Há muito que queria experimentar cozinhar com ruibarbo. Todos os anos, mais ou menos por esta altura, que é quando o ruibarbo começa a aparecer lá do outro lado dos mares (no UK e nos EUA), os blogs se enchem de receitas doces feitas com esta planta. Provei-o pela primeira (e única) vez no jantar de passagem de ano, no Fifteen de Jamie Oliver. A minha sobremesa era uma panna cotta com gelatina de ruibarbo, acompanhada de ruibarbo escaldado em champanhe. E o ruibarbo foi a melhor surpresa da noite.
A minha vontade de cozinhar com ruibarbo andava obrigatoriamente sossegadinha, já que por cá só o vi à venda uma vez, no supermercado do El Corte Ingles. E nem fui ver o preço, mas imagino que não fosse nada meigo. Já em Amsterdam, no mercado, o preço era convidativo e só tive de esperar por um incentivozinho do Zé. Afinal, a mala era partilhada e já lá tinha sido roubado espaço para quase meio quilo de queijo.
Foi assim que me vi com ½ pound de ruibarbo no frigorífico e sem noção muito clara do que fazer com ele. A cabeça andava entre tarte de ruibarbo e morango (parece que se dão às mil maravilhas, estes dois), o ruibarbo escaldado da passagem de ano ou as mil receitas ainda por descobrir. A escolha acabou por ser feita por mim, com a receita a cair-me no colo.
Estava eu a seguir a visita da Deb do Smitten Kitchen ao rancho da Pioneer Woman quando vejo a Deb a dar uma receita de coffee cake feito com ruibarbo. O bolo tinha tão bom aspecto e recebeu tantos elogios que não resisti – estava decidido. E se não encontrarem ruibarbo não faz mal: a Deb diz que o bolo ficará igualmente delicioso com qualquer outra fruta ácida.
Big Crumb Coffee Cake
(que é como quem diz, Bolo com migalhas grandes, para servir com o café).
(receita original aqui)
Recheio de ruibarbo:
- 230g de ruibarbo
- ¼ medida de açúcar
- 2 colheres chá de amido de milho
- ½ colher chá de gengibre em pó
Para as “migalhas” (cobertura):
- 1/3 medida de açúcar mascavado escuro
- 1/3 medida de açúcar branco
- 1 colher chá de canela em pó
- ½ colher chá de gengibre em pó
- 1/8 colher chá de sal
- 113g de manteiga (sem sal) derretida
- 1 ¾ medidas de farinha (sem fermento)
Para o bolo:
- 1/3 medida de sour cream (usei crème fraiche)
- 1 ovo grande
- 1 gema grande
- 2 colheres chá de extracto de baunilha
- 1 medida de farinha (sem fermento)
- ½ medida de açúcar
- ½ colher chá de bicarbonato de sódio
- ½ colher chá de fermento em pó
- ¼ colher chá de sal
- 85g de manteiga amolecida (mas não derretida!), cortada em pedaços
Pré-aqueça o forno a 160ºC. Unte uma forma quadrada 20x20cm com manteiga (não tenho formas quadradas, usei uma redonda de 23cm).
Para o recheio: corte o ruibarbo em fatias de aproximadamente 1cm. Junte-lhe o açúcar, amido de milho e gengibre e misture bem. Reserve.
Para as “migalhas”: num recipiente grande, misture os açúcares, especiarias, sal e manteiga até obter uma pasta macia. Acrescente a farinha e misture bem com uma espátula. Deve ficar uma massa sólida. Reserve.
Para o bolo: numa tigela pequena, misture o crème fraiche, ovo, gema e a baunilha. Reserve. Na batedeira, com o batedor em forma de pá, misture a farinha, o açúcar, bicarbonato, fermento e sal. Junte a manteiga e uma colher de sopa da mistura de ovo e bata bem, a média velocidade, até a farinha estar toda humedecida. Aumente a velocidade e bata durante 30 segundos. Junte a restante mistura de ovo, metade de cada vez, e bata durante 20 segundos entre cada adição. Pode ter de ir rapando os lados da tigela com uma espátula para garantir que a massa fica bem batida e homogénea. Retire aproximadamente 1/2 medida de massa e reserve.
