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Archive for the ‘Pimento’ Category

Dizem que a ausência aumenta os amores fortes e diminui os fracos. Não acreditando muito nisso, confesso a secreta esperança de ainda ter, desse lado, quem se lembre do Caos e por cá vá passando, na esperança de novas minhas. Quase cinco meses, caramba, que saudades!

Por cá vivemos um mundo novo, muito pouco feito de cozinha. Alimentamo-nos à pressa e quase mais por necessidade do que por prazer. Visitamos os velhos favoritos, fáceis e rápidos, feitos quase em piloto automático. E damos voltas a alguns, tornando-os mais nutritivos – como esta sopa, com quinoa para além das lentilhas. Esforçamo-nos por não saltar refeições, mas o pequeno revolucionador de corações gosta pouco de dormir e o cansaço vence-nos repetidamente. Lá chegaremos, nós e ele. E a cozinha regressará, que a vontade já anda à espreita.

bolo de bacalhau 1

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Bolo de bacalhau

(inspirado neste da Laranjinha)

  • 1 posta de bacalhau
  • 100ml azeite
  • 50 ml óleo
  • 4 ovos
  • 150ml buttermilk (150ml leite + 1 colher chá de vinagre branco)
  • 250g farinha
  • 1 colher chá de fermento em pó
  • 12 azeitonas
  • ½ pimento vermelho
  • 1 molho pequeno de coentros, caules e folhas
  • 1 colher chá de sal

Numa panela pequena, confite a posta de bacalhau no azeite, deixando-a cozinhar durante 10 minutos em lume baixo, sem ferver. Retire o bacalhau e deixe ambos arrefecer. Quando estiver frio, desfaça o bacalhau em lascas. Reserve.

Pré-aqueça o forno a 180º. Pincele uma forma de bolo inglês com óleo e reserve.

Pique o pimento em cubos pequenos e reserve. Separe os talos dos coentros das folhas e pique os talos finamente e as folhas grosseiramente. Descaroce as azeitonas e corte em pedaços. Misture o leite e o vinagre e deixe repousar 10 minutos, para fazer o buttermilk.

Num recipiente, misture a farinha, o fermento e o sal. Acrescente o bacalhau, o pimento, as azeitonas e os coentros. Num outro recipiente misture o azeite em que confitou o bacalhau, o óleo, o buttermilk e os ovos. Junte esta mistura aos ingredientes secos e envolva bem, sem bater. Transfira a massa para a forma pré-preparada e asse por 30-40 minutos ou até que um palito inserido no centro saia limpo. 

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Este bolo é muito prático para aproveitar aquelas postas de bacalhau que acabam sozinhas no congelador – cá em casa acontece quase sempre. Em vez do pimento vermelho cru pode usar-se o assado, feito em casa ou de compra; era a minha ideia original, não concretizada por falta de ingredientes. É ideal para comer com uma mão enquanto a outra embala um bebé irrequieto ou, quando regressar o calor, para levar para um piquenique. 

 

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Há muitos, muitos anos os meus pais pegaram em nós, pequenas, e levaram-nos à EuroDisney. E ficámos no hotel dos cowboys: quartos com beliches, colchas com cactos, cordas penduradas do tecto, fardos de palha pelo caminho. Lá, no hotel dos cowboys, aprendi que há gente que come feijões ao pequeno-almoço. Feijões com bom aspecto, num molho espesso com ar de tomate, mas que não se encaixam, ainda hoje, na minha primeira refeição do dia.

Ainda assim, fomos atrás daqueles feijões ao almoço, quando andávamos a passear na Frontierland, a terra do velho oeste lá do parque. E encontrámo-los, a eles e às batatas em gomos cozinhadas com casca e ao frango e às costelinhas em molho barbeque. Que molho era aquele? Não sabíamos, mas lambuzámos boca e dedos, deliciados.

Eu e o meu pai ficámos fãs. Volta e meia lá apareciam em casa latas de feijão da Hellman’s, com ar de terem saído daquelas panelas de ferro preto que os cowboys usam nos filmes, sobre a fogueira, no meio do nada. Não sabiam tão bem como a nossa cabeça imaginava, mas à falta de alternativa, tinham de chegar. Até agora.

