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Archive for the ‘Orégãos’ Category

Ainda há tomates, surpreendo-me com prazer ao entrar no mercado. Vermelhinhos, maduros, cheios do sol que os fez crescer. Trago muitos, mais do que conseguimos comer. Mas não posso deixar que se estraguem, não vai haver mais tomates até ao próximo Verão e as saudades começam já a espreitar.

É urgente aproveitar os tomates mais maduros, aqueles que se desfazem em sumo assim que os cortamos. Está frio e o jantar quer-se reconfortante. Experimento uma receita nova, quase a medo. Não quero abafar os tomates, escondê-los, quero-os estrela do prato. Uma despedida que ainda não foi a última, mas que se aproxima a passos largos do até para o ano.

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Cobbler de tomate

(receita adaptada do How to cook everything vegetarian)

6 pessoas

  • 1kg de tomates coração de boi, muito maduros
  • 1 colher sopa de amido de milho
  • sal
  • orégãos
  • alho em pó
  • 1 medida de farinha de trigo
  • 1 medida de farinha de milho
  • 1 ½ colher chá de fermento
  • ¼ colher chá de bicarbonato de sódio
  • 50g manteiga cortada em cubos e muito fria
  • 1 ovo batido
  • ¾ medida de buttermilk (¾ medida de leite – tirar 1 colher sopa de leite e substituir por 1 colher sopa de vinagre; deixar repousar 10 minutos)
  • 1 medida de queijo parmesão ralado na hora (ou outro queijo duro)

Pré-aqueça o forno a 190ºC. Unte com azeite um recipiente de forno e reserve.

Corte os tomates em gomos e coloque-os num recipiente. Polvilhe com o amido de milho e misture bem. Acrescente orégãos e alho em pó a gosto e uma pitada de sal. Misture bem e reserve.

Num processador, pulse as farinhas, fermento e bicarbonato, com uma colher de chá de sal, para misturar bem. Acrescente a manteiga gelada e pulse algumas vezes, até obter uma mistura parecida com migalhas grossas. Adicione o ovo, o buttermilk e ¾ do queijo e pulse mais umas vezes, até a massa ficar numa bola (pode precisar de acrescentar mais 1 ou 2 colheres de sopa de farinha de trigo ou, se estiver muito seca, mais umas gotas de buttermilk).

Gentilmente, misture novamente o tomate e os temperos e transfira para o prato de forno previamente preparado. Por cima, colheres de sopa de massa, com pequenos espaços entre elas, para que o vapor possa sair. Polvilhe com o restante queijo ralado, uma pitada de orégãos e leve a assar por 40 minutos ou até que a massa esteja dourada e o tomate a borbulhar por baixo.

Regue com um fio de azeite e sirva quente ou à temperatura ambiente, acompanhado de uma salada de folhas.

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Este cobbler não seria a primeira escolha do Zé. Mas nesse dia ele chegou cansado e cheio de fome, depois de um jogo de futebol. Eu já tinha jantado e o segundo cobbler esperava por ele, se ele o quisesse. Quis, comeu e rapou a taça. E foi uma óptima solução para a meatless monday.

Pessoalmente, não fiquei muito fã do sabor forte da farinha de milho – defeito meu, que não sou grande apreciadora. Mas tudo o resto era tão bom que quero repetir ainda este ano, com uma massa levemente diferente. Mais uma ode aos tomates, mais uma despedida do Verão.

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Ando rodeada de bimbys. Bimbys na blogosfera, bimbys na família, bimbys em casa das amigas mais chegadas. Do meu grupo do costume, sou a única não convertida. Não estou a planear arrependimento próximo nem a sonhar com tudo o que poderia cozinhar à velocidade da luz, se tivesse uma. A verdade é que, tirando 1 ou 2 funcionalidades, não há nada que a bimby faça que eu não faça sem ela.

