosa e transforma-se em folhas que esfarelam, ao assar. O recheio é familiar mas diferente. E as possíveis variações são tantas que não chega uma vida para as testar.

Portanto hoje não digo nada. Deixo que as imagens valham, realmente, mais que mil palavras.

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Empanadas de frango, chouriço e azeitonas

(receita do maravilhoso Smitten Kitchen)

 

Massa:

  • 4 ½ medidas de farinha
  • 3 colheres chá de sal
  • 225g manteiga bem fria, cortada em cubos
  • 2 ovos grandes (de preferência que não sejam de aviário)
  • 2/3 medida de água gelada
  • 2 colheres sopa de vinagre branco

Recheio:

  • 3 pernas de frango, com coxa (aprox. 1kg)
  • 1 colher chá de sal
  • 4 colheres sopa de azeite
  • 2 cebolas grandes, cortadas em meias-luas finas
  • 2 dentes de alho grandes, picados
  • 2 folhas de louro
  • 1/3 medida de chouriço picante, cortado em cubos pequenos
  • ½ colher chá de paprika
  • ¼ medida de azeitonas picadas
  • ½ medida de vinho branco
  • ½ medida de caldo de galinha
  • + 1 ovo para pincelar

 

Massa:

Peneire a farinha e o sal para uma tigela grande. Com a ponta dos dedos ou com um garfo misture a manteiga na farinha, até obter “migalhas” do tamanho de ervilhas. À parte, bata os ovos, a água e o vinagre com um garfo. Adicione à mistura de farinha e manteiga e incorpore com o garfo. Com as mãos, amasse ligeiramente, apenas até que tudo esteja unido. A massa vai continuar a esfarelar ligeiramente, mas quanto menos amassada melhor. Embrulhe em película aderente e coloque-a no frigorífico por, pelo menos, 1 hora.

(esta receita de massa faz o suficiente para 24 empanadas, enquanto o recheio é suficiente para apenas 18; congele o excedente da massa para outra ocasião)

Recheio:

Seque bem o frango (em folhas de papel absorvente) e polvilhe com sal (e, se gostar, pimenta). Numa panela larga, aqueça 2 colheres de sopa de azeite, em lume alto. Quando estiver bem quente (mas sem fumo) frite ligeiramente o frango, dourando-o de todos os lados, mas sem deixar cozinhar completamente. Transfira para um prato e reserve. Na gordura que ficou na panela, salteie a cebola, alho e as folhas de louro, mexendo frequentemente, até que as cebolas amoleçam (4-5 minutos). Acrescente então o chouriço e a paprika e cozinhe, mexendo sempre, durante 1-2 minutos. Adicione as azeitonas, o vinho e o caldo de galinha e deixe ferver, mexendo ocasionalmente e raspando todos os pedaços presos ao fundo da panela. Devolva o frango à panela, com todos os sucos que possa ter libertado no prato, e deixe cozinhar, em lume brando, durante 25-30 minutos.

Transfira o frango para um prato. O molho que fica na panela deverá estar bem grosso – caso não esteja, deixe reduzir, mexendo ligeiramente. Quando o frango estiver suficientemente frio, retire pele e ossos e desfie a carne. Retire as folhas de louro do molho e junte o frango, envolvendo bem. Acerte o sal e deixe arrefecer completamente.

 

Pré-aqueça o forno a 200ºC. Forre dois tabuleiros de forno com papel vegetal. Divida a massa em 18 pedaços iguais e estenda cada um deles num círculo (não muito fino – a massa porta-se melhor no forno se ficar menos fina).

Coloque 2 colheres de sopa de recheio em cada disco, dobre ao meio e feche bem, fazendo um bordo (com os dedos ou com um garfo). Transfira as empanadas para os tabuleiros preparados. Quando estiverem todas prontas, pincele com ovo batido. Leve ao forno até que estejam douradas (aproximadamente 25 minutos).

Transfira as empanadas para uma grade e deixe arrefecer. Sirva mornas ou à temperatura ambiente.

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Eu, nulidade que sou na arte de estender massas em círculos redondinhos, usei uma artimanha. Da última viagem trouxe na mala uma prensa de tortillas. Tortillas ainda não fiz, mas já usei a prensa para estender lindos círculos de massa. Estas massas de manteiga têm de ser pouco manipuladas, pouco enfarinhadas, pouco estendidas – para que os pedaços de manteiga não se percam totalmente na massa e derretam, ao assar, formando o efeito folhado que lhes dá leveza.