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Frango e feijões em molho barbecue

(ligeiramente adaptado daqui)

  • 1 lata grande de feijão branco
  • 1 cebola
  • ½ pimento vermelho e ½ pimento verde
  • 100ml de molho barbecue (compro o meu no supermercado do El Corte Ingles)
  • 1 colher sopa de vinagre de vinho tinto
  • 1 colher sopa de xarope de bordo (ou mel)
  • 2 colheres chá de mostarda
  • paprika fumada
  • piri-piri
  • 1 folha de louro
  • sal
  • 2 peitos de frango pequenos
  • azeite

Pré-aqueça o forno a 160ºC.

Numa vasilha, misture o molho barbecue, o vinagre, o xarope de bordo e a mostarda numa tigela.

Pique a cebola e os pimentos. Num tacho que possa ir ao forno, aqueça um fio de azeite e refogue-os até que a cebola esteja translúcida. Escorra e lave o feijão e acrescente-o ao tacho, juntamente com o louro. Por cima, o molho, uma pitada generosa de paprika fumada, uma mais discreta de piri-piri. Misture bem e deixe cozinhar 10 minutos. Tempere então com sal. Aninhe bem os peitos de frango entre os feijões, para que fiquem bem cobertos pelo molho. Se tiver pouco molho, pode acrescentar um bocadinho de água.

Tape a panela e leve ao forno pré-aquecido, por 40-50 minutos. Sirva com fatias de pão rústico, torradas.

 

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Quem me lê já deve estar farto de me ouvir cantar louvores aos vegetais e legumes. De me ler a dizer que comemos pouca carne e muita fruta. Mas de vez em quando lá volto eu ao mesmo porque o blog é feito dos nossos dias, das nossas refeições. Não cozinho especialmente para o blog, cozinho para nós. E, do que vamos comendo, o que é bom e novo e interessante é partilhado aqui. É, portanto, normal que os temas se repitam um bocado – afinal, a nossa alimentação tem estes princípios como base, não há volta a dar.

Há uns tempos ouvi falar de uma iniciativa muito interessante: o Meat Free Mondays. Foi criado para sensibilizar as pessoas para o impacto que o elevado consumo de carne tem no ambiente. Propõe que abdiquemos da carne um dia por semana, como forma de proteger a nossa saúde e o meio ambiente. Apenas um dia por semana pode dar um contributo importante para a redução dos efeitos lesivos que a criação de gado e a indústria da carne têm sobre o meio ambiente. Para nós, que comemos pouca carne, um dia por semana não custa nada. Mas mesmo para quem a consome regularmente não parece ser muito difícil. Afinal, é só um dia.

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Pataniscas de legumes com molho agridoce de chili

2 pessoas

  • 1 medida de courgette ralada
  • 1 medida de ervilhas, ligeiramente esmagadas
  • ¼ pimento vermelho em tiras muito finas
  • ½ cebola em meias luas muito finas
  • 1 punhado de coentros picados
  • 2 ovos
  • 6 colheres sopa de farinha
  • 1 colher chá de fermento
  • 1 colher chá de sal
  • 1 pitada de piri-piri
  • óleo para fritar
  • molho agridoce de chili para acompanhar

Misture todos os legumes. Bata levemente os ovos e adicione aos legumes, envolvendo bem. Misture a farinha com o fermento, o sal e o piri-piri. Acrescente à mistura de legumes.

Aqueça uma frigideira anti-aderente. Coloque 1 colher sopa de óleo e coloque 2 colheres de sopa bem cheias de massa (por cada patanisca). Deixe fritar até dourar e vire. Seque-as sobre papel aderente.

Sirva acompanhadas de molho agridoce de chili e uma salada.

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Estas pataniscas são uma excelente opção para uma refeição sem carne. Estão carregadas de legumes, têm pouca gordura e poucos hidratos de carbono e, por terem ovos, têm proteína suficiente para assegurar uma refeição completa.

Nós por cá somos adeptos dos dias sem carne, seja ou não à segunda-feira. E vocês, já aderiram ao Meat Free Monday?