Mas a bimby traz coisas boas a muita gente. A uma amiga querida, trouxe o gosto pela cozinha e pela descoberta de novas receitas. E ela, que detestava cozinhar, agora corre os blogs e as revistas e faz coisas que antes não se atreveria a pensar. Aos nossos jantares, que vão alternando entre uma bimby e outra, trouxe granizados de limão e champanhe (que ficam muito bem adaptados a morangos, hortelã e rum e feitos num liquidificador capaz de picar gelo) e novas discussões. Porque se para mim a bimby ainda é pouco mais do que uma fantástica picadora e uma máquina capaz de fazer leite-creme sem me obrigar a estar ali ao fogão (e só por isso até consideraria comprá-la, que quando distribuíram a paciência eu estava na fila do pão), para muita gente é o prazer de cozinhar e o passar a fazê-lo mais e melhor, em casa e todos os dias, com ingredientes frescos. E é, por isso, alimentar melhor a família, de forma mais saudável e mais sustentável.

O fenómeno bimby é, também, uma máquina bem oleada. Num piscar de olhos surgiram revistas, fóruns e blogs exclusivamente dedicados ao tema. E com a compra da máquina recebem-se livros de receitas e por cada amigo convertido, novo livro. Esquemas mais que testados e pensados, que fazem da bimby a nova coqueluche que toda a gente quer, mas que ajudam, também, a não deixar encostar o electrodoméstico mais caro do mercado e a fazer dele, efectivamente, parte da rotina de todos os dias.

Mas as receitas bimby não são exclusivamente bimby. E podemos pegar nelas e reproduzi-las em cozinhas bimby-free ou transformá-las, brincar com elas. Afinal, com ou sem bimby, o que importa é o gozo de cozinhar, de comer e de partilhar.

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Mini-bolas de linguiça, milho e azeitona

(receita adaptada de um dos livros da bimby)

  • 2 linguiças pequenas
  • 1 copo (200ml) de milho
  • 15 azeitonas pretas
  • 2 ovos
  • 100g óleo
  • 150g leite
  • sal
  • 250g farinha
  • 1 colher chá de fermento químico
  • parmesão para polvilhar
  • orégãos
Pré-aqueça o forno a 180ºC. Prepare um tabuleiro de muffins, untando muito levemente cada compartimento com óleo vegetal.
Prepare os ingredientes do recheio: corte as linguiças em cubos pequenos, descaroce e pique as azeitonas e descongele o milho em água quente (se usar congelado – eu prefiro).
Numa vasilha, com um batedor de varas, misture os ovos, o leite e o óleo. Acrescente a farinha, o sal e o fermento e misture bem. Acrescente a linguiça, as azeitonas e o milho, adicione uma pitada de orégãos e envolva tudo, de forma a obter uma distribuição relativamente equilibrada.
Coloque a massa no tabuleiro de muffins, polvilhe com parmesão ralado e leve ao forno, cerca de 20 minutos ou até que um palito inserido no centro saia seco. Não asse demasiado, que a massa tem alguma tendência a secar.
Retire do forno e do tabuleiro e deixe arrefecer sobre uma grade. Quando estiverem frios, guarde numa caixa bem fechada, para que durem mais tempo, sempre frescos.
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A grande vantagem deste tipo de receitas é o seu potencial. Os ingredientes podem ser os mais variados. Faça mini-bolas de queijo e noz, de bacon e tomate seco, de atum e pimento assado. Escolha ingredientes com pouco teor de água (por exemplo, o tomate fresco talvez não seja grande ideia), para não alterar a consistência da massa. E experimente. Varie as ervas, os legumes, o que quiser. Faça uma bola grande, em vez das mini-bolas, ou faça em forma de bolo inglês.
São ideais para levar de passeio, para os piqueniques que já apetecem ou para uma viagem longa que requer farnel. E são fáceis e boas e rápidas. Com ou sem bimby.

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Finalmente, o regresso. Que saudades desta cozinha. Das experiências, mesmo das menos bem sucedidas. Vamos ver se consigo voltar a alguma regularidade, que me faz tanta falta.

Infelizmente, não foi só o blog que deixei ao abandono. O 4 por 6 também sofreu com a minha falta de tempo. Mas  este projecto é composto por outras meninas, muito mais responsáveis e criativas do que eu, e manteve-se de boa saúde. Muito obrigada, Elvira, Laranjinha, Marizé, Suzana e Pipoka.

E é o 4 por 6 que me traz de volta hoje, ainda a meio da época de exames mas já a sonhar com uns dias de férias que vêm aí. Esta receita foi preparada há umas semanas, mas mal a provei soube que era óptima para o 4 por 6. Pode ser feita no momento ou no dia anterior, é nutritiva e quase vegetariana e, sobretudo, é muito saborosa.

