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Archive for the ‘Parmesão’ Category

Ainda há tomates, surpreendo-me com prazer ao entrar no mercado. Vermelhinhos, maduros, cheios do sol que os fez crescer. Trago muitos, mais do que conseguimos comer. Mas não posso deixar que se estraguem, não vai haver mais tomates até ao próximo Verão e as saudades começam já a espreitar.

É urgente aproveitar os tomates mais maduros, aqueles que se desfazem em sumo assim que os cortamos. Está frio e o jantar quer-se reconfortante. Experimento uma receita nova, quase a medo. Não quero abafar os tomates, escondê-los, quero-os estrela do prato. Uma despedida que ainda não foi a última, mas que se aproxima a passos largos do até para o ano.

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Cobbler de tomate

(receita adaptada do How to cook everything vegetarian)

6 pessoas

  • 1kg de tomates coração de boi, muito maduros
  • 1 colher sopa de amido de milho
  • sal
  • orégãos
  • alho em pó
  • 1 medida de farinha de trigo
  • 1 medida de farinha de milho
  • 1 ½ colher chá de fermento
  • ¼ colher chá de bicarbonato de sódio
  • 50g manteiga cortada em cubos e muito fria
  • 1 ovo batido
  • ¾ medida de buttermilk (¾ medida de leite – tirar 1 colher sopa de leite e substituir por 1 colher sopa de vinagre; deixar repousar 10 minutos)
  • 1 medida de queijo parmesão ralado na hora (ou outro queijo duro)

Pré-aqueça o forno a 190ºC. Unte com azeite um recipiente de forno e reserve.

Corte os tomates em gomos e coloque-os num recipiente. Polvilhe com o amido de milho e misture bem. Acrescente orégãos e alho em pó a gosto e uma pitada de sal. Misture bem e reserve.

Num processador, pulse as farinhas, fermento e bicarbonato, com uma colher de chá de sal, para misturar bem. Acrescente a manteiga gelada e pulse algumas vezes, até obter uma mistura parecida com migalhas grossas. Adicione o ovo, o buttermilk e ¾ do queijo e pulse mais umas vezes, até a massa ficar numa bola (pode precisar de acrescentar mais 1 ou 2 colheres de sopa de farinha de trigo ou, se estiver muito seca, mais umas gotas de buttermilk).

Gentilmente, misture novamente o tomate e os temperos e transfira para o prato de forno previamente preparado. Por cima, colheres de sopa de massa, com pequenos espaços entre elas, para que o vapor possa sair. Polvilhe com o restante queijo ralado, uma pitada de orégãos e leve a assar por 40 minutos ou até que a massa esteja dourada e o tomate a borbulhar por baixo.

Regue com um fio de azeite e sirva quente ou à temperatura ambiente, acompanhado de uma salada de folhas.

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Este cobbler não seria a primeira escolha do Zé. Mas nesse dia ele chegou cansado e cheio de fome, depois de um jogo de futebol. Eu já tinha jantado e o segundo cobbler esperava por ele, se ele o quisesse. Quis, comeu e rapou a taça. E foi uma óptima solução para a meatless monday.

Pessoalmente, não fiquei muito fã do sabor forte da farinha de milho – defeito meu, que não sou grande apreciadora. Mas tudo o resto era tão bom que quero repetir ainda este ano, com uma massa levemente diferente. Mais uma ode aos tomates, mais uma despedida do Verão.

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Ando rodeada de bimbys. Bimbys na blogosfera, bimbys na família, bimbys em casa das amigas mais chegadas. Do meu grupo do costume, sou a única não convertida. Não estou a planear arrependimento próximo nem a sonhar com tudo o que poderia cozinhar à velocidade da luz, se tivesse uma. A verdade é que, tirando 1 ou 2 funcionalidades, não há nada que a bimby faça que eu não faça sem ela.