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Continuamos na despedida do Verão, com o Outono já a dar ares de ter chegado em força. Os tomates vieram atrasados este ano, dizem-me. Ainda vão durar 2 semanas. Faço planos para aproveitar ao máximo estes últimos quilos, já que tomate fresco outra vez só para o ano.

As despedidas vão-se misturando com a necessidade de coisas rápidas. Com o Outono voltaram também as aulas, num ano que se espera mais tranquilo mas, simultaneamente, mais desafiante e interessante. Que bom é aprender coisas novas todos os dias. E para manter o cérebro estimulado, que a preguiça é coisa a que me habituo facilmente, aprendo também na cozinha.

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Massa com molho de tomate e pimento assado

(2 pessoas)

  • 200g spaguetti
  • 40g bacon, em cubos pequeninos
  • 1 cebola, em cubos pequeninos
  • 1 tomate coração de boi grande e bem maduro
  • ½ frasco de pimentos vermelhos assados (ou mais ou menos, a gosto)
  • 3 dentes de alho
  • 1 medida de nozes
  • 2 punhados de rúcula
  • piri-piri em flocos (ou em pó)
  • azeite
  • sal

Coza a massa em água temperada de sal, até estar quase al dente. Faça isto enquanto faz o molho, para melhor sincronia dos tempos de cozedura e a massa não ficar demasiado cozida.

Numa frigideira seca, frite o bacon levemente. Retire e reserve. Na mesma frigideira, sem limpar, aloure a cebola num fio de azeite. Moa meia colher de chá flocos de piri-piri (ou acrescente seco) para cima da cebola e mexa bem.

Enquanto a cebola aloura, triture, com a varinha mágica, o tomate, os pimentos e os dentes de alho, até obter um molho grosso. Quando a cebola estiver dourada, acrescente este molho à frigideira. Reduza para fogo médio e cozinhe 2-3 minutos. Acrescente o bacon e as nozes grosseiramente picadas.

Escorra a massa e junte-a ao molho, ainda na frigideira. Junte 2-3 colheres da água de cozedura e mexa bem, para que toda a massa seja envolvida pelo molho. Deixe engrossar (30 segundos a 1 minuto devem ser suficientes; mais não, para que a massa não fique demasiado mole) e sirva com folhas de rúcula e um fio de azeite cru.

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Este prato tem um leve sabor fumado, do bacon e dos pimentos, que nos agradou muito. É daquelas macarronadas de deixar lábios e pratos manchados de vermelho e uma sensação mista de sabores familiares e novos, como se a avó italiana que nunca tivemos resolvesse, de repente, dar um toque diferente a um velho conhecido. Conquistou-nos pelo estômago e ganhou lugar nos eternos retornos da nossa cozinha.

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Está a ficar calor. Os dias são grandes e como o sol se põe mais tarde, ficamos com a sensação que o trabalho acaba mais cedo. Apetece preguiçar na varanda, sentar no chão da sala com os pés descalços a apanhar os últimos raios de sol. Apetece juntar amigos, invariavelmente na cozinha, onde acabamos sempre. Partilhar um jarro de sangria gelada ou de mojitos, coisas boas para ir petiscando enquanto conversamos ou estamos ali, só, na companhia uns dos outros.

Estamos na época dos abacates. Nos mercados têm aparecido bem maduros e eu tenho feito guacamole quase todas as semanas. O abacate em si diz-me pouco, não lhe acho grande graça. Mas devidamente temperado torna-se um petisco a que não consigo resistir.

Li muitas receitas, inspirei-me aqui e ali. Até que cheguei à minha, aquela que preenche todos os meus requisitos. As medidas não são muito precisas porque dependem dos abacates. Como em tudo na cozinha, é preciso provar, provar e provar outra vez, até que esteja tudo no ponto, naquele equilíbrio de sabores que transforma os vários ingredientes numa entidade que é mais que a soma das partes.

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Guacamole

  • 3 abacates
  • ½ pimento vermelho pequeno
  • ½ cebola média
  • 1 molho de coentros
  • 1 lima ou 1 limão
  • cominhos
  • piri-piri
  • sal

Comece por cortar os abacates a meio e tirar-lhes o caroço. Com uma colher, retire a polpa dos abacates para um recipiente e desfaça-a com um garfo.