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Chilli de 3 feijões

  • 1 lata pequena de feijão branco
  • 1 lata pequena de feijão preto
  • 1 lata pequena de feijão vermelho
  • 100g de bacon cortado em cubos pequenos
  • 2 cenouras médias
  • 1 pimento vermelho médio
  • 1 cebola grande
  • 4 dentes de alho
  • 2 tomates médios maduros
  • 150g polpa de tomate
  • 1 folha de louro
  • 1 colher café de cominhos em pó
  • 1 colher café de paprika
  • ½ colher café de piri-piri
  • 1 colher café de orégãos
  • sal
  • azeite

Num tacho grande, refogue num fio de azeite a cebola e o alho picados. Quando estiverem ligeiramente translúcidos, acrescente o bacon em cubos e deixe alourar um pouco. Junte a cenoura e o pimento, ambos em cubinhos pequenos, e deixe refogar 1 ou 2 minutos. Acrescente então os tomates cortados em cubos, a folha de louro e restantes especiarias e mexa bem. Dilua a polpa de tomate num pouco de água e acrescente também ao tacho. Mexa, junte sal e prove. Acerte o sal e as especiarias, baixe o lume, tape e deixe cozinhar 5 minutos.

Entretanto, escorra bem os feijões e lave-os em água corrente. Escorra novamente e coloque-os na panela. Acerte a quantidade de água (se quiser com mais molho, junte mais água), o sal e deixe cozinhar 10-15 minutos.

Sirva com arroz branco e salada de alface e hortelã, cortadas em tiras fininhas e temperadas com azeite e sumo de limão.

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Aqui, usei feijão em lata, que é, sem dúvida, o mais fácil de usar. Mas não é o mais económico nem o mais saudável, por isso se tiver tempo demolhe e coza feijão seco. Pode até aproveitar para cozer em excesso e congelar o restante, em porções individuais.

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Laranja com calda de cravinho

  • 4 laranjas
  • 2 cravinhos
  • 50g açúcar amarelo

Descasque as laranjas. Corte as cascas em pedaços e remova a parte branca, a mais amarga. Ferva as cascas durante 5 minutos. Num tacho pequeno, dilua o açúcar em igual quantidade de água. Junte as cascas fervidas e os cravinhos e deixe reduzir até fazer um xarope.

Entretanto, corte as laranjas em rodelas finas. Quando a calda estiver pronta, coe para retirar as cascas e o cravinho e deite por cima das laranjas. Leve ao frigorífico até à hora de servir.

Esta laranja é receita do meu pai. Costuma aparecer à nossa mesa todos os anos, no Natal – e foi por isso que me lembrei dela. É excelente comida no dia em que é feita, mas fica ainda melhor se passar uns dias na calda, no frigorífico. (lamento não ter fotografia, mas não consegui nenhuma apresentável)

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As contas:

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Dica de poupança: o congelador pode ser o nosso melhor amigo – congele sobras de vinho em sacos de cubos de gelo para usar em molhos e refogados; cabeças e espinhas de peixe (sem cozinhar) para fazer caldo, as partes dos legumes que não comemos para caldo de legumes. E para poupar tempo, pode fazer este chilli de 3 feijões a dobrar e congelar metade, para um dia em que não tenha tempo.

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O ritmo das semanas repete-se. Poucas horas para tanta coisa, muito cansaço para tão pouca vontade de cozinhar. Mas a cozinha é terapia, pelo menos para mim. E já aconteceu muitas vezes pensar fazer algo tão simples como umas torradas esfregadas com alho, cobertas de tomate maduro e regadas a bom azeite e pronto, está o jantar feito, e dar por mim no meio de várias panelas, sertãs e coisas semi-cozinhadas. As mãos e os ingredientes levam-me, às vezes, e no meio deles consigo desligar.

Mas mesmo sendo terapia, nunca há tempo, paciência ou energia para grandes aventuras culinárias, durante a semana. As coisas simples, que se fazem depressa, de preferência com intervalos para mais umas linhas de estudo ou mais uns exercícios, são a salvação dos jantares.