Mas a bimby traz coisas boas a muita gente. A uma amiga querida, trouxe o gosto pela cozinha e pela descoberta de novas receitas. E ela, que detestava cozinhar, agora corre os blogs e as revistas e faz coisas que antes não se atreveria a pensar. Aos nossos jantares, que vão alternando entre uma bimby e outra, trouxe granizados de limão e champanhe (que ficam muito bem adaptados a morangos, hortelã e rum e feitos num liquidificador capaz de picar gelo) e novas discussões. Porque se para mim a bimby ainda é pouco mais do que uma fantástica picadora e uma máquina capaz de fazer leite-creme sem me obrigar a estar ali ao fogão (e só por isso até consideraria comprá-la, que quando distribuíram a paciência eu estava na fila do pão), para muita gente é o prazer de cozinhar e o passar a fazê-lo mais e melhor, em casa e todos os dias, com ingredientes frescos. E é, por isso, alimentar melhor a família, de forma mais saudável e mais sustentável.

O fenómeno bimby é, também, uma máquina bem oleada. Num piscar de olhos surgiram revistas, fóruns e blogs exclusivamente dedicados ao tema. E com a compra da máquina recebem-se livros de receitas e por cada amigo convertido, novo livro. Esquemas mais que testados e pensados, que fazem da bimby a nova coqueluche que toda a gente quer, mas que ajudam, também, a não deixar encostar o electrodoméstico mais caro do mercado e a fazer dele, efectivamente, parte da rotina de todos os dias.

Mas as receitas bimby não são exclusivamente bimby. E podemos pegar nelas e reproduzi-las em cozinhas bimby-free ou transformá-las, brincar com elas. Afinal, com ou sem bimby, o que importa é o gozo de cozinhar, de comer e de partilhar.

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Mini-bolas de linguiça, milho e azeitona

(receita adaptada de um dos livros da bimby)

  • 2 linguiças pequenas
  • 1 copo (200ml) de milho
  • 15 azeitonas pretas
  • 2 ovos
  • 100g óleo
  • 150g leite
  • sal
  • 250g farinha
  • 1 colher chá de fermento químico
  • parmesão para polvilhar
  • orégãos
Pré-aqueça o forno a 180ºC. Prepare um tabuleiro de muffins, untando muito levemente cada compartimento com óleo vegetal.
Prepare os ingredientes do recheio: corte as linguiças em cubos pequenos, descaroce e pique as azeitonas e descongele o milho em água quente (se usar congelado – eu prefiro).
Numa vasilha, com um batedor de varas, misture os ovos, o leite e o óleo. Acrescente a farinha, o sal e o fermento e misture bem. Acrescente a linguiça, as azeitonas e o milho, adicione uma pitada de orégãos e envolva tudo, de forma a obter uma distribuição relativamente equilibrada.
Coloque a massa no tabuleiro de muffins, polvilhe com parmesão ralado e leve ao forno, cerca de 20 minutos ou até que um palito inserido no centro saia seco. Não asse demasiado, que a massa tem alguma tendência a secar.
Retire do forno e do tabuleiro e deixe arrefecer sobre uma grade. Quando estiverem frios, guarde numa caixa bem fechada, para que durem mais tempo, sempre frescos.
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A grande vantagem deste tipo de receitas é o seu potencial. Os ingredientes podem ser os mais variados. Faça mini-bolas de queijo e noz, de bacon e tomate seco, de atum e pimento assado. Escolha ingredientes com pouco teor de água (por exemplo, o tomate fresco talvez não seja grande ideia), para não alterar a consistência da massa. E experimente. Varie as ervas, os legumes, o que quiser. Faça uma bola grande, em vez das mini-bolas, ou faça em forma de bolo inglês.
São ideais para levar de passeio, para os piqueniques que já apetecem ou para uma viagem longa que requer farnel. E são fáceis e boas e rápidas. Com ou sem bimby.

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As ideias também são como as cerejas, vêm umas atrás das outras. E nas conversas entre amigos as ideias vêm e vão e misturam-se e, quando damos por elas, já nos saltaram das mãos e se fizeram uma coisa totalmente diferente.

Ontem, em conversa com amigas queridas no facebook, falou-se de um pesto de coentros. E eu, que até tenho coentros em casa, fiquei a pensar nele. Mas hoje, chegada a hora do almoço, já não me apeteciam coentros. A ideia, sorrateira, tinha-me trocado as voltas e tinha-se posto ao caminho.

Nesta altura, no mercado e na feira, há sempre molhos sem fim de cebolinhas verdes. E eu nunca lhes resisto. Como são sempre grandes, normalmente grande parte acaba na sopa, porque não consigo usar tudo para outros fins – o que é uma pena. Mas hoje quando abri o frigorífico foram as cebolinhas que saltaram. E foram elas as estrelas.