Estas empanadas são excelentes para um jantar leve, acompanhadas de uma salada. Ou para um piquenique, agora que os dias começam, finalmente, a ficar maiores. São também perfeitas para um daqueles jantares de amigos, em que cada um leva alguma coisa para partilhar. São óptimas quentes e frias. São deliciosas, ponto. E eu mal posso esperar para fazê-las outra vez.

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Os livros cá em casa multiplicam-se. Crescem nos cantos, nas prateleiras, debaixo da cama. Escondem-se e amam-se e de livros fazem mais livros. Já não há espaço, empurram-se uns aos outros nas estantes, pegam-se e apertam-se e chateiam-se. Mas no dia em que deixarem de entrar livros cá em casa será sinal do fim do mundo.

Com os livros de cozinha o cenário não é diferente. Apaixono-me por eles, trago-os escondidos, acarinhados, como tesouros. Folheio-os e leio-os até estarmos cansados, eu e eles. Mas – que vergonha! – pouco uso lhes dou. Tenho livros de que nunca fiz uma só receita. Que nunca encheram mais pratos que os das fotografias e os da minha imaginação.

Com a falta de tempo é fácil esquecer o caminho para o blog. Os livros injustiçados serão o meu guia, o meu alento, o meu empurrão para a cozinha.

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Stir fry de frango e manjericão

(do livro Everyday Food: Fresh Flavor Fast)

Ingredientes

(para 4 pessoas)

  • 3 peitos de frango
  • 1 colher sopa de amido de milho
  • 4 colheres sopa de óleo vegetal
  • 1 cebola grande
  • 2 pimentos (1 verde, 1 vermelho)
  • 6 dentes de alho
  • ¼ medida de água
  • 2 colheres sopa de vinagre de arroz
  • 2 colheres sopa de molho de soja
  • folhas de manjericão

Corte o frango em tiras compridas e seque-as muito bem entre folhas de papel absorvente. Envolva o frango no amido de milho, deixando-o bem recoberto.

Leve uma frigideira grande ao fogão, lume forte, com 2 colheres de sopa de óleo. Frite as tiras de frango, virando uma vez, até que estejam ligeiramente douradas. Retire da frigideira e reserve.

Limpe a frigideira com papel absorvente e leve novamente ao fogo. Aqueça o óleo restante e salteie rapidamente o pimento e a cebola, cortados em tiras, mexendo de vez em quando (3-4 minutos). Quando a cebola estiver a ficar dourada, acrescente o alho finamente picado e deixe fritar muito ligeiramente, até que esteja perfumado mas sem queimar (1 minuto).

Junte então a água, o vinagre de arroz, o molho de soja e o frango e mexa bem, para que o molho reduza, o frango e os legumes terminem de cozinhar e fique tudo bem envolvido.

No final, acrescente o manjericão rasgado com os dedos e sirva sobre arroz basmati, cozido apenas em água e sal.

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A cozinha encheu-se de perfumes asiáticos e nós de fome. A preparação, rápida e simples, deu-nos um almoço leve e delicioso, num dia sem tempo a perder. O marido comeu, repetiu e elogiou – a tríade de um sucesso comprovado.

Os livros não guardaram rancor. Do esquecimento, saltaram prontos a mostrar que encantam não só ao serem folheados, mas se os levarmos à prática. Eu rendo-me, folheio-os mais uma e outra vez e escolho o meu próximo guia.

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A cozinheira está de dieta. Ora, que chatice. Para além de não poder comer coisinhas boas, também não tem coisinhas boas sobre as quais escrever. E ninguém quer ler um blog de dieta, com comidas muito parecidas umas com as outras, sem açúcar, sem sal, sem manteiga, sem sabor.

Mas fazer dieta é um bocado assim. Se for sempre assim, no entanto, ao fim de três dias eu já desisti. Portanto, há que encontrar alternativas, para manter a dieta e para manter o blog – duas resoluções importantes de ano (lectivo) novo. Vão aparecer menos receitas gulosas e mais receitas de baixas calorias, que podem sempre tornar mais calóricas com variação dos acompanhamentos, por exemplo. Quer-se é criatividade e variedade, que a monotonia só dá fome.

