Há dias em que ser foodblogger é chato. Chato, pronto. Porque não é sempre que há paciência para cozinhar, parar tudo, montar cenário, fotografar e só depois, então, comer. Às vezes apetece ir logo para a mesa, sem pensar em ângulos, luz, background ou apresentação. Mas depois há o grilo falante, que nos “puxa” as orelhas: mas não achas que esta receita é boa para o blog? Que outras pessoas vão gostar? Deixa de ser preguiçosa, vá!
E eu deixo. Monto tudo, tiro dezenas de fotografias, todas à mesma coisa, faço esperar o marido e o estômago. Às vezes não vale a pena. Quase sempre, mais de 2/3 das fotografias são lixo. Mas é assim, é preciso tirar dezenas para conseguir aquela que vale a pena, que fica mesmo bem, que nos satisfaz.
Estas bolachas foram, até hoje, o meu maior dilema fotográfico. Fi-las num dia à noite, em que estava sozinha, para acompanhar uma sopa quente e reconfortante. A luz da noite é sempre uma desgraça para fotografar e, por isso, resolvi tratar das fotografias das bolachas no dia seguinte. Elas aguentavam-se bem e assim sempre tinha luz do dia.
Mas no dia seguinte só me apetecia, lá está, aquecer uma sopa, pegar nas bolachas e almoçar. Pensar em ter de as fotografar estava a fazer-me considerar não almoçar – guardo-as para amanhã, ainda estão boas e pode ser que a paciência fotográfica esteja de volta. É aborrecido, quando isto acontece. Quando só nos apetece pegar na bolacha, na sopa, na salada e comer, esquecer que existe blog, receita ou fotografia.
Mas o grilo, mais uma vez, falou mais alto. E eu levantei-me, montei as coisas, pus a sopa a aquecer e lá fui, máquina em punho, fotografar as bolachas. Das fotografias, aproveitei uma. Uma só. É quando basta, eu sei. Acho que as outras reflectiram o meu estado de espírito impaciente – e foram todas para o lixo.
Bolachas de parmesão, alecrim e azeitonas
(receita retirada daqui)
Ingredientes:
- 1 medida de farinha
- ½ colher chá de sal
- 3 colheres sopa de queijo parmesão, finamente ralado
- 1 colher sopa de alecrim fresco picado
- 2 colheres sopa de azeitonas pretas, em fatias finas
- 2 dentes de alho ralados
- 3 colheres sopa de azeite
- ¼ medida de natas
- 1 colher sopa de leite (se necessário)
- sal marinho para polvilhar
Pré-aqueça o forno a 200ºC.
Misture bem todos os ingredientes secos – farinha, sal, alecrim, parmesão, azeitonas e alho. Adicione o azeite e, com um garfo, misture tudo até que toda a massa tenha aspecto de migalhas.
Acrescente as natas e, com a mão, envolva. Se a massa estiver muito seca, acrescente um pouco de leite.
Estenda a massa numa folha de papel vegetal, que caiba na sua assadeira, até obter um rectângulo fino (pode usar um silpat em vez do papel vegetal). Pode precisar de enfarinhar o rolo à medida que vai trabalhando. Com uma faca ou cortador de massa, corte o rectângulo grande noutros mais pequenos, mas sem os separar – este passo é só para que, ao arrefecer, seja mais fácil partir a massa nas bolachas individuais. Salpique com sal marinho (ou outro à sua escolha) e leve ao forno até que estejam douradas.
Retire para cima de uma grade e deixe arrefecer.
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Eu assei as minhas no silpat e não fiquei muito feliz com o resultado. A cozedura não é igual, as bolachas não douram de forma homogénea. Por isso, prefiro estender a massa sobre papel vegetal, colocar numa assadeira e assar assim. Por mais prático que seja o silpat – e é -, em termos de forno não é a mesma coisa.
As bolachas são muito saborosas e são um excelente acompanhamento de uma sopa, esmigalhadas sobre uma salada ou mesmo servidas com tapenade de azeitona ou outro paté. São certamente receita a repetir, sobretudo dado o alívio de saber que da próxima as posso comer logo, sem ter de arranjar paciência para as fotografar. Foodblogger, às vezes, sofre!
Ah, acho que todo mundo que mantém um blog sobre comida passa por isso. Nem preciso dizer que me identifiquei totalmente.
Beijos!
Acho que todas nós passamos por isso, a mim também me acontece imensas vezes mas eu nem sempre dou ouvidos ao meu grilo falante, ponho-lhe uma fita-cola na boca, escuso-me às fotos e parto directo para o jantar, claro que o blog às vezes fica um bocadinho ao abandono, mas afinal também não o criei para ser escrava 😉
Já fiz e comi coisas óptimas não fotografadas e já me aconteceu fotografar e achar que o sabor não mericia nenhuma postagem.
Essas tuas bolachinhas, pelo aspecto delicioso, partiriam mais depressa para a boca que o click de uma só foto hehehe
A propósito a foto ficou fantástica, adoro o pormenor da lata e dasmigalhitas.