Pique o pimento e a cebola finamente. Acrescente aos abacates e misture bem. Acrescente o sumo de uma lima (ou de um limão médio). Prove e veja se é preciso mais – a acidez do citrino deve equilibrar o sabor rico do abacate.

Acrescente meia colher de chá de cominhos, meia de piri-piri e meia de sal. Prove e acrescente mais, a gosto. Lembre-se que os nachos com que normalmente se come o guacamole são salgados, por isso não abuse do sal.

Pique os coentros (pode usar os talos, picando-os muito bem – eu uso) e acrescente ao guacamole, misturando bem.

Sirva com nachos e algo fresco para beber.

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O guacamole fica delicioso servido com nachos. Mas se sobrar, é excelente para sanduíches: barre o pão com um pouco de guacamole, acrescente fiambre de frango ou frango grelhado e leve na marmita, para um almoço rápido e fácil.

Cá em casa, às vezes, jantamos uma taça de guacamole e um cesto de nachos, com um jarro de granizado de fruta e um bocadinho de rum. É rápido e fácil e óptimo para comer no chão da sala, em frente à televisão, enquanto vemos um filme. Acho que vamos repetir a dose este fim-de-semana!

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Às vezes um almoço é assim, uma coisa rápida e simples, quase um improviso. Um intervalo fugido, feito de tempo roubado àquilo que nos enche a vida.

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No copo da varinha mágica, 1 imenso tomate  coração de boi a estourar de maduro, meia cebola e um dente de alho pequenino. Meio pimento verde, dos do senhor Pereira, a cheirar a verão e a sardinhadas. Meio pepino, que o outro meio vai por cima, em cubos crocantes. Um fio de azeite, uma pitada de sal, 4 ou 5 folhas de manjericão. Tudo bem passado, vai ao frigorífico, a gelar.

Na frigideira, dois dentes de alho picados, um fio de azeite. Um pão de ontem cortado em cubos e tudo ao lume, até que se façam croutons.

E depois sentar, de preferência à varanda. E comer devagar.

São os almoços que sabem melhor. Aqueles em que na pausa nos lembramos de respirar, de deixar o ar entrar e sair, devagar. Para depois recomeçar.

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O meu pai costumava dizer, citando um amigo, que os gostos mudam com a idade: começamos por gostar mais de cerveja e depois crescemos para o vinho, das batatas fritas para o arroz e da carne para o peixe. Eu saltei a fase da cerveja – não gosto, nunca gostei e não prevejo que isso mude. Mas aprendi a gostar de vinho com a idade. Nas outras coisas, suponho que esteja a meio do processo, dividida entre batatas fritas (caseiras!) e um bom arroz, e a comer cada vez mais peixe.

O peixe era o meu ódio de estimação. O peixe assado era racionado numa tacinha lá de casa, a mais minúscula do armário. E dia de peixe era dia de filme – a menos que fosse bacalhau. A idade traz juízo e a vontade de me alimentar cada vez melhor leva-me à procura de formas diferentes de comer peixe, para conseguir incluí-lo com mais frequência na minha dieta, não abdicando do prazer de comer. Porque não quero passar a fazer peixe cozido só porque é muito saudável, se depois é um castigo comê-lo.

Ando, portanto, numa cruzada piscícola. Compro novos peixes (sem esquecer a lista vermelha), experimento receitas e novas formas de cozinhar. E, devagarinho, vai havendo tanto peixe como carne (e pouco dos dois, que é assim que faz melhor).

Este arroz nasceu do improviso. Apetecia-me um arroz malandro, de tomate, à boa portuguesa. Comprei umas postas de perca, a que tirei pele e espinhas e transformei em cubos, e um bom molho de coentros (outro ex-ódio meu, que hoje adoro). O resultado agradou tanto que este arroz tem aparecido na nossa mesa todas as semanas. Já o fiz com congro (que dá um trabalhão, por causa das espinhas) e com perca. Em termos de sabor prefiro o congro, mas implica retirar-lhe as espinhas depois de estar cozido e antes de juntar o arroz – e as espinhas do congro são as mais chatas que já vi. Eu rendi-me à perca, mas qualquer peixe branco é bom para esta receita.