Então e para abrir as hostilidades e a guerra aos quilos, nada melhor que um franguinho grelhado. Mas diferente, que é para enganar o estômago.

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Frango grelhado com salada de tomate e agriões

Ingredientes

(para 2 pessoas)

  • 2 peitos de frango
  • 2 colheres sopa de azeite
  • 1 colher sopa de açúcar mascavado (ou amarelo)
  • 1 colher chá (mal cheia) de paprika
  • 1 colher chá (mal cheia) de piri-piri
  • ½ colher chá de cominhos
  • ½ colher chá de sal
  • ½ colher chá de gengibre em pó

Misture todos os ingredientes acima (excepto o frango), num prato fundo. Junte os peitos de frango e unte-os bem com a marinada. Deixe repousar por, pelo menos, 1 hora.

Aqueça um grelhador ou uma frigideira anti-aderente até estar bem quente. Pegue nos peitos de frango e deixe-os escorrer ligeiramente (o azeite é quase só um veículo para as especiarias, a maior parte dele fica no prato). Grelhe-os, mas com o cuidado de não deixar secar.

Para a salada, corte tomates cereja (ou tomate normal) e junte folhas de agrião bem lavadas. Tempere com azeite, vinagre balsâmico, sal e folhas de manjericão rasgadas.

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Confesso que não tenho grande jeito para saber quando a carne está pronta. Por isso, a meio acabei por cortar os peitos em pedaços mais pequenos, para garantir que não ficavam demasiado cozinhados por fora e crus por dentro. O importante é não deixar secar o frango. Servi ainda com ervilhas tortas, escaldadas muito rapidamente em água temperada com sal e manjericão.

Eu não gosto de agriões. Mas achei que nisto da dieta também devia comer mais ferro e coisas verdes que dizem que fazem muito bem. Aproveitei uns tomates-cereja madurinhos e salada com os agriões. Gostei do resultado, o doce do tomate quebra o amargo do agrião e faz uma salada bem fresquinha.

A receita desta marinada veio daqui. Já experimentei a receita completa e é muito saborosa, óptima para um piquenique. Mas não é muito amiga da balança. Desta vez fiquei-me pela marinada, que é deliciosa e transforma um peito de frango de dieta numa refeição que se come com prazer.

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O ritmo das semanas repete-se. Poucas horas para tanta coisa, muito cansaço para tão pouca vontade de cozinhar. Mas a cozinha é terapia, pelo menos para mim. E já aconteceu muitas vezes pensar fazer algo tão simples como umas torradas esfregadas com alho, cobertas de tomate maduro e regadas a bom azeite e pronto, está o jantar feito, e dar por mim no meio de várias panelas, sertãs e coisas semi-cozinhadas. As mãos e os ingredientes levam-me, às vezes, e no meio deles consigo desligar.

Mas mesmo sendo terapia, nunca há tempo, paciência ou energia para grandes aventuras culinárias, durante a semana. As coisas simples, que se fazem depressa, de preferência com intervalos para mais umas linhas de estudo ou mais uns exercícios, são a salvação dos jantares.

Não sei como é que esta receita nunca veio aqui parar. Acho que pensei várias vezes nela, mas achei sempre que não daria uma boa fotografia. E que era, talvez, um pouco desinteressante. Mas depois de a ter feito três vezes em três semanas, de me ter sabido sempre tão bem e de se fazer tão depressa, achei que não podia continuar a deixá-la fora do Caos.

Não é novidade para quem me lê que nós por cá gostamos muito de comidas bem temperadas. E durante uns anos comprámos daqueles kits de comida mexicana, uns para burritos e outros para fajitas. Eram bons, traziam os temperos todos e eram fáceis. Quantos jantares de burritos fizemos com os amigos! O divertido que era estarmos todos à volta da mesa a tentar enrolar a tortilla sem que a carne fugisse, o tomate caísse e o molho nos ensopasse os dedos.

Entretanto passou-nos. Mas a comida mexicana continua a apetecer cá por casa. Os kits nunca mais comprámos (embora eu deva dizer que acho que nunca serei capaz de fazer um tempero para burrito tão bom como o deles), mas as fajitas continuam a aparecer à nossa mesa. Daqui e dali, de uma receita e de outra, construí o meu tempero e agora faço-as eu, sem kit nem pacote. Só as tortillas é que continuam a ser das compradas, que não há máquina nem paciência para as abrir tão fininhas.