Não sei como é que esta receita nunca veio aqui parar. Acho que pensei várias vezes nela, mas achei sempre que não daria uma boa fotografia. E que era, talvez, um pouco desinteressante. Mas depois de a ter feito três vezes em três semanas, de me ter sabido sempre tão bem e de se fazer tão depressa, achei que não podia continuar a deixá-la fora do Caos.

Não é novidade para quem me lê que nós por cá gostamos muito de comidas bem temperadas. E durante uns anos comprámos daqueles kits de comida mexicana, uns para burritos e outros para fajitas. Eram bons, traziam os temperos todos e eram fáceis. Quantos jantares de burritos fizemos com os amigos! O divertido que era estarmos todos à volta da mesa a tentar enrolar a tortilla sem que a carne fugisse, o tomate caísse e o molho nos ensopasse os dedos.

Entretanto passou-nos. Mas a comida mexicana continua a apetecer cá por casa. Os kits nunca mais comprámos (embora eu deva dizer que acho que nunca serei capaz de fazer um tempero para burrito tão bom como o deles), mas as fajitas continuam a aparecer à nossa mesa. Daqui e dali, de uma receita e de outra, construí o meu tempero e agora faço-as eu, sem kit nem pacote. Só as tortillas é que continuam a ser das compradas, que não há máquina nem paciência para as abrir tão fininhas.

Fajitas

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Fajitas de frango
(para 2 pessoas)

  • 2 bifes de frango
  • 1 pimento vermelho
  • 1 cebola grande
  • 1 colher chá de paprika
  • 1 colher chá de cominhos
  • ½ colher chá de piri-piri em pó (ou mais, se quiser)
  • 1 colher chá de orégãos
  • sumo de 1 limão
  • sal

Para servir:

  • 6 tortillas
  • queijo ralado (eu prefiro mozzarella)

Comece por cortar o frango em tiras finas e compridas. Coloque num recipiente, regue com o sumo do limão e adicione as especiarias e sal. Misture tudo muito bem, para que todos os pedaços de frango tenham uma leve capa de especiarias e deixe marinar umas horas (pode deixar de um dia para o outro; eu, em desespero de causa, deixo marinar 30 minutos).

Corte o pimento em tiras finas e a cebola em gomos. Numa frigideira larga, aqueça um generoso fio de azeite e frite ligeiramente cebola e pimento, até que comecem a ficar um pouco moles e a cebola se mostre dourada. Retire para um prato e reserve.

Acrescente um bocadinho mais de azeite à frigideira e frite as tiras de frango, cerca de 1 minuto de cada lado. Junte a cebola e o pimento reservados, uma pitada de sal e mexa bem. Acrescente um pouco de água, de forma a fazer algum molho, mas mesmo só um bocadinho. Deixe cozinhar mais uns minutos (tendo o cuidado de não cozinhar demasiado o frango, para que não fique seco), acerte o sal se necessário e retire para um recipiente.

As tortillas devem apenas ser aquecidas. Costumo empilhar as seis e levar 1 minuto ao microondas.

Para comer, coloca-se a tortilla no prato, por cima um pouco da mistura de frango, pimento e cebola, polvilha-se com o queijo ralado e dobra-se a tortilla – mais ou menos como mostra o Jack.

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Em menos de nada está o jantar pronto. E é uma refeição completa. Costumo acompanhar com uma salada, que vamos petiscando entre trincas e malabarismos para não deixar que a fajita se desmanche.

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Como já vos disse, sobrou muito porco. Das várias coisas que fiz com ele, esta foi uma das mais saborosas. É um prato que faço normalmente, quando tenho de improvisar o jantar, e que nos sabe muito bem. Além disso, é fácil e rápido e pode ser feito com sobras de qualquer tipo de carne ou com um peito de frango que ande perdido pelo frigorífico – nós temos muitas vezes esse problema, uma vez que somos dois e as embalagens normalmente trazem três peitos.

enchilada-de-porco-i

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Enchiladas de porco e feijão preto

Numa frigideira grande, com um fio de azeite, alourei bastante alho e uma cebola picada. Juntei uns cubinhos de bacon e um tomate maduro, cortado em cubos. Acrescentei um bocadinho de polpa de tomate e meia lata, das pequenas, de feijão preto. Temperei com sal, piri-piri, cominhos, alho em pó e uma pitada de paprika. Deixei apurar e misturei duas medidas de porco desfiado, desligando o fogo em seguida. Com este refogado, recheei duas daquelas tortillas que tenho sempre em casa, enrolando-as e fechando as pontas para dentro do rolo. Coloquei-as numa travessa de forno e reguei com uma mistura feita com a varinha mágica: um tomate maduro, um fiozinho de azeite, orégãos, sal e uma pitada minúscula de cominhos. Por cima, mozzarella ralado ou esfarelada à mão. Vai ao forno a 200ºC, até estar dourado.