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Pesto de cebolinha verde e amêndoas

(para 2 pessoas)

  • 3 dentes de alho
  • rama de 6 cebolinhas verdes
  • meia medida de amêndoas torradas
  • sal
  • azeite

Piquei os dentes de alho e fritei-os muito rapidamente em azeite, para lhes tirar aquele sabor forte e os deixar mais doces. No processador, piquei o alho, a rama das cebolinhas verdes e um punhado de amêndoas, com uma pitada de sal grosso e uma colher de sopa de azeite (além do azeite em que fritei o alho). Moí tudo muito bem, acertei sal e azeite e servi com massa integral e parmesão ralado.

As quantidades podem variar – vai depender da rama, do tamanho das amêndoas, de como gostarem da consistência do vosso pesto. Felizmente, o pesto perdoa tudo, por isso o melhor é experimentar e ajustar a gosto.

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Sentei-me à varanda, com os pés descalços no chão e apaixonei-me pela ideia que ganhou vida. Isto das ideias nem tem muito que se lhe diga. É só deixá-las voar sozinhas e de vez em quando puxar uma e levá-la para a cozinha.

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Cá por casa ainda não há crianças. E este 4 por 6 vem uma semana atrasado relativamente ao dia da criança. Mas enquanto tentava montar o prato para as fotografias ocorreu-me que parecia comida de brincar. De comer a brincar, pelo menos. Um prato assim, desconstruído, de onde apetece beliscar daqui e dali.

4por6

Esta semana portámo-nos um bocadinho mal. Trazemos uma sugestão que é assim quase prima do hamburger com batatas fritas. Que não tem nada de mal, de vez em quando. Nós somos grandes fãs de hamburger com batatas fritas. Mas comer fritos não é muito bom para a saúde, como todos sabemos. Olhem, foi o nosso pecado do dia da criança. Para fazer felizes as crianças que vivem em nós!

4 por 6 0806 II

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Almôndegas de porco com chips sortidas

Almôndegas

  • 440g carne de porco picada
  • 4 colheres sopa de queijo parmesão (se for do fresco ralado na hora melhor ainda)
  • 3 colheres sopa de bacon ralado (usei o microplane)
  • 1 cenoura grande ralada fina
  • 3 dentes de alho ralados
  • 1 colher café de cominhos
  • 1 colher café de paprika
  • 1 colher chá de sal fino
  • 1 colher café de alecrim em pó (eu desfiz o seco no almofariz)
  • 1 pitada de piri-piri em pó
  • 1 ovo
  • farinha de mandioca para dar liga (ou pão ralado)

Num recipiente grande, colocar a carne de porco, as especiarias, parmesão, alho, bacon, cenoura e misturar tudo muito bem – primeiro com um garfo, depois com as mãos. Acrescentar o ovo e misturar. Ir adicionando aos poucos a farinha de mandioca (que usei por não haver pão ralado em casa) até conseguir uma massa moldável.

Moldar pequenas bolas (eu prefiro almôndegas pequeninas, daquelas que dão uma trinca, duas no máximo), que podem ser congeladas. Estes ingredientes fazem aproximadamente 45 pequenas almôndegas (sendo que, por pessoa, eu recomendo 10 para adultos e 8 para crianças).

Prefiro cozinhar as almôndegas descongeladas, sobretudo se não as vou cozinhar em molho (como faria para preparar um prato de pasta e almôndegas em molho de tomate). Portanto descongelei-as. Pincelei uma frigideira grande e anti-aderente com uma colher chá de azeite e quando estava quente acrescentei as almôndegas, que fritei/grelhei dos dois lados, até estarem cozinhadas por dentro mas não secas.

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Chips sortidas

  • 2 batatas grandes
  • 1 batata doce grande
  • 2 beterrabas médias

Com a ajuda do mandolim, cortei todos os tubérculos em fatias finas. Coloquei-os em água gelada durante cinco minutos. Escorri, sequei-os bem e fritei em óleo bem quente. Quando prontas, sequei-as bem em papel absorvente e temperei com flor de sal e orégãos.