Fajitas

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Fajitas de frango
(para 2 pessoas)

  • 2 bifes de frango
  • 1 pimento vermelho
  • 1 cebola grande
  • 1 colher chá de paprika
  • 1 colher chá de cominhos
  • ½ colher chá de piri-piri em pó (ou mais, se quiser)
  • 1 colher chá de orégãos
  • sumo de 1 limão
  • sal

Para servir:

  • 6 tortillas
  • queijo ralado (eu prefiro mozzarella)

Comece por cortar o frango em tiras finas e compridas. Coloque num recipiente, regue com o sumo do limão e adicione as especiarias e sal. Misture tudo muito bem, para que todos os pedaços de frango tenham uma leve capa de especiarias e deixe marinar umas horas (pode deixar de um dia para o outro; eu, em desespero de causa, deixo marinar 30 minutos).

Corte o pimento em tiras finas e a cebola em gomos. Numa frigideira larga, aqueça um generoso fio de azeite e frite ligeiramente cebola e pimento, até que comecem a ficar um pouco moles e a cebola se mostre dourada. Retire para um prato e reserve.

Acrescente um bocadinho mais de azeite à frigideira e frite as tiras de frango, cerca de 1 minuto de cada lado. Junte a cebola e o pimento reservados, uma pitada de sal e mexa bem. Acrescente um pouco de água, de forma a fazer algum molho, mas mesmo só um bocadinho. Deixe cozinhar mais uns minutos (tendo o cuidado de não cozinhar demasiado o frango, para que não fique seco), acerte o sal se necessário e retire para um recipiente.

As tortillas devem apenas ser aquecidas. Costumo empilhar as seis e levar 1 minuto ao microondas.

Para comer, coloca-se a tortilla no prato, por cima um pouco da mistura de frango, pimento e cebola, polvilha-se com o queijo ralado e dobra-se a tortilla – mais ou menos como mostra o Jack.

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Em menos de nada está o jantar pronto. E é uma refeição completa. Costumo acompanhar com uma salada, que vamos petiscando entre trincas e malabarismos para não deixar que a fajita se desmanche.

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Cá gostamos de sabores fortes. Comida com presença, com personalidade, daquela que nos leva a viajar pelo longe e a distância, nem que seja só de boca. Nunca comemos comida com pouco sabor. Tudo leva ervas, especiarias ou outros ingredientes de sabor marcado. Tudo apura, tudo marina, tudo tem sabor.

A repetição tem sentido. Não só preferimos a comida assim, como temos alguma dificuldade em comer com prazer comida com pouco sabor. As nossas papilas já se habituaram à estimulação e não se satisfazem com menos. Não quero dizer que tudo o que cá se come seja picante ou tão forte que não se sentem os sabores de umas coisas e outras. Nada disso. Nos pratos fortes, tão ou mais do que nos outros, os sabores devem complementar-se e realçar-se mutuamente. O equilíbrio é fundamental.

A comida indiana, por tudo o que foi dito acima, é das nossas favoritas. Não sou perita em cozinhá-la, nem nada próximo disso. Vou fazendo algumas experiências, com ajuda de várias fontes, aprendendo com as tentativas, minhas e dos outros. Às vezes, há pratos que são para guardar, para passar ao reportório habitual, de tão bons e fáceis que são.

frango com caju II

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Frango em molho de castanha de caju
(do livro Indian)

Ingredientes

(4 pessoas)

  • 2 cebolas médias
  • 2 colheres sopa de pasta de tomate
  • 50g castanhas de caju (usei umas com piri-piri, que tinha comprado por engano)
  • 1 colher chá de sementes de cominhos
  • 1 colher chá de sementes de coentros
  • ½ colher chá de cardamomo (as sementes internas, sem as cascas)
  • 1 colher chá de alho ralado
  • 1 colher chá de chilli em pó
  • 1 colher sopa de sumo de limão
  • ¼ colher chá de açafrão-da-índia (curcuma)
  • 1 colher chá de sal
  • 1 colher sopa de iogurte natural
  • 2 colheres sopa de óleo
  • 2 colher sopa de coentros frescos picados
  • 1 colher sopa de sultanas (não usei)
  • 450g de frango, sem osso, sem pele e cortado em cubos
  • 175g de cogumelos brancos
  • 300ml de água

