O bacalhau faz parte da nossa história e tradição culinárias desde o século XIV. Essa tradição foi levada para o Brasil e lá, hoje, é também presença frequente. Todos os dias vejo, nos blogues em língua portuguesa, pelo menos uma receita de bacalhau. Na verdade, são quase sempre mais, mas digamos que é pelo menos uma.
O que a maioria das pessoas não sabe – e não sabe porque não há esforço nenhum de divulgação nem de educação – é que desde o ano 2000 que o bacalhau faz parte da lista de espécies ameaçadas do WWF – o World Wide Fund for Nature. No ano de inclusão, o WWF publicou um relatório em que estimava que as reservas mundias de bacalhau se esgotariam por volta de 2015, caso não houvesse um abrandamento do consumo e incentivo à repopulação dos habitats.
Estamos em 2008 e o cenário não melhorou. Pouco ou nada se fez e Portugal continua a ser o maior consumidor de bacalhau do mundo. As autoridades competentes não educam a população para a necessidade de reduzir este consumo, que terá como consequência a extinção do peixe mais popular da nossa alimentação.
Por isso, depende de nós. Depende de nós passar a palavra, sensibilizar, e, especialmente, comer menos bacalhau. Há dois anos que cá em casa e em casa dos meus pais só se come bacalhau no Natal e Ano Novo e numa ou duas ocasiões especiais durante o ano. Tudo para podermos continuar a tê-lo à nossa mesa, nos dias mais tradicionais. E para preservar uma espécie ameaçada, que é tão importante como os gorilas, elefantes, tigres ou baleias, para o ecossistema que habita.
Eu sei que deixar de comer bacalhau é difícil. Sobretudo porque é um peixe consensual, que agrada à maioria das pessoas. Mas desengane-se quem acha que ao comer bacalhau está a ter os benefícios do peixe fresco – não está. O bacalhau seco não é, sequer, propriamente saudável. Comer bacalhau não é comer peixe, no sentido nutricional da refeição.
Eu gostava de continuar a comer bacalhau no Natal. E, se possível, no Ano Novo. E gosto desta contribuição tão fácil e directa que posso dar para a preservação de uma espécie. Isto está ao nosso alcance. Não são os caçadores furtivos que estão a acabar com o bacalhau, nem a desflorestação para a agricultura. Somos nós. Nós que o comemos em excesso, nós que o comemos sem pensar nas consequências. Nós que achamos que não é por nós deixarmos de o comer que vai fazer diferença – afinal, o que é o nosso contributo no meio de tanta gente? Se todos pensarmos assim, não haverá bacalhau daqui a muito pouco tempo. Mas se todos fizermos um bocadinho, talvez o bacalhau tenha tempo de recuperar e possamos, todos, continuar a tê-lo à nossa mesa, ainda que não tão regularmente, ainda que só nos dias mais especiais.
Grande post!
Uma grande verdade mas que pouca gente sabe…
É bem verdade Mariana, mas muitas das pessoas não querem saber ou simplesmente ignoram por pensarem que só elas não farão a diferença…
Aqui em casa desde que se soube que o bacalhau estava em vias de extinção, que se reduziu sustancialmente o seu consumo, raramente (mesmo raramente) se compra e se come pois eu assim como tu quero poder continuar a ter o famoso bacalhau presente na mesa de natal porque natal sem bacalhau não seria a mesma coisa…
Beijinhos
Mari eu nada havia ouvido falar sobre a extinção…nao fosse voce avisr…por aqui só em datas especiais mesmo um bom bacalhau é bem caro…mas vale o alerta! bjs
Mariana,
Confesso que fiquei um bocado parva, pois considero-me uma pessoa minimamente informada. No entanto, desconhecia essa informação. Tenho uma receita de bacalhau para postar e até estou um bocado “envergonhada”… mas estou a pensar colocar lá a receita à mesma, aproveitando a ocasião para lançar também o alerta…não sei se isto não parecerá um contra-senso…mas…
bj
ora aqui está uma coisa que eu não sabia.. vou reduzir o comsumo de bacalhau lá em casa.
beijos e obrigado pela informação preciosa.
Pois é, Mariana…. Estou sabendo há um tempo que o bacalhau vai ser extinto–e vai MESMO, porque ninguem parece se importar. Ele e outros peixes. Pra mim, bacalhau é um treat, porque nao tenho muito acesso. Mas presto atencao em peixes ameacados daqui, pois considero isso uma obrigacao. Aqui proibiram a pesca do salmao provisoriamente, porque notaram uma diminuicao significativa. Mas o pessoal que nao se importa, come o salmao de fazenda. Ja com o bacalhau nao há essa opcao, neh?
beijao!
Eu por acaso também não sabia até o ano passado um ex colega ter falado nisso na sua formação no curso de formação para formadores. Não fazia a menor ideia até aí.
Eu admito que para mim é complicado porque o bacalhau é dos poucos peixes que eu gosto de comer… Não que coma muito, mesmo assim, mas pelo menos uma vez por mês, para “desenjoar”, lá vai o belo do bacalhau com grão e ovo cozido… Com natas também é bom mas esse não faço em casa 🙂
Enfim, é mesmo uma opção difícil. Fizeste bem em “postar”.
um óptimo alerta. eu adoro bacalhau, mas raramente como.
beijoka
parabéns pelo excelente blog!
Eu sou uma apaixonada por bacalhau como boa portuguesa que sou. Mas não sabia que a situação era assim tão grave. Aliás lembro-me que há alguns anos, não me lembro quantos, se comentou que o bacalhau poderia vir a extinguir-se mas passado uns tempos surgiram notícias sobre a estabilização da situação do peixe, não havendo motivos para alarme. Não voltei a ouvir falar sobre o assunto, até agora. E sempre bom tomar conhecimento deste tipo de situação. Obrigada pela informação.
Beijinhos
Agora eu vi o post…..muito bem!!!
Será citada dentro em breve.
Bj,
Bergamo
Tenho uma lista de peixes em vias de extinção,num iman do frigo.
Só para me lembrar quando saio para as compras.
Bj
Eu até sei, mas confesso que me sinto envergonhada porque não levo em conta… 😦 😦
Estive a ler o post e terei mais cuidado no futuro.
Parabéns e obrigada. 🙂