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Arroz caldoso de peixe

Num tacho grande, aqueça um fio de azeite e refogue ligeiramente uma cebola grande e 3 dentes de alho, finamente picados. Acrescente uma cenoura em meias-luas finas e um pimento vermelho, em pedaços. Frite ligeiramente, em lume médio, até que os legumes amoleçam ligeiramente.

Acrescente uma lata de tomates pelados, desfeitos entre os dedos, todo o sumo e duas latas de água. Se quiser, junte um caldo de legumes (ou de peixe – eu prefiro de legumes). Adicione ao tacho os talos dos coentros, finamente picados, uma pitada de piri-piri e outra de sal. Coloque o peixe na panela, baixe para lume brando e deixe cozinhar 10 minutos.

Adicione uma medida de arroz de risotto (a variedade que mais gostar) e deixe cozinhar destapado, mexendo de vez em quando – tenha cuidado, se não mexer o arroz cola ao fundo da panela. Vá acrescentando mais água à medida que for necessário, para manter o caldo espesso mas abundante – e sempre que juntar água, lembre-se de acertar o sal.

Quando o arroz estiver cozido (mas ainda ligeiramente al dente, que é como se quer este arroz), sirva e polvilhe com coentros (agora as folhas) picados.

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A quantidade de água vai depender do arroz, do peixe, dos legumes (da água que o arroz absorver e da água que peixe e legumes libertarem). Normalmente uso, no total (a contar com as duas latas adicionadas no início), 3-4 medidas. Ajuste à medida dos seus ingredientes; isto pode requerer alguma prática, mas apanha-se rapidamente.

Este arroz faz-me feliz. Tem sabores fortes e quentes e o peixe que me faz tão bem – e não é nenhum sacrifício comê-lo. Nestas noites ainda frias, com a vaga polar que nos visita, é conforto num prato fundo.

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Os livros cá em casa multiplicam-se. Crescem nos cantos, nas prateleiras, debaixo da cama. Escondem-se e amam-se e de livros fazem mais livros. Já não há espaço, empurram-se uns aos outros nas estantes, pegam-se e apertam-se e chateiam-se. Mas no dia em que deixarem de entrar livros cá em casa será sinal do fim do mundo.

Com os livros de cozinha o cenário não é diferente. Apaixono-me por eles, trago-os escondidos, acarinhados, como tesouros. Folheio-os e leio-os até estarmos cansados, eu e eles. Mas – que vergonha! – pouco uso lhes dou. Tenho livros de que nunca fiz uma só receita. Que nunca encheram mais pratos que os das fotografias e os da minha imaginação.

Com a falta de tempo é fácil esquecer o caminho para o blog. Os livros injustiçados serão o meu guia, o meu alento, o meu empurrão para a cozinha.

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Stir fry de frango e manjericão

(do livro Everyday Food: Fresh Flavor Fast)

Ingredientes

(para 4 pessoas)

  • 3 peitos de frango
  • 1 colher sopa de amido de milho
  • 4 colheres sopa de óleo vegetal
  • 1 cebola grande
  • 2 pimentos (1 verde, 1 vermelho)
  • 6 dentes de alho
  • ¼ medida de água
  • 2 colheres sopa de vinagre de arroz
  • 2 colheres sopa de molho de soja
  • folhas de manjericão

Corte o frango em tiras compridas e seque-as muito bem entre folhas de papel absorvente. Envolva o frango no amido de milho, deixando-o bem recoberto.

Leve uma frigideira grande ao fogão, lume forte, com 2 colheres de sopa de óleo. Frite as tiras de frango, virando uma vez, até que estejam ligeiramente douradas. Retire da frigideira e reserve.

Limpe a frigideira com papel absorvente e leve novamente ao fogo. Aqueça o óleo restante e salteie rapidamente o pimento e a cebola, cortados em tiras, mexendo de vez em quando (3-4 minutos). Quando a cebola estiver a ficar dourada, acrescente o alho finamente picado e deixe fritar muito ligeiramente, até que esteja perfumado mas sem queimar (1 minuto).

Junte então a água, o vinagre de arroz, o molho de soja e o frango e mexa bem, para que o molho reduza, o frango e os legumes terminem de cozinhar e fique tudo bem envolvido.

No final, acrescente o manjericão rasgado com os dedos e sirva sobre arroz basmati, cozido apenas em água e sal.