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Esta receita é excelente porque, se acompanhada por uma salada, é completa e não muito pesada. Sabe mesmo bem naquelas noites de sofá, em que ao jantar se segue um filme ou dois e longas e exaustivas doses de fazer nenhum.

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(apesar de muito boas, as enchiladas são horríveis de fotografar. Bem piores que as massas! Por isso desculpem-me por não incluir nenhuma fotografia do interior, mas não consegui nenhuma apresentável)

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Ser operada ao joelho, por mais simples que seja a coisa (e foi) e não traga complicações (que não trouxe), traz sempre – e ainda bem – algumas vantagens. Afinal, não são todos os fins-de-semana a dois que têm quatro dias! E estes foram quatro dias cheios de mimos, de séries e filmes que vimos enterrados no sofá e de comidas fáceis, fonte de conforto para estes dias cheios de chuva.

Normalmente cá em casa a cozinheira de serviço sou eu. Não só porque tenho um reportório mais alargado, mas também porque o faço com prazer (e porque sou mais rápida – se vos dissesse o tempo que o amor da minha vida leva a picar uma cebola…). À semana, nos dias em que ele chega a horas decentes, vamos os dois para a cozinha – eu preparo o jantar enquanto ele esvazia a máquina da louça lavada e a enche da suja, enquanto contamos ao outro o dia que passou.

Este fim-de-semana fomos os dois para a cozinha. Ele queria cozinhar e eu fui dar apoio e instruções. Cozinhámos chilli con carne, prato recorrente cá em casa, por ser fácil, rápido e delicioso. Fazer um prato a quatro mãos pode demorar mais tempo do que a duas, mas é, também, uma experiência muito mais divertida. Eu ofereci-me para picar todas as cebolas, cenouras e pimentos, porque sabia que, para o Zé, isso seria a parte mais demorada da equação. Ele fez tudo o resto, seguindo as instruções. Eu só aproveitei uma ou outra altura em que ele não estava a olhar para provar e acertar os temperos. Um prato destes não tem nada de complicado, mas convêm provar muitas vezes ao longo da preparação, para garantir o melhor sabor. E para isso, infelizmente, não há instruções. O treino de fazer educa a língua e o dedo nas pitadas disto ou daquilo. O primeiro chilli do meu marido estava delicioso e rendeu duas refeições neste fim-de-semana longo.

lasanha

Ontem fomos novamente os dois para a cozinha. O Zé andava com vontade de comer lasanha, mas como nunca comemos uma lasanha congelada de que gostássemos (tanto que já desistimos de experimentar) tinha de ser a minha lasanha. Aprendi a fazê-la há alguns anos, mas a receita foi, entretanto, evoluindo e tomando forma própria. Hoje é a minha lasanha, que não tem absolutamente nada que saber, mas que é aquela que nos sabe melhor.

O ragú leva muitos legumes, dos que houver à mão. Pode levar courgette, alho francês, com jeito e bem picadinhos talvez até bróculos. Este levou cenoura e pimentos vermelhos, 1:1 com a carne. Cebola e alho na panela, com azeite. Os legumes, a carne, o tomate. Sal e orégãos e deixa-se cozinhar em lume brando pelo máximo de tempo possível (quanto mais tempo, melhor saberá – desta vez, o nosso só teve direito a 30 minutos, o que é pouco) e no lume mais baixo possível. Manjericão fresco picado já no fim, depois de desligado o fogão.