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Salada de alface e nozes

  • 1 alface média
  • 1 punhado de nozes
  • 5 colheres sopa de azeite
  • 2 colheres sopa de vinagre de vinho tinto
  • 1 colher chá de mostarda
  • sal

Lavei as folhas de alface, sequei-as bem e cortei-as em fatias finas. Acrescentei as nozes cortadas em metades e temperei com uma vinagrete feita com o azeite, o vinagre e a mostarda, bem batidos até formarem uma emulsão. Misturei bem e polvilhei com flor de sal.

4 por 6 0806 I

Cá em casa não somos os maiores fãs de almôndegas. Nunca as compramos já prontas. Nunca as comemos em restaurantes. Isso porque achamos que as almôndegas são sempre mal feitas. As dos restaurantes são feitas com restos de carne e, por isso, já perdem em sabor e qualidade. As congeladas… bem, essas não sei o que se passa com elas, mas a verdade é que não sabem bem. Por isso preferimos fazer as nossas. É muito fácil e num curto espaço de tempo fazem-se almôndegas suficientes para várias refeições, que se podem congelar e guardar para quando for mais conveniente. E se forem bem feitas e bem temperadas podem ser deliciosas. Estas são muito saborosas!

Os chips sortidos foram uma surpresa. A batata doce muito saborosa, a beterraba também. E as de batata, as normais, são sempre deliciosas. Eu também sou daquelas que tem um fraco por batatas fritas. Das boas, que das congeladas dispenso.

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Para a sobremesa, cerejas de saco, as minhas favoritas, rijas e sumarentas e doces. Vieram directamente de Resende, do Festival da Cereja, onde os meus pais foram no dia 31 de Maio.

E as contas:

4 por 6 08-06

As cerejas não eram bem estas, mas até foram mais baratas. As contas estão feitas para as 45 almôndegas que consegui, sendo que aqui na receita se usará, no máximo, 40.

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Há dias em que ser foodblogger é chato. Chato, pronto. Porque não é sempre que há paciência para cozinhar, parar tudo, montar cenário, fotografar e só depois, então, comer. Às vezes apetece ir logo para a mesa, sem pensar em ângulos, luz, background ou apresentação. Mas depois há o grilo falante, que nos “puxa” as orelhas: mas não achas que esta receita é boa para o blog? Que outras pessoas vão gostar? Deixa de ser preguiçosa, vá!

E eu deixo. Monto tudo, tiro dezenas de fotografias, todas à mesma coisa, faço esperar o marido e o estômago. Às vezes não vale a pena. Quase sempre, mais de 2/3 das fotografias são lixo. Mas é assim, é preciso tirar dezenas para conseguir aquela que vale a pena, que fica mesmo bem, que nos satisfaz.

Estas bolachas foram, até hoje, o meu maior dilema fotográfico. Fi-las num dia à noite, em que estava sozinha, para acompanhar uma sopa quente e reconfortante. A luz da noite é sempre uma desgraça para fotografar e, por isso, resolvi tratar das fotografias das bolachas no dia seguinte. Elas aguentavam-se bem e assim sempre tinha luz do dia.

Mas no dia seguinte só me apetecia, lá está, aquecer uma sopa, pegar nas bolachas e almoçar. Pensar em ter de as fotografar estava a fazer-me considerar não almoçar – guardo-as para amanhã, ainda estão boas e pode ser que a paciência fotográfica esteja de volta. É aborrecido, quando isto acontece. Quando só nos apetece pegar na bolacha, na sopa, na salada e comer, esquecer que existe blog, receita ou fotografia.

Mas o grilo, mais uma vez, falou mais alto. E eu levantei-me, montei as coisas, pus a sopa a aquecer e lá fui, máquina em punho, fotografar as bolachas. Das fotografias, aproveitei uma. Uma só. É quando basta, eu sei. Acho que as outras reflectiram o meu estado de espírito impaciente – e foram todas para o lixo.

bolachas de parmesão

Bolachas de parmesão, alecrim e azeitonas
(receita retirada daqui)

Ingredientes:

  • 1 medida de farinha
  • ½ colher chá de sal
  • 3 colheres sopa de queijo parmesão, finamente ralado
  • 1 colher sopa de alecrim fresco picado
  • 2 colheres sopa de azeitonas pretas, em fatias finas
  • 2 dentes de alho ralados
  • 3 colheres sopa de azeite
  • ¼ medida de natas
  • 1 colher sopa de leite (se necessário)
  • sal marinho para polvilhar

Pré-aqueça o forno a 200ºC.