Transfira a restante massa para a forma preparada. Espalhe o ruibarbo sobre a massa. Acrescente a 1/2 medida de massa reservada – é pouca, não vai cobrir todo o ruibarbo, mas não há problema.
Com os dedos, parta a massa das “migalhas” em pedaços de 1cm a 1,5cm. Não têm de ser uniformes, mas a maior parte deverá ser deste tamanho. Polvilhe sobre o bolo. Leve a assar até que um palito inserido no centro saia sem massa de bolo (poderá sair húmido por causa do ruibarbo), 45 a 55 minutos. Deixe arrefecer completamente antes de servir.
O meu bolo demorou um pouco mais a assar, acho que devo ter usado ruibarbo a mais e isso aumentou a humidade da massa, atrasando a cozedura. Mas ficou delicioso! O ruibarbo, levemente ácido, a contrastar com uma massa saborosa e suave, coberta por pedaços, quase como bocadinhos de cookies, crocantes e aromáticos. A primeira trinca é estranha, toda a mistura de sabores e texturas um pouco nova. Mas rapidamente se passa da estranheza à satisfação.
O Zé, que não é de bolos nem de canela, provou uma garfada. Acabei a dar meio bolo – era isso ou vê-lo estragar-se e comer mais do que devia. Gostei do ruibarbo e gostava de fazer mais experiências com ele. Não me parece que seja coisa difícil de cultivar… A mim falta-me o quintal. Não fosse isso e já tinha comprado sementes!
Quanto ao bolo, gostei muito. Fiquei com vontade de o experimentar com outros sabores, como maçã ou framboesas. Ou pêssegos. Ou ameixas. Ou… fazer um só massa e “migalhas”, assim bolo de bolo sem mais nada. A massa crua é das mais saborosas que já provei, cremosa e fresca por causa do crème fraiche, doce na medida certa. E bolo que é bolo tem de passar no teste do dedo! Ou do rapar da taça…
Nunca provei ruibarbo, mas não me importava nada de ir até ao rancho da pioneer com umas amigas e partilharmos este teu bolo.
Guardei a receita – quem sabe com uma das frutas que sugeres…
Belas fotos!
Eu gosto muito de ruibarbo mas cá em Portugal nunca encontrei e escusado será dizer que nunca cozinhei com o lindo vegetal que me encanta só de olhar! Quanto ao bolito, parece-me lindamente, que eu não me faço rogada com a canela!!
Bj e um fantástico fim de semana
Sinceramente é algo que me é desconhecido… conheço iogurte e chá de ruibarbo, mas não consigo provar. Acho que é o nome que não me tenta!:(
Jinhos
Provei ruibarbo há cerca de um mês, pois tb fiquei curiosa qto ao sabor! Encontrei-o no corte inglês e refiz uma receita do Jamie e foi aprovadíssima! Ainda não a coloquei no blog porque nesse dia não tinha a máquina comigo, mas vou repetir e postar! Esta receita tb não escapa e vou experimentar!
Mariana,
Sempre que vejo ruibarbo no C.I penso em comprar mas ainda não me aventurei.
Estes bolos com “migalhas” são muito bons, costumava fazer uma receita da Martha S. com ameixas que ficava divinal, só tem uma desvantagem como ficam meio húmidos estragam-se depressa 😦 logo tem de se comer mais depressa… olha o problema :)))
Beijinhos,
Carlota
Olá Mariana,
aqui está um vegetal que também eu tenho vontade de conhecer. Conheci-o através de vários programas estrangeiros de culinária, fiquei com vontade de experimentar, mas nunca vi à venda. Pena não ser mais acessível em Portugal, pois o bolo parece uma delícia.
Bjinhos.
Susana
Ainda não tive oportunidade de provar mas já está na lista! Adorei as fotos da viagem e as sugestões apresentadas no 4 por 6.
bom fim-de-semana!!
É dificílimo encontrar ruibarbo aqui em SP.
Vou testar com limão galego ou siciliano.
Vocês podem encontrar o Ruibarbo no Mercado Municipal de Santo Amaro em em São Paulo,$12,00 o kg.Fiz uma mostarda com ele que ficou maravilhosa para acompanhar carnes