O resto é ainda mais fácil. Um tabuleiro de forno, um pacote de massa seca (da que não requer pré-cozedura), um pacote de bechamel, mozzarella ralada em casa. Tenho o hábito de diluir o bechamel com leite – o de pacote costuma ser muito espesso e assim poupo nas calorias, porque nunca uso o pacote todo. Junto orégãos a esta mistura. No fundo do tabuleiro, duas colheres do bechamel diluído e por cima a primeira camada de massa. Carne, mais bechamel, queijo. E repete, até acabar a carne. A última camada (aprendi eu depois de várias asneiras) é melhor sendo de carne, bechamel e queijo, sem massa em cima. Assim tudo o que está por baixo coze mais homogeneamente, num forno a 180ºC. Está pronta quando um garfo espetado no meio atravessar com facilidade todas as camadas. Mas deixem a massa ligeiramente al dente, para que não seja uma papa sem graça.

Perguntou o Zé se a receita já estava no blog. Disse-lhe que não, que receita de lasanha toda a gente tem e que esta não tem nada de especial. Mas tem, disse ele. É boa, é simples, é tua. Tem de especial para nós porque é aquela de que nós gostamos. E portanto cá está, a minha lasanha sem nada de especial, mas que é minha, nossa. E que nos sabe tão bem.

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Dezembro é o mês da falta de tempo. Por mais que se estique, puxe e corra nunca dá para tudo. Cá em casa desdobramo-nos em compras feitas ainda em Novembro, noites fugidas para algumas últimas prendas que faltam e a sempre eterna fuga aos shoppings em Dezembro. Cinema? Nem pensar! Fnac? No mês que vem! E as coisas vão sendo feitas, decoradas, compradas e os almoços e jantares comidos.

O almoço, para ajudar, tem sido de pressa e preguiça. Normalmente tento fazer jantar a mais para ter almoço para mim no dia seguinte. Mas às vezes o marido gosta tanto do jantar que não sobra – nunca pensei que cozinhar bem pudesse ter desvantagens além dos óbvios quilos a mais. E às vezes não é comida de sobrar ou não jantámos em casa ou não jantámos ponto. E eu cada vez gosto menos de cozinhar só para mim.

Mas as tentativas de desenrascar qualquer coisa rápida são normalmente muito mais saudáveis e saborosas do que as refeições congeladas de antigamente. E cá em casa havendo bom pão (que há sempre) é fácil resolver o problema!

sanduiche

Num fio de azeite estrelei um ovo dos dois lados (não gosto da gema muito crua quando é para comer no pão). Escorri bem e sequei em papel de cozinha. No microondas (o electrodoméstico mais inútil desta casa), o truque que aprendi com a Ana Maria Braga nos tempos em que havia GNT e a televisão brasileira era gratuita, cá em Portugal: duas folhas de papel de cozinha e, no meio delas, duas fatias bem fininhas de bacon. Vai ao microondas uns dois minutos e o bacon está sequinho, praticamente sem gordura, e crocante! Muito melhor que frito e muito mais saudável.

Na torradeira adianto o pão, alentejano, que pincelo com o azeite dos tomates secos. Dentro, rúcula, tomate seco do meu, o ovo, o bacon e pedacinhos de mozzarella. Orégãos por cima, a outra metade do pão e prensa nele.

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Uns minutos para a fotografia (que isto de ter blog de culinária não se compadece com as pressas) e a sanduíche foi devorada num instantinho. Mesmo a tempo de sair a correr que, como diria o Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas, é tarde!

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Quando não sei o que fazer para o jantar, sei sempre o que fazer para o jantar. Frase confusa, pronto. Mas a verdade é que quando não sei o que fazer para o jantar ou quando reparo que já é quase hora do lanche e eu ainda não almocei ou quando não me apetece nada nada nada nada nadinha cozinhar, faço sempre a mesma coisa: pasta. É fácil, é rápida, presta-se a todas as variações de que a cabeça se lembrar e o frigorífico permitir. E é quase sempre deliciosa.

Há algumas versões que só posso fazer para mim, porque levam ingredientes proibidos pela outra boca cá de casa. Esta é uma delas (pois leva azeitonas) e foi feita para um desses almoços-quase-lanches e repetida num outro almoço-tão-tarde-que-já-nem-apetece. É muito simples, muito fácil e muito boa.