Comece por preparar as especiarias: coloque uma frigideira robusta no fogão, em lume médio, e torre ligeiramente as sementes de cominhos, coentros, cardamomo e pimenta. Quando começar a sentir-lhes o cheiro, retire-as para um almofariz e triture até obter um pó. (em alternativa a estas especiarias, pode utilizar 1 ½ colher chá de garam masala pré-preparado). Reserve.
Corte as cebolas em quartos e coloque-as num processador ou no copo da varinha mágica. Processe durante 1 minuto. Junte a pasta de tomate, as castanhas de caju, as especiarias trituradas, o alho, chilli, sumo de limão, açafrão-das-índias, sal e iogurte e processe durante 1-1½ minutos.

Numa panela, aqueça o óleo (não o substitua por azeite – nesta receita é melhor usar um óleo de sabor mais neutro) em lume médio. Junte a mistura processada e frite durante 2 minutos, baixando o fogo se necessário. Acrescente metade dos coentros picados, as sultanas (se usar) e o frango e continue a fritar mais 1 minuto. Junte os cogumelos, a água e deixe ferver. Cubra então e cozinhe, em fogo baixo, durante 10 minutos.

Após este tempo, verifique se o frango já está cozinhado e o molho grosso. Cozinhe por mais algum tempo, se necessário. Se precisar de engrossar o molho, cozinhe mais uns minutos com a panela destapada.

Sirva polvilhado com os restantes coentros e, se quiser, para dar um toque crocante, com um punhado de castanhas de caju.

frango com caju III

Cá em casa serviu-se com arroz basmati e com um pão folhado que costumo comprar no supermercado do El Corte Inglês. Julgo que são uma espécie de parathas e costumo prepará-las de forma muito simples: um pouco de manteiga por cima (se for manteiga de alho, tanto melhor) e coentros e cominhos triturados. Vai a forno quente até “pufar” e está pronto.

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Já me debati longamente, no blog e fora dele, sobre os pratos deliciosos que dão péssimas fotografias. No que ao blog diz respeito, mais longamente ainda me debati sobre a sua publicação. A conclusão pessoal a que cheguei foi que não devia excluir uma receita deliciosa só porque a fotografia não é boa. Afinal, o blog é sobre comida, boa comida de preferência.

Claro que já todos sabemos que os olhos também comem – e eu como muito com os olhos. Dificilmente compro um livro de receitas, por exemplo, que não tenha fotografias. Claro que isto não é regra – se o livro for mesmo muito bom e não tiver fotografias, paciência, compro-o na mesma. É por isso que quando tenho receitas com más fotografias escolho publicar só aquelas que são mesmo muito boas.

É o caso deste frango. Foi inspirado nesta receita de frango à espanhola, mas fiz-lhe tantas alterações que já não é exactamente o mesmo prato. Portanto fica a referência à inspiração e, a seguir, a minha versão.

frango-com-feijao

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Frango com feijão e cogumelos no forno

Ingredientes
(para quatro pessoas)

  • 2 peitos de frango, cortados a meio (4 grandes cubos de peito de frango, portanto)
  • 100g de bacon em cubos pequenos
  • 1 cebola grande
  • 3 dentes de alho
  • 1 lata de tomate pelado
  • 2 latas de feijão
  • 12 cogumelos brancos cortados em quatro
  • 2 colheres sopa de farinha
  • 1 colher sopa de paprika
  • 300ml de caldo de legumes (ou galinha)
  • azeite
  • sal

Misture a farinha, a paprika e uma pitada generosa de sal e passe o frango nesta mistura, cobrindo-o homogeneamente. Num tacho baixo, aqueça 2 colheres de sopa de azeite e frite nelas o frango, de ambos os lados, até que esteja dourado, mas sem que cozinhe completamente. Retire e reserve.

No mesmo tacho, com mais um pouco de azeite, frite o bacon e a cebola até que esta esteja dourada. Acrescente o alho bem picado e refogue mais um pouco. Junte em seguida os cogumelos e deixe fritar ligeiramente. Adicione o feijão, os tomates desfeitos e o caldo. Acerte o sal, acrescente paprika se desejar e deixe levantar fervura.