Beijocas
Moira
A quantidade de coisas que eu já fotografei e não publiquei por não gostar das fotos… é que o meu grilo tem a mania da perfeição :)) A tua foto está Linda!!
Beijinhos,
Carlota
… e eu que não sabia que as fotos davam trabalho!!!! Claro que já estou todo “atrofiado” porque eu NUNCA fiz um cenário ou fotografei duas vezes. Ponho o aparelho na posição automática “Food” e tiro o “retrato” aquilo, pronto!
Às vezes lá dou um retoque de Photoshop, normalmente para apagar uma vizinhança muito feia que teimou em querer aparecer, mas mais nada.
Como não vou modificar a acção, que para mim uma refeição é para ser comida, normalmente com carácter urgente, :-), a partir de agora vou passar a sofrer e a pedir desculpas permanentes e envergonhadas, mas o que se há-de fazer?
Claro que, por vezes, aparecem autênticas obras de arte como as do blog da Leonor Sousa Bastos, para as quais fico a olhar, às vezes nem percebo o que é mas é muito belo…. mas isso são coisas com as quais nem sonho sequer fazer porque nem imagino como se faz.
Já agora, dps de tanta conversa, essas bolachas devem ser um sonho. ( o que é um silpat?)
Confesso que para a parte do cenário não tenho paciência, por isso opto pelos grandes planos. Mas a luz, ai a luz, é fundamental para uma boa foto! Agora que os dias são grandes é óptimo, pois como jantamos cedo consigo fotografar o jantar com luz natural, mas de tanto adiar as fotos para o almoço e depois ser apressada pela fome e falta de tempo, confesso que já fotografei sopa azeda que fui guardando, guardando, à espera da melhor luz para a foto… 🙂 🙂 🙂
Adorei as bolachinhas, são mesmo o meu género, e vou fazer com toda a certeza.
🙂
Beijinhos.
Eu acho que tens toda razão. Comecei ainda agora neste mundo dos blogs de culinária e o entusiasmo ainda é muito, são as primeiras receitas, as primeiras fotos … Mas acredito que quando me calhar uma receita muito deliciosa e que (por acaso :P) eu esteja a morrer de fome irá ser muito difícil ir pegar na máquina e deixar ali a comiga à espera.
Essas bolachas têm um aspecto delicioso, mesmo que só tenhas posto aqui uma foto, esta valeu pelas outras todas acredita. Pois só me apetece dar uma trinca nessas bolachas !
Desculpa a intromissão aqui pelo teu blog.
Beijinhos*
Fiquei em dúvida sobre o que está melhor, a sua foto ou a descrição das bolachinhas salgadas.
bjos
nhammmmmmmmmmmm que vontade de comer hehehe
Ninguém imagina o trabalho que dá, né? Mas ainda bem que você fez as fotos das bolachas, que parecem ótimas! Um beijo!
A foto ficou linda! E as bolachas parecem muito gostosas, são parecidas com as que comi recentemente (feitas em um mosteiro aqui de São Paulo) e estava louca pra fazer… Logo mais vou testar tua receita e volto pra contar o resultado. Que bom que você teve um pouquinho de paciência…
Ainda bem que se aproveitou uma senão não viamos o aspecto delas. yami!
Pois isto de ser foodblogger tem muito que se lhe diga e como ouvi uma vez “quem tem blog de cozinha come frio”… eheheh
Mas eu como adoro cozinhar, comer e fotografar, raramente tenho o grilo comigo. ; )
Adorei as bolachas, mesmo!
beijocas
Esse post é a mais pura verdade. Nem sempre estamos em total sintonia com tudo e a moleza bate as vezes. Mas a segunda coisa que amo depois de escrever e cozinhar é fotografar, é uma paixão. Bjs
Este negócio de foto é complicado.
Mas a tua foto com história está demais!! Nada como uma foto com sobrenome!!
Abs.
Pois então aproveito para dizer que são um consolo as tuas imagens.
Hey, thank you for trying this recipe! 🙂 From what I understood from google translate, the silpat didn’t work for you. Quite a bummer! Although, now I’m curious to try it without silpat and see how different they are. 🙂
Comigo era assim tal e qual!!! E a impaciência de quem espera pela comida enquanto se fotografa? E quando – ao fim de 5 minutos de fotos – a comida não correspondia ao apetite devorador dos provadores???
Às vezes, as melhores fotos até nem eram da melhor comida!
Se era um facto que não iria deixar de fazer estas bolachinhas assim que surgisse oportunidade, era tb certo que com esta conjugação de ingredientes só podiam ficar fantásticas!
Adorei. Publiquei-as hoje.
Foram feitas para acompanhar as entradas de um jantar de amigos que demos cá em casa e todos gostaram – mais houvesse!
Apenas achei que as devia ter estendido ainda mais do que fiz, não ficaram tão fininhas como as tuas, mas esta é daquelas receitas que vai ter bis muito em breve. 🙂
Beijinhos.