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Linguine com azeitonas, nozes e tomate seco

Cozi a massa em muita água e sal. Numa frigideira, um fio de azeite e um dente de alho picado muito finamente. Quando a massa estava praticamente al dente, salteei o alho, acrescentei umas cinco ou seis azeitonas cortadas em pedaços, alguns tomates secos e um punhado de nozes. Por cima, a massa cozida. Deixei saltear ligeiramente, mexendo bem para que não colasse ao fundo. Polvilhei com manjericão e orégãos secos, retirei para um prato e reguei com um fio pequenino de azeite. E depois sentei-me e comi!

pasta-com-tomate-azeitona-e-nozes

Da primeira vez que fiz este prato, usei alecrim (que é o que aparece na fotografia). Da segunda experimentei orégãos e manjericão e, na minha opinião, funciona francamente melhor. O sabor do alecrim é muito forte e chocou um pouco com os outros sabores, tão fortes também. As outras ervas em vez de chocarem completaram o prato, tornando-o mais interessante. É uma receita sem pretensões, que mata a fome e a gula e deixa uma vontade de quero mais que dura até à próxima crise de inspiração. Pelo menos, por cá, vai durando!

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No próximo sábado vamos de férias. Até lá, só jantamos em casa mais duas vezes e os almoços são como já vos contei no post anterior. Por causa disso, quando viemos do monte decidi que não ia fazer compras até à viagem. Seria uma forma de não deixar nada que se pudesse estragar, mas também uma forma de exercitar a minha criatividade. Não tem sido fácil e muitas refeições têm sido coisas simples e saudáveis, sobretudo muitas saladas a acompanhar uma coisinha ligeira. Nada digno de grande nota, portanto.

Uma das coisas que voltou connosco do monte (para além das muitas alfaces) foram batatas. Bastantes, por sinal. Das pequeninas, boas para assar ou fazer a murro. Mas há um limite para a quantidade de batatas assadas que eu consigo tolerar em duas semanas. Quer dizer, gosto muito de batatas, mas a falta de imaginação cansa-me o apetite. Por isso tive de inventar o que fazer com as restantes.

Esta foi uma invenção em duas tentativas. A primeira não resultou lá muito bem, a segunda foi bastante melhor. Cortei então as batatas, sem descascar, em rodelas. Da primeira vez fi-las demasiado finas. Da segunda mais grossas, aí com meio centímetro. Deixei-as uns minutos de molho em água fria, para lhes tirar algum do amido, e em seguida sequei-as bem entre panos. Isto faz com que, ao fritar, as batatas não colem umas às outras. Fritei-as em óleo bem quente, virando-as a meio tempo, e quando estavam já crocantes e douradas retirei-as para uma camada de papel absorvente. Cobri-as com mais papel e deixei-as secar bem. Em vez de as temperar com apenas sal, fiz no almofariz uma mistura de sal, orégãos, manjericão e alho em pó. Salpiquei as batatas já secas com esta mistura e provei. Bateram aos pontos as batatas assadas!

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Daquele dia na feira havia ainda cá em casa 4 tomates a explodir de maduros. Olhar para eles só evocava imagens de molho, um molho doce, saboroso, a envolver fios de pasta. Não era preciso mais nada, só aquele molho.

Por isso peguei nos tomates e triturei-os – sementes e pele e tudo. Estavam tão maduros que descascá-los teria feito com que perdesse parte do tomate e as próprias cascas eram tão macias que não fizeram diferença nenhuma.

Numa frigideira, alourei bastante alho picadinho, em azeite. Juntei os tomates quando o alho já libertava o seu aroma, mas tendo o cuidado de não deixar dourar. Por cima, uma pitada de sal, uma de orégãos e outra de manjericão, ambos secos. Deixei em lume brando até reduzir e depois um pouco mais por causa das peles do tomate.

Olhei para o molho e apeteceu-me juntar-lhe alguma coisa. Atrás de mim, na mesa da cozinha, estava um pacote de cajus que tinha trazido para o Zé. Quando compro frutos secos é assim, pistachios para mim, cajus para ele. Os pistachios já tinham acabado há muito tempo, mas os cajus dele estavam mesmo ali, meio pacote deles. Ele bem barafustou, mas já os cajus estavam no molho, uma mão mal cheia, em pedaços pequenos. Só para dar um toque crocante. Servi com spaguetti cozido al dente, que envolvi no molho quente. E não ouvi mais nenhum protesto pelo uso indevido dos cajus!

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