Pré-aqueça o forno a 180ºC. Numa travessa de forno disponha o frango reservado e por cima o refogado de feijões e cogumelos, bem como todo o molho. Se quiser, acrescente agora um ramo pequeno de alecrim. Leve ao forno por aproximadamente 40 minutos (pode ser menos, se achar que está a ficar demasiado seco, ou pode ser mais, se os peitos forem muito grossos). Sirva acompanhado de pão alentejano ou de arroz branco.

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Cá em casa serviu-se acompanhado de arroz branco, já que um dos “pratos” favoritos do Zé é arroz ensopado no molho do que quer que seja. Os feijões que usei não eram de lata, mas daqueles bons, comprados na feira e debulhados à mão, que estavam guardados no meu congelador desde Setembro passado. Cozi-os, guardei alguns no frigorífico e fui usando.

Este assado é delicioso e talvez ficasse ainda melhor se feito estilo cassoulet, na panela de ferro desde o fogão até ao forno. Da próxima é assim que conto fazê-lo.  Vou ainda acrescentar o sugerido ramo de alecrim, coisa que não fiz. Ainda assim, o cheiro pela casa era delicioso e o frango ficou húmido e saboroso, com a paprika a dar um toque fumado muito agradável.

A fotografia… bem, é a possível. Espero que o relato compense e que desperte a vontade de experimentar que a fotografia, infelizmente, não desperta.

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Dei muitas voltas à cabeça e ao supermercado à procura da fórmula mágica. Pensei em várias coisas e em nada em concreto. Isto é ainda mais difícil do que eu previa, pensei de dois em dois segundos. Queria fugir ao óbvio e imediato. Queria fazer mil coisas diferentes. Vim para casa com os ingredientes para fazer uma coisa e acabei por fazer outra. Mas a experiência correu bem e portanto aqui está: a primeira proposta 4 por 6!

4por61

 

Almôndegas de frango e espinafres sobre penne em puré de cenoura e cogumelos salteados

Ingredientes:

  • 350g de penne (eu usei o tricolor porque não tinha outro, mas o normal é mais barato)
  • 400g de frango (peito ou bife)
  • 300g de espinafres (congelados ou frescos, aqueles que forem mais baratos)
  • 350g de cenouras
  • 6 dentes de alho
  • 175g de cogumelos brancos frescos
  • 2 colheres sopa de tomilho seco
  • 1 colher sopa de alho em pó
  • 1 colher sopa de farinha
  • sal
  • azeite

Se usarem espinafres congelados, descongelem-nos primeiro e escorram-nos muito bem para retirar o excesso de água (podem guardar essa água para acrescentar a uma próxima sopa, terá concerteza nutrientes dos espinafres).

Começar por cozer o penne em bastante água e sal. Numa outra panela, cozer as cenouras, cortadas em rodelas grossas, com dois dentes de alho, sal e uma pitada de tomilho. Quando estiverem tenras mas não demasiado, retirar para o processador ou o copo da varinha mágica e passar, cenouras e alho, até obter um puré. Diluir com alguma da água da cozedura, até obter um molho espesso. Reservar.

Numa frigideira com um fio de azeite e um dente de alho picado fino, saltear os cogumelos cortados em lâminas finas. Acrescentar uma pitada de sal e outra de tomilho e deixar cozinhar. Quando estiverem prontos, retirar da frigideira e reservar.

Na mesma frigideira, com um fio de azeite e dois dentes de alho finamente picados, saltear ligeiramente os espinafres, folhas grosseiramente cortadas, até que murchem. Reservar. Cortar o frango em pedaços pequeninos ou picar ligeiramente no processador. Misturar os espinafres com o frango. Acrescentar ½ colher de sopa de tomilho, ½ colher de sopa de alho em pó, uma pitada de sal e a farinha. Misturar bem. Fazer pequenas bolas, ligeiramente achatadas, e fritar, de ambos os lados, na mesma frigideira, com muito pouco azeite. Retire as almôndegas e coloque na frigideira o molho de cenoura. Acrescente o restante alho em pó e tomilho e mexa bem. Acerte o sal e, se necessário, acrecente um pouco mais da água onde cozeu as cenouras (água que, se sobrar, poderá também guardar para uma próxima sopa, preservando assim os nutrientes que nela existirem). Acrescente os cogumelos e a pasta já cozida. Envolva bem e sirva em prato fundo, com as almôndegas por cima.