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A cozinha encheu-se de perfumes asiáticos e nós de fome. A preparação, rápida e simples, deu-nos um almoço leve e delicioso, num dia sem tempo a perder. O marido comeu, repetiu e elogiou – a tríade de um sucesso comprovado.

Os livros não guardaram rancor. Do esquecimento, saltaram prontos a mostrar que encantam não só ao serem folheados, mas se os levarmos à prática. Eu rendo-me, folheio-os mais uma e outra vez e escolho o meu próximo guia.

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Vamos começando a comer sopas quentes, já apetecem os guisados, os assados e o calor do forno. Já comprámos – e comemos! – castanhas e as minhas mãos andam com vontade de fazer pão. O Outono que chegou trouxe noites frias e vontade de aconchego. Mas nós não nos rendemos. Não enquanto houver tomates coração de boi na praça, beringelas caseiras e pimentos quase quase a pedir sardinhas. Ainda é Verão nesses dias, ainda que só pelas cores, que o prato quer-se a fumegar, para aquecer as mãos que o seguram e o corpo a quem come.

Há uns meses voltei da praça com 5kg de tomates. Coração de boi, maduros quase a estourar. Durante uma tarde pelei dentes de alho, tantos que lhes perdi a conta. Escaldei os tomates, retirei-lhes a pele (as sementes não, que eu não gosto de desperdiçar nada). Refoguei o alho numa dose generosa de azeite e acrescentei-lhe os tomates cortados em pedaços e umas folhas de manjericão roxo, bem lavadas e rasgadas com as mãos. Uma pitada de sal, outra de açúcar. E ficou ali, a cozinhar e a encher a casa do cheiro que o Verão tem, durante horas em lume brando. No fim, mais manjericão rasgado, uma pitada de bicarbonato para contrapôr a acidez. E foi guardado em frascos esterilizados, fechados imediatamente para fazer vácuo. Rendeu 4 frascos. Gulosos, oferecemos apenas 1. E hoje, um mês depois, já não há molho para ninguém.

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Gratinado de legumes

Ingredientes:

(2 pessoas)

  • 1 beringela grande (ou 2 pequenas)
  • ½ courgette
  • 1 tomate grande
  • 1 cebola média
  • 1 pimento verde
  • 100ml molho de tomate (caseiro, de preferência)
  • folhas de manjericão
  • 1 bola de mozzarela fresca
  • azeite
  • sal

Corte as beringelas em fatias finas, no sentido do comprimento. Ponha-as num escorredor, polvilhe com sal grosso e deixe repousar 30 minutos.

Pré-aqueça o forno a 150ºC.

Num recipiente de forno, coloque uma colher de sopa de molho de tomate e espalhe bem, cobrindo o fundo. Faça então camadas sucessivas dos vários legumes cortados em fatias finas. A meio, mais umas colheres de molho de tomate e umas folhas rasgadas de manjericão. Repita o processo e no fim cubra a camada superficial com molho. Se o seu molho for muito espesso (o nosso era) regue o recipiente com um bocadinho de água – ajuda à cozedura dos legumes.

Leve ao forno até que os legumes estejam cozidos, mas não demasiado moles – teste com um garfo. O tempo vai depender da altura das suas camadas e da grossura dos legumes. Disponha a mozzarela por cima, cortada em rodelas, e regue com um minúsculo fio de azeite. Leve novamente ao forno, aumentando a temperatura, só para gratinar.

Sirva simples ou acompanhado de uma salada de folhas verdes.

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Este prato, totalmente vegetariano, fez as delícias do meu marido, carnívoro convicto. Eu receei que ele não fosse gostar, mas ele gostou. E repetiu. É saudável e leve, perfeito para quem está de dieta. Para nós, que não somos muito fãs de queijo, estava excelente assim. Mas para quem preferir sabores mais fortes, pode usar antes um queijo de cabra suave a cobrir os legumes. Podem variar-se os legumes, acrescentar nozes ou amêndoas, fazer molho de cenoura em vez de tomate ou trocar o manjericão por tomilho. Vale tudo para manter o Outono lá fora e fazer de conta, só por um bocadinho, que ainda é Verão. Mesmo de mãos frias e meias de lã nos pés.