Misture bem todos os ingredientes secos – farinha, sal, alecrim, parmesão, azeitonas e alho. Adicione o azeite e, com um garfo, misture tudo até que toda a massa tenha aspecto de migalhas.

Acrescente as natas e, com a mão, envolva. Se a massa estiver muito seca, acrescente um pouco de leite.

Estenda a massa numa folha de papel vegetal, que caiba na sua assadeira, até obter um rectângulo fino (pode usar um silpat em vez do papel vegetal). Pode precisar de enfarinhar o rolo à medida que vai trabalhando. Com uma faca ou cortador de massa, corte o rectângulo grande noutros mais pequenos, mas sem os separar – este passo é só para que, ao arrefecer, seja mais fácil partir a massa nas bolachas individuais. Salpique com sal marinho (ou outro à sua escolha) e leve ao forno até que estejam douradas.

Retire para cima de uma grade e deixe arrefecer.

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Eu assei as minhas no silpat e não fiquei muito feliz com o resultado. A cozedura não é igual, as bolachas não douram de forma homogénea. Por isso, prefiro estender a massa sobre papel vegetal, colocar numa assadeira e assar assim. Por mais prático que seja o silpat – e é -, em termos de forno não é a mesma coisa.

As bolachas são muito saborosas e são um excelente acompanhamento de uma sopa, esmigalhadas sobre uma salada ou mesmo servidas com tapenade de azeitona ou outro paté. São certamente receita a repetir, sobretudo dado o alívio de saber que da próxima as posso comer logo, sem ter de arranjar paciência para as fotografar. Foodblogger, às vezes, sofre!

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Em Amsterdam comi maravilhosas sanduíches vegetarianas. Uma, com pasta de lentilhas e tomate seco, recheada com legumes grelhados e mozzarella fresca, hei-de repetir até acertar. Foi comida num almoço rápido, acompanhada de um chá gelado feito na casa, daqueles quase à americana, sentados à janela aberta numa das 9 ruas, uma das zonas mais bonitas de Amsterdam.

Depois de 5 dias sem ter de cozinhar nem pensar muito no que seria o almoço ou o jantar, voltei com preguiça mental. Só me apetece pegar num menu laminado e escolher uma sanduíche vegetariana, um copo de chá ou de sumo, sentar-me e vê-lo aparecer. Infelizmente cá por casa nem cozinheiro nem jardineiro (não que haja jardim), portanto é preciso arregaçar as mangas e ir para a cozinha.

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Tinha no frigorífico um pedaço de massa de pizza. Mas não me apetecia pizza. Resolvi fazer umas sanduíches-calzones-coisas improvisadas, rápidas e saborosas. Ficaram uma pálida sombra das de Amsterdam, que eu queria homenagear, mas mesmo assim ficaram bem saborosas.

No processador, fiz um pesto rápido com folhas de hortelã e amêndoas não peladas, um pouco de parmesão, um dente de alho e (pouco) azeite. Juntei duas ou três folhas de uma couve tenrinha que ainda havia no frigorífico.

Estendi a massa bem fininha, em dois discos. Barrei ambos com o pesto, a um juntei cenoura ralada e ao outro 3 azeitonas picadinhas. Enrolei, fiz uma rosca e achatei. Levei ao grelhador-das-tostas-mistas, bem quente, e fui achatando à medida que ia cozinhando. Virei a meio e achatei mais um bocadinho. Quando já estavam bem douradas e achatadas, de ambos os lados, retirei e comi.

pao-de-pesto

Devia tê-las feito mais lentamente, ficaram um bocadinho de nada mal cozidas por dentro. As de cenoura tinham pouco sabor, mas as de azeitona eram deliciosas. Sentei-me com elas, enquanto revia as fotografias de Amsterdam e tentava escolher as histórias para vos contar. De repente reparei que tinha uma sanduíche vegetariana numa mão e Amsterdam a entrar-me pelos olhos dentro. Não era a mesma coisa, mas era o mais parecido possível. E foi o bastante.