Como a refeição já tinha sido algo pesada, servi kiwi à sobremesa. Maduros são deliciosos e doces, para além de terem mais vitamina C do que qualquer citrino e quantidades importantes de magnésio, ferro e potássio.

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Esta primeira vez não foi fácil. Sentei o Zé ao Excel na cozinha e fizemos contas e acrescentos e reduções. Ele foi uma ajuda essencial! Pesámos ingredientes, cortámos ideias pela raíz e reduzimos tudo ao imprescindível. Conseguimos alimentar 4 pessoas com 6 euros, numa refeição completa e equilibrada, com fontes de proteína (frango e cogumelos), hidratos de carbono (a massa) e gorduras saudáveis (o azeite), cheia de nutrientes importantes como ferro, vitamina A e C, magnésio e potássio. As contas finais, com o tomilho e o alho em pó, batem nos 6€ certos. Portanto, missão cumprida! No preço e no sabor!

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Dica de poupança: não é totalmente verdade que os vegetais frescos sejam mais saudáveis que os congelados. Muitas vezes, nos grandes supermercados, os frescos foram apanhados ainda meio verdes e amadurecidos de forma artificial, para que nos cheguem às mãos no ponto. Em contrapartida, os congelados foram apanhados no ponto certo e congelados de imediato, garantindo que mantêm todas as suas propriedades e todo o seu sabor. Além de serem, na maior parte dos casos, mais baratos. Assim, podemos comprar sem complexos espinafres, ervilhas, favas, milho, couves de bruxelas, todos congelados, que duram mais tempo e custam menos.  O mesmo já não se aplica, em termos de poupança, às misturas de legumes, à cebola e alho pré-cortados e às batatas.

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Na verdade, nem um nem outro. Mas se tivesse família, o risotto seria o primo direito e a paella o afastado.

Era Domingo e chovia lá fora. Em nós, a preguiça de um Domingo passado no sofá e a fome sem vontade de cozinhar. Mas é então que as coisas da vida se infiltram na nossa memória e com elas o frango, descongelado na sexta, que tinha de ser usado. E agora, que fazer?

Ligo a cabeça em piloto automático e vou corrigindo com as mãos alguns dos pequenos devaneios. Quero pouco trabalho, quero rápido, quero jantar e voltar para o sofá. Quero jantar no sofá, melhor ainda!

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Arroz de frango e açafrão

Ingredientes

  • 1 peito de frango
  • 1 cebola média, em cubinhos
  • 2 dentes de alho, bem picadinhos
  • 1 cenoura, ralada
  • ½ courgette, em cubinhos
  • 1 medida de arroz para risotto
  • ¼ medida de vinho branco
  • 1 litro de caldo de legumes
  • açafrão (em pó ou, se a bolsa deixar, os estigmas e pistilos)
  • sal
  • azeite

Na panela de ferro, frite o frango, cortado em cubos, no azeite, até ficar dourado. Retire e reserve. Na mesma panela, com mais um fio de azeite, salteie o alho e a cebola. Quando estiverem dourados, acrescente a cenoura e a courgette e deixe cozinhar ligeiramente. Junte o arroz e frite só um bocadinho. Por cima, um pouco de vinho branco. Espere até o álcool evaporar e junte o caldo de legumes a ferver e o frango. Um pouco de açafrão (a gosto, mas cuidado, não é preciso muito pois o sabor é muito forte), sal e a tampa da panela. Deixe cozinhar em lume brando, acrescentando mais caldo se for necessário, ao longo da cozedura, e mexendo bem, ocasionalmente. Sirva não demasiado cozido, num ponto mais próximo do al dente do que do tradicional ponto do arroz. Não deixe secar demasiado, também – deve ficar com algum caldo, quase como um arroz malandro dos nossos.

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Foi o jantar perfeito para aquela noite preguiçosa. O caldo ia envolvendo o arroz a cada garfada, enchendo-o de sabor e mantendo-o quente. O Zé, duas horas depois, já me dizia que tinha de fazer aquele arroz mais vezes. E o piloto automático da minha cabeça pôs-se a repetir os passos, não fosse eu esquecer-me de como o tinha feito e nunca mais ser capaz de o repetir!

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