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Finalmente, o regresso. Que saudades desta cozinha. Das experiências, mesmo das menos bem sucedidas. Vamos ver se consigo voltar a alguma regularidade, que me faz tanta falta.

Infelizmente, não foi só o blog que deixei ao abandono. O 4 por 6 também sofreu com a minha falta de tempo. Mas  este projecto é composto por outras meninas, muito mais responsáveis e criativas do que eu, e manteve-se de boa saúde. Muito obrigada, Elvira, Laranjinha, Marizé, Suzana e Pipoka.

E é o 4 por 6 que me traz de volta hoje, ainda a meio da época de exames mas já a sonhar com uns dias de férias que vêm aí. Esta receita foi preparada há umas semanas, mas mal a provei soube que era óptima para o 4 por 6. Pode ser feita no momento ou no dia anterior, é nutritiva e quase vegetariana e, sobretudo, é muito saborosa.

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Chilli de 3 feijões

  • 1 lata pequena de feijão branco
  • 1 lata pequena de feijão preto
  • 1 lata pequena de feijão vermelho
  • 100g de bacon cortado em cubos pequenos
  • 2 cenouras médias
  • 1 pimento vermelho médio
  • 1 cebola grande
  • 4 dentes de alho
  • 2 tomates médios maduros
  • 150g polpa de tomate
  • 1 folha de louro
  • 1 colher café de cominhos em pó
  • 1 colher café de paprika
  • ½ colher café de piri-piri
  • 1 colher café de orégãos
  • sal
  • azeite

Num tacho grande, refogue num fio de azeite a cebola e o alho picados. Quando estiverem ligeiramente translúcidos, acrescente o bacon em cubos e deixe alourar um pouco. Junte a cenoura e o pimento, ambos em cubinhos pequenos, e deixe refogar 1 ou 2 minutos. Acrescente então os tomates cortados em cubos, a folha de louro e restantes especiarias e mexa bem. Dilua a polpa de tomate num pouco de água e acrescente também ao tacho. Mexa, junte sal e prove. Acerte o sal e as especiarias, baixe o lume, tape e deixe cozinhar 5 minutos.

Entretanto, escorra bem os feijões e lave-os em água corrente. Escorra novamente e coloque-os na panela. Acerte a quantidade de água (se quiser com mais molho, junte mais água), o sal e deixe cozinhar 10-15 minutos.

Sirva com arroz branco e salada de alface e hortelã, cortadas em tiras fininhas e temperadas com azeite e sumo de limão.

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Aqui, usei feijão em lata, que é, sem dúvida, o mais fácil de usar. Mas não é o mais económico nem o mais saudável, por isso se tiver tempo demolhe e coza feijão seco. Pode até aproveitar para cozer em excesso e congelar o restante, em porções individuais.

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Laranja com calda de cravinho

  • 4 laranjas
  • 2 cravinhos
  • 50g açúcar amarelo

Descasque as laranjas. Corte as cascas em pedaços e remova a parte branca, a mais amarga. Ferva as cascas durante 5 minutos. Num tacho pequeno, dilua o açúcar em igual quantidade de água. Junte as cascas fervidas e os cravinhos e deixe reduzir até fazer um xarope.

Entretanto, corte as laranjas em rodelas finas. Quando a calda estiver pronta, coe para retirar as cascas e o cravinho e deite por cima das laranjas. Leve ao frigorífico até à hora de servir.

Esta laranja é receita do meu pai. Costuma aparecer à nossa mesa todos os anos, no Natal – e foi por isso que me lembrei dela. É excelente comida no dia em que é feita, mas fica ainda melhor se passar uns dias na calda, no frigorífico. (lamento não ter fotografia, mas não consegui nenhuma apresentável)

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As contas:

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Dica de poupança: o congelador pode ser o nosso melhor amigo – congele sobras de vinho em sacos de cubos de gelo para usar em molhos e refogados; cabeças e espinhas de peixe (sem cozinhar) para fazer caldo, as partes dos legumes que não comemos para caldo de legumes. E para poupar tempo, pode fazer este chilli de 3 feijões a dobrar e congelar metade, para um dia em que não tenha tempo.

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