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Esta semana tem sido complicada. Sem tempo para nada. Ao jantar repetem-se velhos favoritos ou faz-se uma massa rápida, para despachar. Os almoços são ainda mais rápidos, fruta e sopa, sobras do jantar de ontem. Cozinhar só para mim continua a ser uma chatice.

Mas hoje não havia sopa. Nem sobras de ontem. Nem nada que fosse rápido e imediato. Havia, sim, ainda um pouco da massa dos falafel de há uns dias, à espera de tempo para ser enrolada, passada em pão ralado e congelada. E havia as tortillas do costume. E cogumelos.

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Numa colher de sobremesa de azeite e meio dente de alho picado, alourei 3 ou 4 cogumelos em fatias. Quase no final acrescentei o restante alho picado. Reservei. Fiz um hamburger fino com a massa de grão-de-bico e fritei ligeiramente noutra colher de sobremesa de azeite, virando a meio para que dourasse de ambos os lados. Numa tortilla, fiz uma cama de alface, acrescentei duas folhas de hortelã bem picadas, o hamburger, os cogumelos e um cheirinho de parmesão ralado. Aqueci tudo no grelhador das tostas mistas e pronto – almoço.

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Comi acompanhado de uma chávena de chá verde com jasmim, frio. Foi rápido, saboroso e nutritivo. Agora vou ali comer um kiwi e pronto, já estou almoçada.

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Cá em casa os risottos são sempre aldrabados. Mas são algo a que recorremos com alguma frequência, quando não há nada planeado, quando está frio ou simplesmente quando nos apetece.

Esta receita descobri numa Good Food, revista que compro sempre que encontro. Já o fiz há algum tempo e nunca mais repeti. Mas devia, porque ambos gostámos muito do resultado. Tem a grande vantagem de ser feito no forno e, como tal, não implica que esteja ali, de barriga colada ao fogão, a mexer interminavelmente até que o arroz esteja pronto. Que, vamos concordar, é a parte mais irritante de fazer risotto.

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Risotto de pimento vermelho, feito no forno
(ligeiramente adaptado da revista Good Food)

Ingredientes:

  • 1 colher sopa de azeite
  • 1 cebola picada
  • 300g de arroz para risotto
  • 100ml de vinho branco (opcional, pode usar-se mais caldo)
  • 400g de tomate pelado (de lata)
  • 200g de pimento vermelho assado e pelado
  • 75g bacon cortado em cubinhos
  • 500ml de caldo de legumes
  • salsa picada
  • parmesão para servir (opcional)

Pré-aqueça o forno a 200ºC.

Numa panela que possa ir ao forno (usei uma de ferro), aqueça o azeite e frite a cebola até estar translúcida. Acrescente o bacon e frite mais uns minutos, sem deixar queimar. Acrescente o arroz, misture bem e deixe fritar durante 1 minuto. Acrescente o vinho e mexa até que o líquido seja todo absorvido. Junte então os tomates, pimentos e 400ml do caldo de legumes. Cubra e leve ao forno por 25 minutos, até que o arroz esteja tenro e cremoso.

Antes de servir, misture o restante caldo de legumes e a salsa picada, polvilhe com lascas de parmesão e sirva.

risotto-de-pimento

O nosso arroz não levou parmesão, por razões óbvias. Também não levou salsa porque não havia, mas levou umas (poucas!) folhinhas de manjericão cortadas bem fininho. De tanto esperar e andar, acabou por ficar um pouco seco e na fotografia não parece tão delicioso como estava. Falta-lhe o caldo do risotto. Mas não estava nada empapado e a falta de caldo não diminuiu em nada o prazer com que o comemos.

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Ode ao aglioli

aglioli

Água num tacho, sal só quando borbulhar
Sai a tampa entra a pasta, fica até cozinhar
Escorre-se a massa, reserva-se na panela
Entra a frigideira, alho picado dentro dela
Um fio de azeite, alho verde picado,
acende-se o lume, frita-se um bocado.
Cuidado com o alho para não queimar!
Junta-se a massa e convêm misturar
Meio minuto e está pronta a massa,
com água na boca para um prato se passa
Um pouco de queijo, de sabor apurado
Pode ser parmesão, no momento ralado
O garfo na mão, o perfume no ar
Com a boca cheia não consigo rimar!

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É um bocadinho frustrante que a macarronada mais saborosa que já fiz tenha sido, também, a mais feia. É verdade, à partida, que massa e molho não serão as coisas mais fáceis de fotografar. Um monte um pouco indistinto de pasta, molho e o que mais for não é o cenário mais fotogénico. Mas estava tão boa, tão boa que não pude deixar de partilhar.

Ontem por cá foi dia de tempestade. Choveu torrencialmente durante grande parte do dia, caiu granizo e o frio era mais que muito. Ir às compras estava, portanto, fora de questão. O que fazer para o jantar com o que havia em casa? Não ia ser fácil…

Descongelei 3 hamburgers daqueles de supermercado, que comprámos uma vez no desespero de fazer uma refeição rápida e de que gostámos tão pouco que ficaram abandonados no congelador. Ia fazer almôndegas, estava decidido. E molho de legumes assados. E pasta. Hmmm…

macarronada1

Macarronada com molho de legumes assados e almôndegas

Ingredientes

Molho:

  • 1 beringela média
  • ½ pimento vermelho
  • 1 lata de tomates inteiros
  • 8 dentes de alho
  • azeite
  • sal
  • alecrim
  • orégãos

Almôndegas:

  • 300g carne picada (eu usei os ditos hamburgers)
  • ½ medida de parmesão ralado na hora
  • 1 colher sopa de alho em pó
  • 1 pitada de chilli
  • 1 pitada de cominhos
  • 1 pitada de orégãos
  • 1 punhado de nozes picadas

Comecei por assar os legumes para o molho: pré-aqueci o forno a 200ºC e num tabuleiro dispus a beringela, com casca, cortada em cubos, o pimento cortado em pedaços do mesmo tamanho e os tomates da lata, bem escorridos, inteiros. Reguei com azeite, temperei com sal, orégãos e alecrim e levei a assar. Pus os dentes de alho num recipiente de vidro e reguei com água a ferver, para lhes tirar a casca. Em seguida, alourei-os ligeiramente em azeite, com todo o cuidado para não deixar queimar, e quando estavam dourados juntei à frigideira 30ml de água e uma colher de sopa de vinagre balsâmico. Deixei caramelizar e reservei. (se não quiserem ter este trabalho podem assar uma cabeça de alho inteira no forno, sem descascar e apenas com o topo cortado). Quando os legumes estavam prontos coloquei-os no copo da varinha mágica. Juntei-lhes o alho e o líquido da lata dos tomates. Bati bem e reservei.

Num recipiente desfiz os hamburgers. Juntei o queijo ralado, o alho em pó, as especiarias e as nozes bem picadas e misturei até ficar o mais homogéneo possível. Com as mãos, enrolei pequenas almôndegas (bite size). Na frigideira onde caramelizei o alho, fritei as almôndegas em duas colheres de sopa de azeite, até estarem praticamente cozinhadas e com zonas crocantes, da fritura. Acrescentei o molho (pode ser preciso acrescentar aqui um pouco de água, caso o molho seja demasiado espesso) e deixei cozinhar mais uns dois ou três minutos.

Entretanto tinha cozido bavette, que regressou à panela depois de bem escorrida. Sobre ela, despejei o molho e as almôndegas e envolvi tudo muito bem. Servi polvilhado de orégãos e de parmesão ralado (este só no meu prato).

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Era impossível tirar uma fotografia decente deste prato. O molho, a massa, as almôndegas, tudo era uma pilha mais ou menos indistinta e fumegante no prato. Resolvi tirar na mesma, só porque sim. E depois de provar não resisti à partilha: de três hamburgers horríveis saíram almôndegas deliciosas, cheias de sabor, com o crocante da frigideira e das nozes a contrastar com as texturas mais suaves da pasta e do molho. E o molho era também delicioso. Claro que teria ficado ainda melhor se feito com tomates frescos, mas não estamos na época deles e os que por aí andam não têm sabor nenhum. Não é o molho mais rápido, mas todo o trabalho que dá é compensado: o sabor intenso dos legumes assados, o alecrim e o doce do alho caramelizado fizeram deste um molho todo especial. Óptimo para uma macarronada daquelas boas, só massa e molho, sem necessidade de mais nada. Se bem que aqui as almôndegas abrilhantaram a festa! Não sobrou uma para contar história e o ar deliciado com que o Zé as comeu disse tudo!

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